Cientistas acham que o espaço-tempo pode ter vindo da magia

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Aprofundar-se cada vez mais nas ideias que vemos como as mais fundamentais e básicas é uma das coisas que os cientistas fazem melhor – especialmente os físicos. Bisbilhotar para ver se algo compõe o básico levou à descoberta de tudo, desde quarks até o bóson de Higgs. Repetidas vezes, sempre que pensamos que chegamos à base, ainda há outro nível a percorrer.

Crédito da imagem ilustrativa: n3m3/leonardo.ai

A fim de tentar descobrir mais uma dessas camadas – desta vez sobre o que sustenta o universo – um grupo de cientistas do instituto de pesquisa RIKEN no Japão tem cavado no espaço-tempo. Você pode ouvir as pessoas se referirem ao “tecido do espaço-tempo” e é a camada fundamental de muitas teorias físicas. Trata-se literalmente das ideias de espaço e tempo, mas conectadas. É o mais básico que você pode conseguir.

Mas talvez não. De acordo com o estudo recente da equipe RIKEN, o espaço-tempo pode ser parcialmente um produto de uma propriedade quântica chamada “magia”. Sim. O espaço-tempo pode vir apenas da magia.

Os físicos têm investigado o que pode gerar o espaço-tempo há algum tempo, mas isto ganhou destaque nos anos 90, quando o físico teórico Juan Maldacena apresentou uma espécie de experimento mental baseado em matemática. Ele imaginou uma região cilíndrica infinita do espaço que continha buracos negros e espaço-tempo, e tinha partículas quânticas se movendo em sua superfície. Segundo a matemática de Maldacena, a teoria quântica usada para descrever o comportamento das partículas na superfície da região equivale à teoria gravitacional usada para descrever os objetos e o espaço-tempo dentro do objeto.

Complexo? Absolutamente sim. Mas, em um nível básico, a ideia era provar que uma teoria quântica poderia descrever inteiramente o espaço-tempo, o que significaria que o espaço-tempo vem de algum aspecto (ou aspectos) do mundo quântico. Por um tempo, os físicos brincaram com a ideia de que o aspecto em questão era o emaranhamento quântico – a estranha propriedade das partículas quânticas que permite que elas sejam ligadas por longas distâncias. Mas, embora o emaranhamento descreva as partículas desse cilindro infinito, ele não descreve completamente os buracos negros internos.

Especificamente, não é caótico o suficiente. Os buracos negros são caóticos de uma maneira muito específica que a equipe do RIKEN queria ter certeza de que eles os estavam contabilizando.

Kanato Goto, um dos pesquisadores dessa equipe, disse em um comunicado à imprensa:

“Quando você joga algo em um buraco negro, as informações sobre ele ficam embaralhadas e não podem ser recuperadas. Essa confusão é uma manifestação do caos.”

Então, em vez de emaranhamento, a equipe recorreu à magia. No mundo quântico, a magia é uma medida que descreve o quão difícil é para um computador não quântico regular, todos os dias, simular totalmente um estado quântico. Especificamente, eles mostraram matematicamente que um sistema caótico – como um buraco negro – tenderá ao seu estado mais mágico (difícil de simular).

Goto disse no comunicado à imprensa:

“Essa descoberta sugere que a magia está fortemente envolvida no surgimento do espaço-tempo.”

Neste momento, o trabalho é puramente matemático. E há propostas por aí que discutem se os buracos negros são realmente tão caóticos quanto tendemos a pensar. Mas se há um lugar para “magia” no universo, a interseção do mundo quântico alucinante, dos misteriosos buracos negros e do espaço-tempo fundamental parece ser o lugar certo para isso.

(Fonte)



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