O artigo abaixo foi escrito pelo jornalista especialista em inteligência econômica, Carlos A. Mutto:
PARIS – Embora pareça implausível, a existência de discos voadores deixou de ser uma loucura de “alien-ados” para se tornar, cada vez mais, uma obsessão das grandes potências, que temem enfrentar uma realidade capaz de ficar fora de controle e desencadear uma onda mundial de pânico.
A observação de vida extraterrestre será uma das 10 áreas que dominarão a atividade científica e tecnológica durante este século. De acordo com vários pesquisadores, nos próximos anos haverá ‘revelações cruciais’ sobre esse enigma que intriga o mundo há décadas e que moldará o futuro da humanidade.
Desde que o público tomou conhecimento das primeiras aparições de objetos voadores não identificados (OVNIs), em 1946, agências governamentais especializadas na Europa e nos Estados Unidos registraram mais de dois mil relatos e, desse total, retiveram 140 episódios específicos com depoimentos, supostas evidências física, filmes e fotos. A taxa de divulgações se multiplicou desde 2017. Nos últimos anos, o Pentágono chegou a desclassificar as informações de vários ‘casos emblemáticos’ que estavam arquivados desde o início do século. Um deles é o famoso depoimento de pilotos de caça do porta-aviões Nimitz. A partir daquele suposto ‘encontro entre dois mundos’, ocorrido em 2004 a 160 quilômetros da base de San Diego, são preservados os registros de radar de uma aeronave Awacs e as imagens gravadas com uma câmera infravermelha de um ‘objeto’. de manobras intrigantes.
Cientistas estimam que “o primeiro contato ocorrerá em 2035”
O Pentágono também admitiu, pela primeira vez, que entre 2007 e 2012 que usou $ 20 milhões em fundos secretos para financiar uma investigação sobre OVNIs chamada Programa Avançado de Identificação de Ameaças na Aerosepaciais (AATIP). Os recursos para esse projeto foram aprovados pelo Congresso a pedido do então senador Harry Reid. Os estudos foram conduzidos pelo especialista da agência de inteligência militar (DIA) Luis Elizondo, que atuou em estreita colaboração com a CIA e a Marinha a partir de um escritório localizado no quinto andar do Pentágono. A revelação, em todo caso, serviu para confirmar que os Estados Unidos nunca deixaram de levar o fenômeno a sério. Rússia, China e França também dedicaram grandes orçamentos para estudar o mistério dos OVNIs.
As recentes divulgações fazem parte de uma ‘campanha de conscientização’ que visa ‘preparar a opinião pública’ para enfrentar ‘uma nova realidade’, estima Paul Hynek, filho de J. Allen Hynek, co-autor do famoso projeto Blue Book, conduzido entre 1951 e 1969 pela Força Aérea dos EUA para estudar o fenômeno UFO. “As autoridades começaram a preparar a sociedade para uma grande revelação”, afirma Elizondo. Mais especificamente, os cientistas estimam que “o primeiro contato ocorrerá em 2035”.
Alain Juillet, ex-diretor do serviço de inteligência francês DGSE (Diretoria Geral de Segurança Externa), também concorda com essa previsão, que há 20 anos acompanha os preparativos para uma “eventual surpresa”.
Juillet diz com um sorriso enigmático:
A boa notícia é que os ‘alienígenas’ nunca mostraram atitudes agressivas.
O que interessa a este grande especialista em espionagem é, na realidade, o brutal impacto tecnológico e estratégico que pode ter o encontro com uma civilização superior e as consequências – imprevisíveis – para o futuro da humanidade.
Avi Loeb, diretor do Departamento de Astronomia e Astrofísica da Universidade Harvard, afirma:
Um contato com uma civilização mais desenvolvida causaria um grande choque na Terra. O ser humano seria como um homem das cavernas olhando para um telefone celular e tentando interpretá-lo como se fosse uma pedra,
Em vez de se preparar para um encontro amigável com uma civilização mais desenvolvida tecnologicamente, o interesse por OVNIs torna possível justificar a manutenção de programas de pesquisa ambiciosos e extremamente caros – quase ficção científica – que fazem parte de uma corrida alucinante para descobrir ou emular dos tecnologias dos ‘discos voadores’.
Visto dessa perspectiva, fica claro que a vida extraterrestre será um dos eixos que dominarão a pesquisa científica e tecnológica durante este século. Os esforços de universidades e laboratórios dos Estados Unidos, Europa, Rússia e China não visam apenas confirmar a existência de ‘homenzinhos verdes’ dotados de inteligência superior e de poderes desconhecidos do homem. Os investigadores aspiram a encontrar no ‘diálogo espacial’ pistas que permitam abrir as portas da expansão humana aos confins do universo, da mesma forma que a descoberta da América e as explorações de Vasco da Gama transformaram a geografia, a tecnologia, a economia e a geopolítica do século XV.
O primeiro passo dessa aventura fascinante – cheia de riscos e oportunidades – é a linha de pesquisa lançada por alguns institutos especializados, como a Bigelow Aerospace. Fundada em 1999 pelo magnata Robert Bigelow, a empresa começou fabricando módulos infláveis e agora constrói estações espaciais infláveis para uso privado. Como nos filmes de espionagem militar, essa atividade permitiu-lhe ocultar as investigações transcendentais que realizou durante anos em nome do governo dos Estados Unidos para desenvolver tecnologias para o futuro.
Como durante a guerra fria entre os Estados Unidos e a URSS (1947-1991), as pesquisas atuais não visam apenas fabricar armas, mas criar tecnologias aeroespaciais avançadas, metais ou ligas capazes de proporcionar maiores rupturas estratégicas. Entre as 38 investigações lançadas em 2007 pelo DIA, o programa AATIP investigou as perspectivas oferecidas por alguns tópicos essenciais da física, como buracos no espaço-tempo, energias negativas, antigravidade espacial, detecção e rastreamento de veículos hipersônicos, propulsão positrônica e outros temas que parecem ter surgido da imaginação fértil de Isaac Asimov ou dos 759 episódios da série Star Trek.
Outras pesquisas importantes dizem respeito a bio e metamateriais para aplicações espaciais. Em 2018, o engenheiro Hal E. Puthoff revelou que havia examinado um pedaço de um material desconhecido, feito de folhas de bismuto e magnésio com um décimo de mícron de espessura. Esses detritos, encontrados no local onde um veículo espacial avançado supostamente caiu, foram “feitos com uma tecnologia que os humanos não conhecem”, explicou ele em uma conferência científica.
O Departamento de Defesa também atribui especial importância à distorção do espaço-tempo que permitiria o uso da energia escura e dimensões suplementares para obter uma deformação geométrica do espaço-tempo. Esse passo decisivo para desenvolver tecnologias de propulsão avançadas permitiria que a viagem supraluminal entre os sistemas estelares levasse apenas algumas semanas, em vez de milhares de anos. O cosmólogo Sean Carroll, do California Institute of Technology, estima que levará mil anos para acessar essas tecnologias. Mas ele argumenta que agora é a hora de explorar essas pistas para aprofundar a compreensão científica dos OVNIs, em vez de continuar a se apegar a mitos e crenças irracionais.
Em qualquer caso, os cientistas intuem que as primeiras respostas a este enigma não tardarão a chegar.
(Fonte)
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