Estamos sozinhos no Universo? Provavelmente não, mas essa não é a única questão relacionada aos alienígenas para a qual os astrônomos estão procurando respostas.
À medida que avançamos lentamente em nossa busca por vida extraterrestre que possa existir em outro planeta, alguns têm medo de fazer contato com civilizações alienígenas, enquanto outros estão acolhendo uma teleconferência interestelar.
Em uma entrevista recente para o The Guardian, o teórico das cordas Michio Kaku afirmou que, embora as chances de fazer contato com alienígenas sejam altas, procurá-los seria uma “péssima ideia”. (Outros discordam, argumentando que civilizações alienígenas provavelmente não representarão nenhuma ameaça para nós.)
Kaku citou o lançamento muito esperado do Telescópio Espacial James Webb (de sigla em inglês, JWST), que está atualmente previsto para 31 de outubro, como uma indicação de quão longe chegamos na busca contínua para encontrar alienígenas.
O JWST observará exoplanetas em comprimentos de onda infravermelhos que os astrônomos nunca os examinaram antes, permitindo que façam observações muito mais detalhadas de mundos alienígenas.
Kaku disse ao The Guardian:
“É por isso que acho que as chances são bastante altas de que possamos fazer contato com uma civilização alienígena. Há alguns colegas meus que acreditam que devemos entrar em contato com eles. Acho que é uma ideia terrível.”
É aí que reside o debate…
Como fazemos contato com os alienígenas?
Em 1960, o astrônomo Frank Drake começou a busca por sinais alienígenas enviados para nós de fora do Sistema Solar. No Observatório Nacional de Radioastronomia em Green Bank, estado da Virgínia (EUA), Drake apontou um radiotelescópio para duas estrelas semelhantes ao Sol que estão relativamente próximas, Tau Ceti e Epsilon Eridani, que pareciam boas candidatas para hospedar mundos habitáveis.
Depois de observar as estrelas por 150 horas ao longo de quatro meses, a busca inicial de Drake por vida alienígena não teve sucesso. No entanto, as observações iniciais lançaram nossa busca moderna por civilizações alienígenas que está em andamento hoje.
Essa experiência inicial levou à fundação do Instituto SETI (Search for ExtraTerrestrial Intelligence) em Mountain View, Califórnia. A organização sem fins lucrativos busca transmissões de rádio de banda estreita de outros planetas.
O método SETI é baseado na ideia de que a vida não apenas se desenvolveu em outro planeta, mas também evoluiu da mesma forma que a vida na Terra, avançando o suficiente para criar a tecnologia moderna.
Andrew Siemion, diretor do Centro de Pesquisa SETI de Berkeley e investigador principal do projeto Breakthrough Listen, tem ouvido o cosmos para detectar emissões diretas de tecnologia alienígena desde 2012.
Siemion disse ao site Inverse:
“A busca por inteligência extraterrestre usa quase exclusivamente o que chamamos de metodologias de sensoriamento remoto. Basicamente, usamos grandes telescópios para tentar detectar um tipo específico de radiação eletromagnética que sabemos surgir apenas com a tecnologia.”
Os astrônomos que procuram esses sinais usam telescópios ópticos, telescópios infravermelhos e radiotelescópios para detectar tecnologias que usam a mesma física que usamos na Terra.
No entanto, o método SETI se baseia em ouvir o cosmos, ao invés de estender a mão para os alienígenas.
Siemion diz:
“Portanto, a busca por inteligência extraterrestre é quase exclusivamente uma atividade passiva.”
Por outro lado, alguns astrônomos acreditam no envio de sinais para que a Terra também possa ser detectada, em vez de esperar para ouvir os sinais de outra civilização.
Vocês podem me ouvir?
O astrobiólogo Douglas Vakoch, presidente do Instituto METI (Messaging ExtraTerrestrial Intelligence), queria reverter o processo para que os alienígenas soubessem que estamos aqui.
Ele disse ao Inverse:
“O que aconteceria se todas as civilizações lá fora fizessem isso, nós apenas ouvíssemos e não transmitíssemos. Seria um universo incrivelmente silencioso.”
A organização METI enviou sua primeira transmissão de rádio em 2017, e eles estão atualmente no processo de construção de um transmissor de laser para alcançar maiores distâncias codificando mensagens em larguras de banda estreitamente focadas.
No entanto, nem todos concordam com a ideia de transmitir nossos próprios sinais para o universo.
Kaku ao The Guardian na entrevista publicada em 3 de abril:
“Agora, pessoalmente, acho que os alienígenas lá fora seriam amigáveis, mas não podemos apostar nisso. Acho que faremos contato, mas devemos fazê-lo muito cuidadosamente.”
Antes de sua morte, o astrofísico Stephen Hawking também alertou contra tornar nossa presença conhecida.
Alguns acreditam que o METI está assumindo uma enorme responsabilidade, atribuindo-se o papel de ser o primeiro a entrar em contato com uma civilização alienígena, mesmo que a mensagem esteja codificada em uns e zeros.
John Gertz, astrônomo amador e ex-presidente do conselho do Instituto SETI, escreveu vários artigos criticando o método por trás do METI.
Gertz disse ao Inverse:
“A questão ética é que eles estão assumindo um grande risco em nome de toda a humanidade sem pedir qualquer permissão à humanidade.”
Outros também criticam o METI por não ser muito eficaz.
Siemion diz:
“Como civilização, temos vazado sinais de rádio para o universo nos últimos 100 anos e fazemos isso continuamente, e com frequência cada vez maior. E assim, se outra civilização estivesse olhando para a Terra, eles certamente veriam esses sinais de que estamos apenas vazando acidentalmente para o espaço em virtude de todas as atividades que acontecem.
E então você tem que fazer a pergunta, bem, que tipo de aumento incremental na detectabilidade que alguma transmissão intencional realmente traria para a Terra?”
Siemion também diz que devemos considerar que outra civilização tecnologicamente avançada pode ser potencialmente má:
“Não temos razão para acreditar que o avanço tecnológico e o altruísmo ou moralidade estejam de alguma forma ligados. Provavelmente existem civilizações malévolas em outras partes do universo, então isso certamente é algo que devemos considerar enquanto continuamos a explorar o universo.”
Mas Vakoch diz que qualquer civilização que tenha o potencial de prejudicar a Terra já sabe que estamos aqui, então podemos muito bem iniciar uma conversa amigável na esperança de ficar do lado deles.
Vakoch diz:
“O que as pessoas não percebem é que é tarde demais para se esconder. Se eles estão a caminho, é uma vantagem para nós envolvê-los e mostrar-lhes que somos melhores parceiros de conversa do que o almoço.”
(Fonte)
Acontece que tudo indica que eles não estão “a caminho”. Eles já podem estar aqui. E agora?
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