Descoberta reinterpreta obra polêmica à luz o Sudário de Turim.
Após revelar como seria o verdadeiro rosto da Virgem Maria a partir do Santo Sudário, o designer e especialista em História e Arqueologia , natural de Niterói (RJ), Átila Soares da Costa Filho, revela um surpreendente (novo) achado. Também relacionado à relíquia, assim como ao maior gênio da História, desta vez, o feito foi sobre nada mais nada menos que a célebre ÚLTIMA CEIA. Segundo Átila, o mural executado por Leonardo em 1498 para o refeitório da Igreja de Santa Maria delle Grazie (Milão), também poderá guardar um elemento oculto reafirmando uma proximidade entre o artista e o maior tesouro da cristandade de todos os tempos, o Santo Sudário – o tecido de linho que teria envolvido o corpo de Jesus, após a morte, e gravado sua imagem durante a ressurreição.
Este elemento seria a indicação do próprio corpo do Cristo morto, formado pelo grupo dos 13 personagens à mesa. O efeito visual fica mais evidente através de um embaçamento neste conjunto que une Jesus aos apóstolos, onde poderemos notar uma figura humanóide deitada sobre a mesa – exatamente nos mesmos moldes do homem estampado no Sudário. Razões para que o pesquisador defenda esta nova visão sobre a “Ceia” não faltam: Segundo o próprio, pra começar, já existe a identificação do rosto do Sudário nesta mesma pintura, na coluna à esquerda, acima e entre as cabeças de São Bartolomeu e São Tiago, o Menor.
Este recurso talvez servisse, também, para se indicar em qual lado da mesa estaria a cabeça do corpo “codificado”. Mais um fator é a suspeita de décadas sobre a toalha que cobre a mesa na pintura ser, na verdade, a Sagrada Mortalha. Esta é uma tese defendida pela arqueóloga e crítica de arte Yasmin von Hohenstaufen, assim como pelo recém-falecido médico e autor Gabriele Montera. Este último chegou a apresentar uma compatibilidade virtualmente precisa de dimensões entre o verdadeiro Sudário e a toalha sobre a mesa na obra-prima de Da Vinci – o que também explicaria a estranha desproporcionalidade do móvel (inadmissível para alguém como Leonardo) com a quantidade de “acomodados” a se ajustarem. Outro ponto é que Átila também já havia descoberto em 2021 um corpo similar num desenho atribuído a Leonardo, o “Cristo de Lecco”, pertencente a uma coleção privada.
Na sequência, estranhando a toalha não apresentar nenhuma das marcas da paixão, o niteroiense deduziu que estas deveriam estar na composição, em algum outro lugar. E foi aí que se deu conta de que o corpo poderia, simplesmente, estar em repouso sobre a própria toalha/mortalha. E, se as desconfianças estiverem corretas, para Átila, nada mais coerente que o corpo espectral do Messias fazer parte e ser apresentado de maneira sutil e poética por sobre a própria mortalha: “A imagem fala por si: a formação dos personagens na ‘Última Ceia’ possui um nível de compatibilidade altíssimo com o que deva ter sido o corpo estampado no Sudário. Mesmo considerando que as reconstituições artístico-forenses tragam pequenas variações, entre si (principalmente nos pés), o aspecto geral permite indicar uma imensa similaridade com a icônica pintura de Da Vinci – o que sugere fortemente que, não só o artista tinha conhecimento da Síndone, como nutria grande interesse sobre a mesma”. E continua: “Em sendo, mesmo, algo intencional da parte de Leonardo, tal prática de ocultar referências em suas criações é um fato já bem considerado no meio acadêmico, sobretudo pelas palavras do próprio artista no ‘Tratado da Pintura’ (1632). Dizia ele: ‘Não deveríamos desprezar quem olha atentamente para as manchas da parede, os carvões no fogo, as nuvens, a correnteza da água ou coisas similares que, se bem considerados, proporcionarão encontrar criações extraordinárias a despertar o espírito do pintor para novas e diversas composições: de batalhas, de animais e homens, paisagens, demônios e outras coisas fantásticas.’”
Para o pensativo – e nada convencional – Leonardo, certamente tudo valeria como um exercício de percepções ou de raciocínio. Um jogo com grande potencial de tornar qualquer pintura mais rica e interessante. Então, nada mais leonardiano como o que aqui se sugere”, explica o pesquisador, integrante do comitê científico na Mona Lisa Foundation (Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão), e no Comitê Nacional pela Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais (Roma).
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