Procurando vida e tecnologia extraterrestre: as megaestruturas pelo universo afora 

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Por Daniel Guimarães Tedesco 
A busca por inteligência extraterrestre pelo programa SETI, da NASA, é um tema daqueles que causa muita controvérsia, inclusive pelas últimas notícias sobre o envio de uma Inteligência Artificial para os ETs nos conhecerem melhor antes de virem nos visitar!

Imagem ilustrativa de uma megaestrutura alienígena ao redor de uma estrela. Crédito: n3m3/leonardo.ai

Enfim, a curiosidade impulsiona a imaginação e a ciência pega uma bela carona. Entre as ideias mais improváveis de busca, existem as chamadas megaestruturas, que seria uma espécie de estrutura gigantesca, teorizadas para serem construídas por civilizações muito mais avançadas que a nossa, com o objetivo de captar a energia de sua estrela-mãe. Tipo aqueles painéis solares que você vê no telhado das casas, mas com um upgrade daqueles. O pior é que essa ideia não é recente: no início do século XX, John Desmond Bernal, em “O Mundo, a Carne e o Diabo”, já imaginava habitats espaciais capazes de abrigar centenas de milhares de pessoas, no caso de a Terra virar uma grande bola de neve (ou fogo, talvez).  

Em 1960, Freeman Dyson propôs uma ideia ainda mais ambiciosa: civilizações super avançadas poderiam construir estruturas que envolvessem todo o seu sistema estelar para captar a energia da estrela. Dyson sugeriu que essas estruturas irradiariam energia principalmente na faixa do infravermelho, algo que poderíamos detectar com nossos telescópios. Contudo, construir uma megaestrutura tem seus problemas. Para começar, Dyson sugeriu usar a massa de Júpiter para a construção, mas só cerca de 13% disso estaria disponível. Além disso, envolver uma estrela como o Sol poderia prender todo o vento solar, eliminando a heliosfera e expondo tudo a níveis altíssimos de raios cósmicos. Enquanto isso, uma equipe de pesquisadores em Bangalore, na Índia, propôs uma alternativa mais “pé-no-chão”: mover planetas para a zona habitável de uma estrela. Eles sugerem usar potentes matrizes de lasers mas na potência Zetawatt ou Etawatt (1024 W), para deslocar planetas como Marte ou Plutão para uma posição mais amigável para a vida. 

Em 2015, a estrela KIC 8462852, também conhecida como Estrela de Tabby, deu o que falar. Ela escureceu de maneira inexplicável, fazendo todo mundo achar que poderia ser uma megaestrutura em construção. No final das contas, era só poeira cósmica.  

Tradicionalmente, a busca por inteligência extraterrestre se concentrava na detecção de sinais de rádio. Mas com as megaestruturas em mente, os cientistas começaram a buscar sinais infravermelhos e ópticos. Avanços na detecção de ondas gravitacionais pelo LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) também abrem novas possibilidades para o SETI, com o potencial de detectar tecnologias extraterrestres massivas, como espaçonaves acelerando rapidamente (RAMAcraft). 

E a busca por tecnoassinaturas foi um dos assuntos na conferência anual do projeto para a procura de inteligência e comunicações extraterrestres Breakthrough Listen, inspirada no SETI que aconteceu entre os dias 18 e 19 de julho na Universidade de Oxford. Na conferência deste ano, os cientistas pretendem apresentar novos inventos que podem melhorar esse processo, como a construção de telescópios gigantes no Chile, África e Austrália, além de desenvolvimentos em inteligência artificial. O Square Kilometre Array, por exemplo, será o maior radiotelescópio do mundo após sua conclusão em 2028, enquanto o Observatório Vera C. Rubin, no Chile, começará as suas operações em 2025 com a maior câmera já construída para astronomia e astrofísica. Essas novas tecnologias, juntamente com avanços em IA podem potencializar essa busca por vida extraterrestre. 


Daniel Guimarães Tedesco é Doutor em Física pela UERJ, Professor da Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas e do Programa de Pós-Graduação em Educação e Novas Tecnologias no Centro Universitário Internacional Uninter. 



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