Nosso leitor, Marcelino Silva Melo deixou a seguinte mensagem na área de comentários, a qual, por ser de grande importância, tomei a liberdade de apagá-la de lá a fim de publicar um artigo específico sobre essa informação.
A mensagem de Marcelino dizia:
Um pesquisador do Grupo UFODATA (Philippe Ailleris) encontrou um documento de um cientista da NASA recomendando para NASA que os UFOS sejam investigados! Interessantíssimo não? A NASA acredita em UFOS agora? A tradução do artigo seria bom!
Certamente a tradução e apresentação do artigo para nossos leitores é de grande importância, e mostra que, pelo menos alguém dentro da NASA, está com a cabeça no lugar e quer tratar o fenômeno dos OVNIs com o devido respeito, e a procura por ETs com a mente mais aberta para as possibilidades, não se limitando em captar ondas de rádio vindas das estrelas.
Leia abaixo a tradução do trabalho apresentado por S.P. Colombano, do Ames Research Center da NASA, na Califórnia, intitulado New Assumptions do Guide SETI Research” (Novas Suposições para Guiar a Pesquisa SETI [Procura por Inteligência Extraterrestre]).
Objetivos e Objetivos Gerais
À luz da nossa mais recente compreensão da idade dos sistemas planetários que podem apoiar a vida, discuto o conjunto de pressupostos que atualmente orientam a pesquisa SETI e faço recomendações para uma abordagem nova, mais “agressiva”.
Antecedentes e suposições atuais
Descobertas recentes devido ao projeto Kepler identificaram sistemas planetários tão antigos quanto 10,4 Gyr [Giga anos = bilhões de anos](Kepler-10) [1] [3] e 11,2 Gyr (Kepler-444) [2].
Considerando que a idade do nosso sistema solar é de cerca de 4,5 Gyr, existem planetas como a Terra que são 6 Gyr, mais antigos que os nossos. Considerando ainda que o desenvolvimento tecnológico em nossa civilização começou apenas cerca de 10K (mil) anos atrás e viu o surgimento de metodologias científicas apenas nos últimos 500 anos, podemos supor que poderíamos ter um problema real em prever a evolução tecnológica mesmo nos próximos mil anos, muito menos 6 milhões de vezes essa quantidade!
À luz desses números, penso que precisamos revisitar até mesmo nossas premissas mais apreciadas:
1. Viagens interestelares são impossíveis ou altamente improváveis.
Claramente, a distância e a energia são problemas insuperáveis para as tecnologias que temos disponíveis e nossa compreensão atual da física. Ainda assim, somos capazes de compreender as possibilidades de alcançar uma compreensão e controle muito maiores da matéria-energia e do espaço-tempo. Mesmo que a velocidade da luz continue a ser uma barreira inquebrável, ao longo de milhares de anos, as civilizações provavelmente poderiam fazer viagens interestelares, dependendo de quais suposições fazemos sobre as formas de vida que elas compreenderão (veja abaixo).
2. As ondas de rádio continuam sendo a principal forma de comunicação por milhares ou milhões de anos.
Suspeito que, mesmo que o meio de rádio continue a ser usado, o empacotamento de informações dentro dele seria muito maior, assim não seríamos capazes de reconhecer qualquer “estrutura” e não seríamos capazes de distingui-lo do ruído, a menos que a civilização de fato decidisse usá-lo como um farol. Mesmo com essa intenção, essa forma de comunicação pode rapidamente se tornar obsoleta, e eles podem escolher outros tipos de sinalizadores para civilizações que estão mais próximas do desenvolvimento delas. Se e como as civilizações escolheriam se comunicar também poderia ser um campo fértil de estudo tecnossociológico.
3. Civilizações inteligentes seriam baseadas na vida do carbono
Dada a presença bastante comum de elementos que podem estar envolvidos na origem da vida em todo o universo, é uma suposição razoável que a vida “como a conhecemos” tivesse pelo menos um ponto de partida em comum, mas a nossa forma de vida e inteligência pode ser apenas um pequeno primeiro passo em uma evolução contínua, a qual pode muito bem produzir formas de inteligência que são muito superiores às nossas e não mais baseadas em ‘máquinas’ de carbono. Depois de meros 50 anos de evolução de computadores, já estamos falando de “super-inteligência” e estamos rapidamente nos tornando simbióticos com o poder do computador. Não quero abordar aqui a questão da sobrevivência de nossa espécie ou seu futuro ‘papel’ dentro de uma evolução contínua de milhões de anos. Simplesmente quero ressaltar o fato de que a inteligência que podemos encontrar e que pode escolher nos encontrar (se já não tiver encontrado) [meu grifo – n3m3] pode não ser, de forma alguma, produzida por organismos baseados em carbono como nós.
Como isso pode mudar as suposições acima sobre viagens interestelares? Nossas típicas extensões de vida não seriam mais uma limitação (embora até mesmo estas pudessem ser tratadas com missões multi-geracionais ou animações suspensas), e o tamanho do “explorador” poderia ser o de uma entidade superinteligente extremamente pequena.
E como isso pode mudar nossas suposições sobre abertura ou desejo de nos comunicar com outras civilizações?
4. Não fomos, e não estamos sendo… visitados
Parece-me que a SETI ignorou (pelo menos oficialmente) a relevância potencial dos fenômenos OVNI por três razões: 1) A suposição de probabilidade extremamente baixa de viagens interestelares, 2) A probabilidade muito alta de farsas, percepções errôneas ou mesmo eventos psicóticos em fenômenos ufológicos, e 3) A evitação geral do assunto pela comunidade científica.
Penso que a abordagem que a comunidade científica poderia ter, ao contrário, é muito semelhante ao que a SETI fez até agora: encontrar o sinal no ruído. Na grande quantidade de “ruído” nos relatórios de OVNIs, pode haver “sinais”, embora pequenos, que indicam alguns fenômenos que não podem ser explicados ou negados. Se adotarmos um novo conjunto de suposições sobre quais formas de inteligência e tecnologia superiores poderíamos encontrar, alguns desses fenômenos podem se encaixar em hipóteses específicas e poderíamos começar uma investigação séria.
Novas oportunidades
As recentes descobertas Kepler de planetas semelhantes à Terra oferecem a oportunidade de concentrar nossa atenção na detecção de sinais de vida e tecnologia em sistemas planetários específicos, mas sinto que precisamos nos tornar mais flexíveis em nossas suposições. A razão é que, embora ainda seja razoável e conservador supor que a vida provavelmente tenha se originado em condições semelhantes às nossas, as enormes diferenças de tempo nas possíveis evoluções tornam a probabilidade de “combinar” tecnologias muito escassas.
Conclusões e recomendações
À luz dos desafios descritos acima, proponho uma abordagem mais “agressiva” para a futura exploração do SETI, nas seguintes direções:
1. Envolver os físicos no que poderíamos chamar de “física especulativa”, ainda fundamentada em nossas teorias mais sólidas, mas com alguma disposição para ampliar as possibilidades quanto à natureza do espaço-tempo e energia.
2. Envolver os tecnólogos na exploração futurista de como a tecnologia pode evoluir, especialmente com respeito à Inteligência Artificial, “Sistemas Robóticos Evolúveis” e simbiose de biologia com máquinas.
3. Envolver os sociólogos na especulação sobre que tipos de sociedades podemos esperar dos desenvolvimentos acima, e se e como elas podem escolher se comunicar.
4. Considerar o fenômeno OVNI que merece ser estudado [meu grifo -n3m3] no contexto de um sistema com uma relação sinal/ruído muito baixa, mas com a possibilidade de desafiar algumas de nossas suposições e apontar novas possibilidades de comunicação e descoberta.
Informações adicionais
(A) As propostas deste white paper dizem respeito às questões 2 e 3 do artigo Alien Mindscape (como a vida inteligente se comunica e como ela pode ser detectada) na medida em que aborda a questão fundamental da natureza potencial e idade tecnológica da vida inteligente.
(B) Uma das recomendações feitas é a de estudar os relatos de OVNIs como um fenômeno de baixa relação sinal-ruído. A Análise de Big Data poderia abordar várias bases de dados existentes, como as 130.000 páginas de documentos desclassificados da Força Aérea dos EUA, National UFO Reporting Center e várias outras bases de dados internacionais.
REFERENCIAS
1. Batalha, N. M., Borucki, W. J., Bryson, S. T., et al.
2011, ApJ, 729: 27
2. Campante, T. L. et al. 2015. ApJ, 799:170
3. Dumusque, X., Bonomo, A. S., Haywood, R. D., et
al. 2014, ApJ, 789:154
Documento original em inglês: https://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov
Tenho falado inúmeras vezes aqui no OH que o fenômeno OVNI não deveria ser ignorado pelos cientistas da tendência predominante e ser estudado com todo o rigor científico, pois ele é comprovadamente real. Agora, parece que dentro da NASA há pelo menos uma pessoa com a cabeça no lugar disposta a mostrar o caminho para seus colegas.
Que seja escutado!
n3m3