Muito tem se falado sobre a possível inversão dos polos magnéticos do nosso planeta e das terríveis consequências que isto causaria à nossa tecnologia.
Uma das pistas de que esta inversão dos polos estaria para acontecer é algo chamado de Anomalia do Atlântico Sul, que é uma região que chega a abranger boa parte do Brasil, na qual o campo magnético já está muito enfraquecido.
Mas, para aqueles que ainda não sabem, os cientistas dizem ter encontrado causa desta anomalia:
Acima de nossas cabeças, algo não está certo. O campo magnético da Terra está em um estado de enfraquecimento dramático – e de acordo com a pesquisa do início deste ano, essa ruptura fenomenal é parte de um padrão que dura mais de 1.000 anos.
O campo magnético da Terra não nos dá apenas os pólos norte e sul; é também o que nos protege dos ventos solares e da radiação cósmica – mas esse campo de força invisível está enfraquecendo rapidamente, ao ponto dos cientistas pensarem que poderia realmente virar, com os pólos magnéticos se invertendo.
Por mais louco que pareça, isso acontece ao longo de grandes períodos de tempo. A última vez que ocorreu foi cerca de 780 mil anos atrás, embora quase tenha ocorrido novamente por volta de 40 mil anos atrás.
Quando isso acontece, não é rápido, com a inversão de polaridade ocorrendo lentamente ao longo de milhares de anos.
Ninguém sabe ao certo se outra mudança é iminente, e uma das razões para isso é a falta de dados concretos.
A região que mais preocupa os cientistas no momento é chamada de Anomalia do Atlântico Sul – uma imensa extensão do campo que vai do Chile ao Zimbábue. O campo é tão fraco dentro da anomalia que é perigoso para os satélites da Terra entrarem, porque a radiação adicional que está sendo liberada pode atrapalhar seus componentes eletrônicos.
O físico Vincent Hare, da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, disse em fevereiro deste ano:
Sabemos há algum tempo que o campo magnético está mudando, mas realmente não sabíamos se isso era incomum para essa região em um período de tempo mais longo, ou se era normal.
Uma das razões pelas quais os cientistas não sabem muito sobre a história magnética desta região da Terra é a falta do que é chamado de dados arqueomagnéticos – evidências físicas do magnetismo no passado da Terra, preservadas em relíquias arqueológicas de eras passadas.
Uma dessas eras passadas pertencia a um grupo de antigos africanos, que viviam no vale do Rio Limpopo – que faz fronteira com o Zimbábue, a África do Sul e o Botsuana: regiões que se enquadram na Anomalia do Atlântico Sul de hoje.
Aproximadamente 1.000 anos atrás, esses povos bantos mantinham um ritual elaborado e supersticioso em tempos de dificuldades ambientais.
Durante os períodos de seca, eles queimavam suas barracas de barro e caixas de grãos, em um rito sagrado de limpeza para fazer as chuvas voltarem – nunca sabendo que estavam realizando uma espécie de trabalho de campo científico preparatório para os pesquisadores séculos depois.
Como tal, uma análise dos artefatos antigos que sobreviveram a essas queimadas revela muito mais do que apenas as práticas culturais dos ancestrais dos sul-africanos de hoje.
John Tarduno, Professor e Diretor do Departamento de Ciências Ambientais e Terrestres da Universidade de Rochester, disse:
Estávamos à procura de comportamentos recorrentes de anomalias, porque achamos que é o que está acontecendo hoje e causando a anomalia do Atlântico Sul .
Encontramos evidências de que essas anomalias aconteceram no passado, e isso nos ajuda a contextualizar as mudanças atuais no campo magnético.
Como uma “bússola congelada no tempo imediatamente após a queima”, os artefatos revelaram que o enfraquecimento da Anomalia do Atlântico Sul não é um fenômeno autônomo da história.
Flutuações semelhantes ocorreram nos anos 400-450 d.C., 700-750 d.C. e 1225-1550 d.C. – e o fato de haver um padrão nos diz que a posição da Anomalia do Atlântico Sul não é uma casualidade geográfica.
Tarduno ainda disse:
Estamos obtendo evidências mais fortes de que há algo incomum na fronteira da África Central que poderia ter um impacto importante no campo magnético global.
O atual enfraquecimento no campo magnético da Terra – que tem ocorrido nos últimos 160 anos – é provavelmente causado por um vasto reservatório de rocha densa chamado em inglês de African Large Low Shear Velocity Province, que está a cerca de 2.900 quilômetros abaixo do continente africano…
Sugere-se que essa região densa, existente entre o ferro líquido quente do núcleo externo da Terra e o manto mais rígido e mais frio, perturbe de algum modo o ferro que ajuda a gerar o campo magnético da Terra.
Há muitas mais pesquisas para fazer antes de entendermos melhor o que está acontecendo aqui.
Como explicam os pesquisadores, a ideia convencional de reversão de pólos é que eles podem começar em qualquer parte do núcleo – mas as últimas descobertas sugerem que o que acontece no campo magnético acima de nós está ligado a fenômenos em lugares especiais no limite do manto central.
Se eles estão certos, um grande pedaço do quebra-cabeças do enfraquecimento do campo magnético foi encontrado – graças a um ritual de queima de barro ocorrido milênios atrás. O que tudo isso significa para o futuro, porém, ninguém tem certeza.
(Fonte)
Então, de acordo com os cientistas, podemos ficar tranquilos pois a inversão dos polos magnéticos não deverá ocorrer tão logo.
n3m3