Em algum lugar nos limites externos do Sistema Solar, além da órbita de Netuno, algo está se acontecendo. Alguns objetos estão orbitando de maneira diferente de tudo e não sabemos o porquê.
Uma hipótese popular é que um objeto invisível chamado Planeta Nove (anteriormente chamado de Planeta X pelos próprios astrônomos – n3m3) poderia estar mexendo com essas órbitas. Assim, astrônomos estão procurando avidamente por este planeta. Mas agora os físicos apresentaram uma explicação alternativa que eles acham ser mais plausível.
Em vez de um grande objeto, as alterações orbitais poderiam ser causadas pela força gravitacional combinada de um número de objetos menores no Cinturão de Kuiper ou objetos trans-netunianos (de sigla em inglês, TNOs). Isto é, de acordo com os astrofísicos Antranik Sefilian, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e Jihad Touma, da Universidade Americana de Beirute, no Líbano.
Se soa familiar, é porque Sefilian e Touma não são os primeiros a pensar nessa ideia – mas seus cálculos são os primeiros a explicar características significativas das órbitas estranhas desses objetos, enquanto levam em consideração os outros oito planetas do Sistema Solar.
Até agora, este planeta permaneceu elusivo – mas não é uma tese necessariamente estranha, já que há consideráveis desafios técnicos em ver um objeto escuro que está longe, especialmente quando não sabemos onde ele está. Mas sua evasiva está levando os cientistas a buscar explicações alternativas.
Sefilian disse, acrescentando que a equipe queria ver se havia uma explicação menos dramática das estranhas órbitas dos TNOs:
A hipótese do Planeta Nove é fascinante, mas se existe o nono planeta hipotético, até agora ele evitou a detecção.
Pensamos que, em vez de permitir um nono planeta, e depois se preocupar com sua formação e órbita incomum, por que não simplesmente explicar a gravidade de pequenos objetos que constituem um disco além da órbita de Netuno e ver o que isto faz para nós?
Os pesquisadores criaram um modelo computacional dos TNOs destacados, bem como os planetas do Sistema Solar (e sua gravidade) e um enorme disco de detritos após a órbita de Netuno.
Ao aplicar ajustes a elementos como massa, excentricidade e orientação do disco, os pesquisadores conseguiram recriar as variações das órbitas dos TNOs separados.
Sefilian informou:
Se você remover o Planeta Nove do modelo e, em vez disso, permitir que vários objetos pequenos se espalhem por uma área ampla, as atrações coletivas entre esses objetos poderiam facilmente explicar as órbitas excêntricas que vemos em alguns TNOs.
Isso resolve um problema que cientistas da Universidade do Colorado, em Boulder, tiveram quando lançaram pela primeira vez a hipótese da gravidade coletiva no ano passado. Embora seus cálculos fossem capazes de explicar o efeito gravitacional sobre os TNOs separados, eles não conseguiam explicar por que suas órbitas estavam todas inclinadas da mesma maneira.
E ainda há outro problema com os dois modelos: para produzir o efeito observado, o Cinturão de Kuiper precisa de uma gravidade coletiva de pelo menos algumas massas terrestres.
As estimativas atuais, no entanto, colocam a massa do cinturão de Kuiper em apenas 4 a 10 por cento da massa da Terra.
Mas, de acordo com os modelos de formação do Sistema Solar, ele deveria ser muito mais alto; e, nota Sefilian, é difícil ver a totalidade de um disco de detritos ao redor de uma estrela quando você está dentro dela, então é possível que haja muito mais no Cinturão de Kuiper do que podemos ver.
Sefilian ainda disse:
Enquanto não temos evidências observacionais diretas para o disco, nem o temos para o Planeta Nove, é por isso que estamos investigando outras possibilidades.
Também é possível que ambas as coisas sejam verdadeiras – pode haver um disco massivo e um nono planeta. Com a descoberta de cada novo TNO, reunimos mais evidências que podem ajudar a explicar seu comportamento.
A pesquisa da equipe deve aparecer no Astronomical Journal e você pode encontrar a pré-impressão em arXiv.
(Fonte)
Colaboração: Vanderlian Siqueira
A única coisa que podemos ter certeza neste momento, é que logo esta tese será contestada por outros astrônomos.