A ideia da Inteligência Artificial (IA) derrubando a humanidade tem sido discutida há décadas e, em 2021, os cientistas deram seu veredicto sobre se seríamos capazes de controlar uma superinteligência computacional de alto nível. A resposta? Quase definitivamente não.
O problema é que controlar uma superinteligência muito além da compreensão humana exigiria uma simulação dessa superinteligência que podemos analisar (e controlar). Mas se não formos capazes de compreendê-la, é impossível criar tal simulação.
Regras como ‘não causar danos aos humanos‘ não podem ser estabelecidas se não entendermos o tipo de cenário que uma IA apresentará, sugerem os autores do novo artigo. Uma vez que um sistema de computador está funcionando em um nível acima do escopo de nossos programadores, não podemos mais estabelecer limites.
Os pesquisadores escreveram:
“Uma superinteligência apresenta um problema fundamentalmente diferente daqueles tipicamente estudados sob a bandeira da ‘ética robótica’.
Isso ocorre porque uma superinteligência é multifacetada e, portanto, potencialmente capaz de mobilizar uma diversidade de recursos para atingir objetivos potencialmente incompreensíveis para os humanos, muito menos controláveis.”
Parte do raciocínio da equipe veio do problema da parada proposto por Alan Turing em 1936. O problema se concentra em saber se um programa de computador chegará ou não a uma conclusão e responderá (portanto ele pára), ou simplesmente fará um loop para sempre tentando encontrar uma.
Como Turing provou através de uma matemática inteligente, embora possamos saber isso para alguns programas específicos, é logicamente impossível encontrar uma maneira que nos permita saber isso para cada programa potencial que possa ser escrito. Isso nos traz de volta à IA, que em um estado superinteligente poderia armazenar todos os programas de computador possíveis em sua memória de uma só vez.
Qualquer programa escrito para impedir que a IA prejudique os humanos e destrua o mundo, por exemplo, pode chegar a uma conclusão (e parar) ou não – é matematicamente impossível para nós ter certeza absoluta de qualquer maneira, o que significa que não é contível.
O cientista da computação Iyad Rahwan, do Instituto Max-Planck de Desenvolvimento Humano, na Alemanha, disse em 2021:
“Na verdade, isso torna o algoritmo de contenção inutilizável.”
A alternativa para ensinar alguma ética à IA e dizer a ela para não destruir o mundo – algo que nenhum algoritmo pode ter certeza absoluta de fazer, disseram os pesquisadores – é limitar as capacidades da superinteligência. Pode ser cortado de partes da internet ou de certas redes, por exemplo.
O estudo também rejeitou essa ideia, sugerindo que ela limitaria o alcance da Iinteligência Artificial; o argumento é que se não vamos usá-la para resolver problemas além do escopo dos humanos, então por que criá-la?
Se vamos avançar com a Inteligência Artificial, talvez nem saibamos quando chega uma superinteligência além do nosso controle, tamanha é a sua incompreensibilidade. Isso significa que precisamos começar a fazer algumas perguntas sérias sobre as direções em que estamos indo.
O cientista da computação Manuel Cebrian, do Instituto Max-Planck para o Desenvolvimento Humano, disse também em 2021:
“Uma máquina superinteligente que controla o mundo soa como ficção científica. Mas já existem máquinas que realizam certas tarefas importantes de forma independente, sem os programadores totalmente entenderem como elas aprenderam.
Surge, portanto, a questão de saber se isso pode, em algum momento, se tornar incontrolável e perigoso para a humanidade.”
A pesquisa foi publicada no Journal of Artificial Intelligence Research.
(Fonte)