O polvo não cessa de impressionar os cientistas com suas capacidades que parecem ser de outro mundo.
Quando um polvo (cefalópode) enrola um de seus tentáculos flexíveis ao redor de uma pedra ou a um pouco de comida, não é porque o cérebro do animal disse: ‘Pegue isso’. Em vez disso, o tentáculo decide por si mesmo o que vai fazer a seguir. Para uma pessoa, isso seria como ter o dedão do pé dando as ordens de onde ela irá andar.
Mas o sistema nervoso de um cefalópode não é conectado como o de um humano – ou como os sistemas encontrados em qualquer outro vertebrado, onde o cérebro central transmite ordens de movimento para o resto do corpo. Em vez disso, os membros do polvo estão repletos de concentrações de neurônios chamados gânglios; esses ‘cérebros de tentáculos’ podem, portanto, operar independentemente do cérebro central.
De fato, os cientistas que recentemente visualizaram o movimento progressivo nos tentáculos de polvos descobriram que o cérebro central do animal dificilmente está envolvido; eles apresentaram suas descobertas em 26 de junho na Conferência de Ciências Astrobiológicas de 2019.
Os pesquisadores usaram uma câmera e um software de rastreamento comportamental para modelar como um polvo percebe e, em seguida, processa informações sobre seu ambiente usando seus tentáculos, explicou Dominic Sivitilli, um estudante de graduação em neurociência comportamental e astrobiologia na Universidade de Washington em Seattle, durante a apresentação.
Sivitilli informou em um comunicado:
O que estamos vendo, mais do que foi visto no passado, é como as informações sensoriais estão sendo integradas nessa rede, enquanto o animal toma decisões complicadas.
O movimento do tentáculo de um polvo começa muito longe do cérebro, desencadeado por sensores nas ventosas do tentáculo apalpando o fundo do mar ou em um aquário. Cada ventosa contém dezenas de milhares de receptores químicos e mecânicos; Para colocar isso em perspectiva, a ponta de um dedo humano possui apenas algumas centenas de receptores mecânicos, disse Sivitilli.
Quando um polvo toca algo interessante, o ‘cérebro’ em seus tentáculos processa a entrada e avança o sinal, dizendo ao tentáculo o que fazer a seguir. Sinais gerados por uma ventosa são passados para suas vizinhas mais próximas, ativando os músculos do tentáculo e gerando uma onda de movimento que sobe o tentáculo em direção ao corpo, descobriram os pesquisadores. Embora os tentáculos estejam ativamente envolvidos com o ambiente – e uns com os outros – o sinal que atinge o cérebro central do animal é ‘altamente abstraído’ e não está diretamente envolvido com as interações do tentáculo, explicou Sivitilli.
Essencialmente, os polvos ‘terceirizam’ a computação sobre como movimentar seus corpos, atribuindo essas ações aos controles locais – gânglios – em cada tentáculo, em vez de confiar no cérebro central para dizer aos braços o que fazer, disse Sivitilli na apresentação.
Ele acrescentou:
De certa forma, o polvo enviou sua mente para o meio ambiente, a fim de encontrá-lo no meio do caminho.
Mas espere, você pode estar pensando – por que os cientistas estão falando sobre polvos em uma conferência de astrobiologia? O que isso tem a ver com a vida extraterrestre? (E não, não é porque os polvos são realmente alienígenas espaciais, como outro grupo de pesquisadores afirmou em 2018.)
Acredita-se que os polvos sejam altamente inteligentes, mas suas soluções alternativas para perceber e interagir com o mundo ao seu redor diferem dramaticamente das técnicas que evoluíram em vertebrados inteligentes. A cognição do polvo poderia, portanto, servir como um modelo alternativo importante para a compreensão da inteligência, e poderia preparar especialistas para reconhecer expressões incomuns da vida inteligente que se originaram em outros mundos, disse Sivitilli no comunicado.
Ele disse:
Isso nos dá uma compreensão sobre a diversidade de cognição no mundo. E talvez no universo.
(Fonte)
Pode até ser que o polvo não seja alienígena, como desconfiam alguns pesquisadores, mas mesmo se esse for o caso, imagine só os tipos de inteligência que poderemos encontrar pelo Universo afora, se mesmo aqui na Terra temos exemplos totalmente distintos disso.
Tudo está à espera lá fora para ser descoberto.