A busca por inteligência extraterrestre (SETI) fascina a humanidade há décadas. Embora a ficção científica muitas vezes retrate o contacto alienígena em termos dramáticos e imediatos, os esforços do mundo real para descobrir vida extraterrestre são muito mais sistemáticos e fundamentados em ciência rigorosa.
Numa conversa detalhada com o jornalista Ross Coulthart, Bill Diamond, Presidente e CEO do Instituto SETI, esclareceu o estado atual da busca por vida inteligente fora da Terra e as tecnologias inovadoras que impulsionam essa busca.
As origens do SETI e sua missão em evolução
O Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), fundado há 40 anos, concentrou-se inicialmente na detecção de sinais de rádio que pudessem sugerir a presença de inteligência extraterrestre. Diamond explicou que os esforços do instituto foram originalmente apoiados pela NASA, mas agora dependem fortemente de financiamento privado. A missão central permanece a mesma: procurar sinais ou fenômenos que possam indicar a existência de civilizações avançadas em outros locais do universo. Com o tempo, porém, o âmbito do SETI expandiu-se para além das ondas de rádio.
De acordo com Diamond, o SETI evoluiu para procurar várias “assinaturas tecnológicas” – evidências de tecnologia usada por civilizações extraterrestres. Isto inclui não apenas transmissões de rádio, mas também sinais óticos, como pulsos de laser, que podem ser usados para comunicação ou propulsão. O SETI também considera a possibilidade de detectar megaestruturas como as esferas de Dyson, o que poderia sugerir a presença de tecnologias altamente avançadas que aproveitam enormes quantidades de energia.
Uso de rádio e telescópios óticos pelo SETI
O SETI emprega telescópios de rádio e óticos em sua busca. Os radiotelescópios escutam potenciais sinais extraterrestres através de uma ampla gama de frequências, enquanto os telescópios óticos procuram comunicações a laser que possam indicar tecnologias extraterrestres avançadas. Diamond descreveu como o SETI integra estes métodos nos seus esforços para capturar sinais de engenharia que a natureza por si só não produziria.
Um dos desafios significativos que o SETI enfrenta é a vastidão do espaço e o período relativamente curto em que a humanidade tem sido uma “civilização tecnológica”. A Terra só emite sinais eletromagnéticos detectáveis há cerca de um século – desde a invenção do rádio. Diamond destacou que embora os sinais de rádio da Terra possam ser detectáveis dentro de 10 a 20 anos-luz, este alcance é extremamente limitado em comparação com a escala da galáxia. Assim, a pesquisa do SETI é limitada não apenas pelas limitações tecnológicas dos nossos telescópios, mas também pelas imensas distâncias que os sinais teriam de percorrer.
Teletransporte Quântico e Comunicação Interestelar
Uma parte particularmente fascinante da conversa de Coulthart e Diamond abordou o potencial da comunicação quântica interestelar. O teletransporte quântico – onde o estado quântico de uma partícula é transmitido instantaneamente para outra, independentemente da distância entre elas – tem sido um tema de intriga científica há muito tempo. Coulthart perguntou se tal fenômeno poderia ser usado por civilizações extraterrestres para se comunicarem através de vastas distâncias do espaço.
Diamond reconheceu que, embora o emaranhamento quântico seja um fenómeno real e mensurável, os cientistas ainda não têm certeza de como – ou se – poderia ser usado para transmitir informações da forma como entendemos a comunicação. Embora existam modelos matemáticos que sugerem a possibilidade de comunicação quântica através de distâncias interestelares, a tecnologia está atualmente fora do nosso alcance. No entanto, Diamond não descartou a possibilidade de civilizações mais avançadas terem descoberto formas de aproveitar a mecânica quântica para comunicação.
O papel da IA e das novas tecnologias no futuro do SETI
À medida que o SETI continua a inovar, a inteligência artificial (IA) desempenha um papel crescente na sua pesquisa. Diamond destacou como a IA pode ajudar a processar grandes quantidades de dados recolhidos pelos telescópios do SETI, que recolhem terabytes de informação a cada segundo. Em vez de se concentrar em sinais específicos de banda estreita, a IA pode analisar todo o espectro eletromagnético, identificando quaisquer anomalias ou sinais inesperados que os investigadores humanos possam não perceber. Esta nova abordagem poderia aumentar significativamente a probabilidade de detecção de sinais extraterrestres.
Além disso, o SETI também está explorando a possibilidade de colocar radiotelescópios no outro lado da Lua. Um telescópio lunar evitaria a interferência do barulhento ambiente de rádio da Terra, tornando-o um local ideal para detectar sinais extraterrestres fracos. O projeto ainda está em fase de discussão, mas Diamond expressou otimismo quanto ao seu potencial.
O debate em torno do SETI ativo
Coulthart levantou o debate filosófico em torno do “SETI Ativo”, também conhecido como Mensagens para Inteligência Extraterrestre (de sigla em inglês, METI). Ao contrário do SETI tradicional, que escuta passivamente os sinais, o METI envolve o envio ativo de mensagens para o espaço na esperança de estabelecer contacto com civilizações inteligentes. Embora alguns cientistas, incluindo o falecido Stephen Hawking, tenham alertado contra esta abordagem – argumentando que poderia atrair a atenção de civilizações extraterrestres hostis – outros acreditam que é um passo lógico na procura de vida.
SETI não envia mensagens a ETs
Diamond explicou que embora o SETI não esteja atualmente envolvido no METI, o instituto incentiva o diálogo aberto sobre os riscos e benefícios. Ele pessoalmente não subscreve a chamada teoria da “Floresta Negra”, que postula que as civilizações avançadas podem ser inerentemente predatórias e perigosas. Em vez disso, Diamond especula que qualquer civilização avançada o suficiente para comunicar através das estrelas provavelmente já teria resolvido muitos dos desafios existenciais que a humanidade enfrenta hoje, como as alterações climáticas e o esgotamento de recursos. Tal civilização, acredita ele, teria mais probabilidades de ser cooperativa e pacífica, ao invés de agressiva.
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A conversa de Bill Diamond com Ross Coulthart proporcionou uma visão abrangente e perspicaz do estado atual dos esforços do SETI para descobrir inteligência extraterrestre. Embora a busca esteja repleta de desafios – tanto tecnológicos quanto filosóficos – Diamond permanece otimista. Com avanços na IA, comunicação quântica e novos observatórios no horizonte, o SETI está preparado para ultrapassar os limites do conhecimento humano. Assim, potencialmente irá fazer uma das descobertas mais profundas da história: a prova de que não estamos sozinhos no universo.
(Fonte)
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