O Gato de Schrödinger é imortal? E, por extensão, isso significa que você e eu também viveremos para sempre?
No famoso experimento mental desenvolvido pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935, um gato, um frasco de veneno e uma fonte radioativa são colocados em uma caixa selada. Se um monitor interno detecta a radioatividade de um único átomo em decomposição, o veneno é liberado na caixa selada, matando o gato. Mas no mundo estranho da mecânica quântica – ou mais especificamente neste caso, a “interpretação de Copenhague” da mecânica quântica – o gato supostamente permaneceria em um estado de “superposição”, tanto vivo quanto morto, até que uma observação ou medição fosse feita por um observador externo abrindo a caixa, colapsando a função de onda – e encontrando o gato vivo ou morto.
Schrödinger não viu isso como uma possibilidade séria – em vez disso, seu experimento mental pretendia mostrar um problema com a interpretação de Copenhague.
Outra interpretação da mecânica quântica, formulada em 1957 por Hugh Everett, removeu o problemático colapso da função de onda. Na interpretação de “Muitos Mundos“, em vez de colapsar da superposição em uma única realidade, a função de onda se ramifica em múltiplas realidades que consistem em cada resultado possível. Essa interpretação da mecânica quântica traz consigo a incompreensível implicação de que todas as histórias possíveis existem, cada uma contida em seu próprio universo (ou “mundo”, como em “Muitos Mundos”). Toda vez que uma decisão é tomada, outro universo completo se separa deste.
Na interpretação de Muitos Mundos, o experimento de Schrödinger criou dois universos completamente separados… um no qual o gato está morto e outro no qual permanece vivo. O “colapso da função de onda” é uma ilusão causada pela visualização do resultado de apenas um dos universos. E se Schrödinger realizar o experimento novamente, ele cria outros dois universos, um com outro gato morto e outro com o gato ainda vivo.
Observadores atentos podem notar que, em Muitos Mundos, entre as infinitas ramificações dos universos, resta uma ramificação na qual o gato continua vivo. Alega-se que Hugh Everett viu sua teoria como garantia de imortalidade aos seres conscientes: a cada ramificação dos universos entre a morte e a vida, a consciência de um ser é obrigada a continuar seguindo o caminho vivo (dado que a consciência, de acordo com a ciência moderna ortodoxa, não continuar além da morte).
O experimento de pensamento do “suicídio quântico”, concebido na década de 1980 como o paralelo de Muitos Mundos do experimento de pensamento do Gato de Schrödinger, ilustra o conceito:
“Um físico está sentado em uma cadeira com uma arma apontada para sua cabeça. A arma está ligada a uma máquina que mede o giro de uma partícula quântica. Cada vez que o gatilho é puxado, o giro da partícula é medido. Se a partícula girar no sentido horário, a arma dispara, matando o físico. Se a partícula girar no sentido anti-horário, a arma não disparará – haverá apenas um clique.
O físico continua executando o experimento, mas tudo o que ele ouve é um clique – a arma nunca dispara. Porque cada vez que o gatilho é puxado, o universo se divide, criando dois universos – um onde o físico morre e outro onde ele vive. Do ponto de vista do físico vivo, a arma continua clicando. Mas em todos os outros universos, há um corpo morto.”
A implicação é que, entre a infinidade de universos sendo criados, todos seguiremos o ramo particular que garante nossa imortalidade. Isso não quer dizer que você não morreu. Todos nós experimentaremos a morte de nossos amigos e familiares em algum momento, pois eles – em algum momento – divergem de nosso “ramo da imortalidade” pessoal e seguem o seu próprio. Aquele acidente de carro em que você não consegue entender como não morreu? Você estava em outro universo, mas não naquele em que está agora. Nesse outro universo, sua família lamentou sua morte, enquanto neste continuamos.
Mas antes de começar a celebrar sua imortalidade quântica divina, observe que a teoria foi criticada. O físico Max Tegmark explicou que as situações de vida e morte nem sempre dependem de eventos binários como o experimento quântico. E é difícil entender como, como seres envelhecidos, podemos superar o relógio do tempo destruindo lentamente nosso corpo físico e cérebro.
A menos que talvez em seu universo ramificado você tenha descoberto o segredo da eterna juventude…
(Fonte)
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