Ravi Kopparapu, cientista planetário da NASA no Goddard Space Flight Center, e Jacob Haqq-Misra, um cientista pesquisador do Blue Marble Space Institute of Science, escreveram o artigo abaixo que foi publicado no The Washington Post:
Com um relatório do governo previsto para junho sobre fenômenos aéreos não identificados (de sigal em inglês, UAP) e uma apresentação recente no programa “60 minutes“ sobre avistamentos de pilotos da Marinha dos EUA e vídeos de imagens misteriosas, pessoas proeminentes na política, os militares e a inteligência nacional estão finalmente perguntando: O que é que estamos olhando?
Esta é a pergunta errada – ou, pelo menos, é prematura.
Antes de chegarmos ao que são esses fenômenos misteriosos, precisamos nos perguntar como podemos descobrir o que são. É aqui que entram os cientistas, notavelmente ausentes da conversa atual sobre OVNIs.
Por muito tempo, o estudo científico de objetos voadores não identificados e fenômenos aéreos – OVNIs e UAPs, na forma abreviada – tem sido tabu. Um grande impulsionador desse tabu é o vácuo de conhecimento que está sendo preenchido por afirmações não científicas, graças à falta de investigação científica.
Nas últimas décadas, a ciência se concentrou em aspectos da investigação extraterrestre, incluindo a busca por sinais de vida em outros planetas – pense no jipe-sonda Mars – e tecnossinaturas – sinais de rádio que parecem emanar de fora da Terra.
A pesquisa tem sido complexa, baseada em evidências e exigente, atraindo cientistas de todas as disciplinas e de todo o mundo. O mesmo deve ser verdadeiro para a exploração de avistamentos de OVNIs. Se quisermos entender o que eles são, precisamos envolver a comunidade científica dominante em um esforço concentrado para estudá-los.
Décadas atrás, a noção de pesquisa séria sobre OVNIs não estava fora de questão.
No final dos anos 1960, um esforço liderado pela Força Aérea dos EUA chamado Projeto Blue Book examinou milhares de relatos de OVNIs dos anos 1950 e 1960. Em 1968, no entanto, outro relatório, encomendado pela Força Aérea e conduzido na Universidade do Colorado para examinar a pesquisa de OVNIs até aquele ponto, afirmou que “nada veio do estudo de OVNIs … que adicionou ao conhecimento científico”. Logo depois, a Força Aérea encerrou o Projeto Blue Book. Cerca de 700 dos mais de 12.000 casos permaneceram “não identificados” no encerramento do projeto.
Apesar disso, cientistas ilustres, inclusive o astrônomo Carl Sagan, o físico James E. McDonald e o astrônomo J. Allen Hynek, pensaram que os OVNIs deveriam ser investigados cientificamente. McDonald, professor de meteorologia e membro da National Academy of Sciences, conduziu uma análise rigorosa de alguns casos de OVNIS que o Projeto Blue Book destacou como inexplicáveis.
McDonald documentou seus métodos – extensas entrevistas com testemunhas, contabilidade detalhada de suas observações, exame de radar e outras tecnologias possivelmente implicadas nos avistamentos – em “Science in Default”, que ele apresentou em um simpósio da Associação Americana para o Avanço da Ciência em 1969. Ele se fundamentou na investigação baseada em evidências e na consideração de todos os dados disponíveis (em vez de escolher uma instância de um evento). Ele argumentou que grande parte do relatório de 1968 (Blue Book) era tendencioso e superficial.
Ele escreveu:
“Não justificaria, um caso de OVNI … mais do que um mero encolher de ombros da ciência?”
Precisamos enquadrar a questão UAP/OVNI atual com o mesmo nível de investigação ativa, envolvendo especialistas da academia em disciplinas como astronomia, meteorologia e física, bem como profissionais da indústria e do governo com conhecimento de aeronaves militares, sensoriamento remoto do solo e observações de satélite. Os participantes precisariam ser agnósticos em relação a quaisquer explicações específicas, com o objetivo principal de coletar dados suficientes – incluindo visuais, infravermelhos, de radar e outras observações possíveis – para eventualmente nos permitir deduzir a identidade de tal OVNI. Seguir essa abordagem agnóstica, e confiar em métodos científicos sólidos e revisados por pares, seria um longo caminho para acabar com o tabu da ciência convencional.
Sem dados robustos e confiáveis extraídos dos principais cientistas, os estudos dos OVNIs sempre serão vistos como ciência marginal. Com uma coleta sistemática de novos dados e acesso a todos os dados existentes, podemos aplicar rigor científico ao que foi observado e documentado.
Em última análise, entender o OVNI é um problema científico. Devemos tratar dessa forma.
(Fonte)
Um artigo mais detalhado mostrando a opinião desses dois cientistas a respeito dos OVNIs foi publicado aqui no OH em outubro passado. Agora, novamente, a opinião dos cientistas faz pauta no importante veículo de notícias, The Washington Post, mostrando assim que há mesmo uma iniciativa por parte desses indivíduos de tornar sério o estudo do fenômeno OVNI no âmbito da ciência.
Que mais cientistas sigam esse caminho.
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