O seguinte artigo foi publicado no site msn.com:
Ele fica a “apenas” 6 anos-luz daqui, tem dimensões semelhantes à Terra e está a uma distância de sua estrela parecida daquela entre o nosso planeta e o Sol. Cientistas anunciam nesta quarta-feira a descoberta de um planeta que orbita a estrela de Barnard e, provavelmente, é rochoso.
É o segundo exoplaneta – como são chamados os planetas fora do Sistema Solar – mais próximo da Terra já descoberto.
Mas é preciso conter a euforia: é praticamente improvável que Barnard b ou GJ 699 b (as duas maneiras como o astro é denominado, cientificamente) reúna condições para a existência de vida.
O planeta está na categoria de superterra, ou seja, tem massa maior do que a Terra, mas menor do que os gigantes gasosos do Sistema Solar – por definição, o termo é empregado para planetas com massa de 1 a 10 vezes a da Terra. Barnard b, de acordo com os dados disponíveis, deve ter uma massa pelo menos 3,2 vezes a da Terra e dá uma volta completa em torno de sua estrela a cada 233 dias.
A descoberta foi realizada por um grupo internacional de astrônomos, unidos em dois consórcios internacionais de busca por planetas rochosos, o Red Dots Project e o Carmenes, e acaba de ser divulgada pela revista científica Nature.
“A única informação que temos é a massa mínima do planeta, que é de 3,2 vezes a terrestre. Isso porque a técnica que usamos, conhecida como velocidade radial ou técnica Doppler, é sensível apenas às variações de velocidade ao longo da linha de visão. Isso significa que não podemos distinguir um planeta menos massivo com uma órbita de borda a partir de um planeta mais massivo em uma órbita inclinada”, explicou à BBC News Brasil o físico e astrônomo Ignasi Ribas, do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha e principal autor da descoberta.
“A partir de considerações estatísticas, podemos estimar que a massa mais provável para o planeta é de 4,1 massas terrestres.”
Em termos de distância da Terra, o exoplaneta só está mais longe, dentre todos os já descobertos, do que Proxima b, cuja existência foi anunciada em 2016 e está a pouco mais de 4 anos-luz da Terra.
Vida
Além das dimensões semelhantes, Barnard b também está a uma distância em relação a sua estrela que é considerada da mesma faixa daquela que separa o Sol da Terra. “O planeta está localizado a uma distância de 0,4 unidades astronômicas – 40% da distância Terra-Sol – ou 60 milhões de quilômetros de sua estrela”, confirma Ribas.
Entretanto, como a Barbard é uma estrela fria e de baixa massa, provavelmente duas vezes mais velha que o Sol, ele está em uma zona em que a temperatura média seria de 170 graus negativos – a luz da estrela de Barnard fornece ao seu planeta apenas 2% da energia que a Terra recebe do Sol.
“Este planeta é muito frio, está fora da chamada ‘zona habitável’. Se pensarmos que a água superficial líquida é importante para a vida, este planeta provavelmente não é um bom candidato. No entanto, eu diria que quanto mais podemos aprender sobre pequenos planetas – onde eles são encontrados, do que são constituídos, se têm atmosferas – mais iremos compreender se a Terra é única ou não”, comentou à BBC News Brasil a astrônoma Johanna Teske, pesquisadora do Instituto Carnegie de Washington e uma das autoras do estudo.
Se Barnarb b está a 60 milhões de quilômetros de sua estrela, a zona habitável calculada para seu sistema seria de 7 milhões a 18 milhões de quilômetros. “Por causa disso, é improvável que a superfície do planeta sustente a água líquida. Por esta razão, a vida superficial no planeta pode ser quase certamente descartada. Estimamos uma temperatura de equilíbrio de 170 graus negativos e é bastante improvável que a temperatura real da superfície seja muito mais alta”, completa Ribas – a temperatura real da superfície foi estimada em 150 graus negativos.
“No entanto, deixe-me salientar que estou falando de água líquida superficial. Há lugares no Sistema Solar que estão fora da zona habitável e que parecem ter água líquida subterrânea, como Europa, lua de Júpiter, e Enceladus, lua de Saturno”, exemplifica o cientista. “Perguntar se a estrela b de Barnard tem um oceano semelhante debaixo de uma camada congelada é apenas especulação neste momento porque sabemos muito pouco sobre a constituição do planeta: que pode ser desde um mundo rochoso a um mini-Netuno, as observações futuras é que devem responder isso.”
É por isso que o físico se apressa em conter os ânimos de quem já imagina um cenário muito parecido com a Terra. “Por enquanto, o que sabemos é que o planeta é maior que a Terra e sua distância orbital não é tão diferente, mas está realmente longe de um mundo parecido com a Terra, já que é muito mais frio”, afirma o físico. “Não temos pistas sobre suas propriedades geológicas.”
“A estrela de Barnard é provavelmente até duas vezes mais velha do que o Sol. Então, como o planeta provavelmente se formou logo após a estrela, provavelmente é mais antigo que a Terra”, conjectura Teske.
“É difícil no momento estimar algo além disso porque não conhecemos sequer o raio do planeta. Se tivéssemos medido o raio, com a massa já medida poderíamos estimar sua densidade média e, assim, lançar hipóteses sobre sua composição. Neste caso, só conhecemos a massa mínima.”
Método
Para descobrir o exoplaneta, os astrônomos cruzaram dados de 20 anos de pesquisas, obtidos por sete instrumentos astronômicos diferentes. Esta é a primeira vez que um planeta tão pequeno e distante de sua estrela quanto este foi detectado usando a chamada técnica de velocidade radial.
Trata-se de uma técnica que se apoia no fato de que a gravidade não é uma força da estrela que afeta o planeta que nela orbita, mas também o contrário, ou seja, há uma força entre a gravidade do planeta e a estrela. Com os instrumentos adequados, os astrônomos conseguem detectar pequenas oscilações que a gravidade do planeta induz na órbita da estrela.
“Temos um arquivo com décadas de dados à disposição. E a precisão das novas medições continua melhorando, o que abre portas para novos parâmetros de pesquisas espaciais”, vislumbra o astrônomo Paul Butler, do Instituto Carnegie.
Barnard
Descoberta em 1916 pelo astrônomo americano Edward Emerson Barnard (1857-1923), a estrela de Barnard é uma anã-vermelha que fica na constelação de Ophiuchus. Localizada a pouco menos de 6 anos-luz da Terra, pelo que se sabe atualmente, é a quarta estrela mais próxima de nosso planeta, perdendo apenas para as três da constelação de Alfa Centauri.
(Fonte)
Colaboração: heliojuni, Lênio
Os cientistas vivem dizendo que “provavelmente não há vida” nesses planetas, mas certamente ninguém sabe com certeza, pois o único parâmetro que temos para comparação é a vida que encontramos aqui na Terra. E lembre-se que mesmo esta vida nos surpreende, pois recentemente até aqui ela foi encontrada em locais anteriormente considerados inóspitos pelos cientistas.
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