Exoplaneta similar à Terra é descoberto bem próximo de nós

Compartilhe este artigo com a galáxia!
Tempo de leitura: 4 min.
Ouça este artigo...

O seguinte artigo foi publicado no site msn.com:

Ele fica a “apenas” 6 anos-luz daqui, tem dimensões semelhantes à Terra e está a uma distância de sua estrela parecida daquela entre o nosso planeta e o Sol. Cientistas anunciam nesta quarta-feira a descoberta de um planeta que orbita a estrela de Barnard e, provavelmente, é rochoso.

É o segundo exoplaneta – como são chamados os planetas fora do Sistema Solar – mais próximo da Terra já descoberto.

Mas é preciso conter a euforia: é praticamente improvável que Barnard b ou GJ 699 b (as duas maneiras como o astro é denominado, cientificamente) reúna condições para a existência de vida.

O planeta está na categoria de superterra, ou seja, tem massa maior do que a Terra, mas menor do que os gigantes gasosos do Sistema Solar – por definição, o termo é empregado para planetas com massa de 1 a 10 vezes a da Terra. Barnard b, de acordo com os dados disponíveis, deve ter uma massa pelo menos 3,2 vezes a da Terra e dá uma volta completa em torno de sua estrela a cada 233 dias.

A descoberta foi realizada por um grupo internacional de astrônomos, unidos em dois consórcios internacionais de busca por planetas rochosos, o Red Dots Project e o Carmenes, e acaba de ser divulgada pela revista científica Nature.

“A única informação que temos é a massa mínima do planeta, que é de 3,2 vezes a terrestre. Isso porque a técnica que usamos, conhecida como velocidade radial ou técnica Doppler, é sensível apenas às variações de velocidade ao longo da linha de visão. Isso significa que não podemos distinguir um planeta menos massivo com uma órbita de borda a partir de um planeta mais massivo em uma órbita inclinada”, explicou à BBC News Brasil o físico e astrônomo Ignasi Ribas, do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha e principal autor da descoberta.

“A partir de considerações estatísticas, podemos estimar que a massa mais provável para o planeta é de 4,1 massas terrestres.”

Em termos de distância da Terra, o exoplaneta só está mais longe, dentre todos os já descobertos, do que Proxima b, cuja existência foi anunciada em 2016 e está a pouco mais de 4 anos-luz da Terra.

© ESO/M. Kornmesser O exoplaneta é o segundo mais próximo da Terra já descoberto

Vida

Além das dimensões semelhantes, Barnard b também está a uma distância em relação a sua estrela que é considerada da mesma faixa daquela que separa o Sol da Terra. “O planeta está localizado a uma distância de 0,4 unidades astronômicas – 40% da distância Terra-Sol – ou 60 milhões de quilômetros de sua estrela”, confirma Ribas.

Entretanto, como a Barbard é uma estrela fria e de baixa massa, provavelmente duas vezes mais velha que o Sol, ele está em uma zona em que a temperatura média seria de 170 graus negativos – a luz da estrela de Barnard fornece ao seu planeta apenas 2% da energia que a Terra recebe do Sol.

“Este planeta é muito frio, está fora da chamada ‘zona habitável’. Se pensarmos que a água superficial líquida é importante para a vida, este planeta provavelmente não é um bom candidato. No entanto, eu diria que quanto mais podemos aprender sobre pequenos planetas – onde eles são encontrados, do que são constituídos, se têm atmosferas – mais iremos compreender se a Terra é única ou não”, comentou à BBC News Brasil a astrônoma Johanna Teske, pesquisadora do Instituto Carnegie de Washington e uma das autoras do estudo.

Se Barnarb b está a 60 milhões de quilômetros de sua estrela, a zona habitável calculada para seu sistema seria de 7 milhões a 18 milhões de quilômetros. “Por causa disso, é improvável que a superfície do planeta sustente a água líquida. Por esta razão, a vida superficial no planeta pode ser quase certamente descartada. Estimamos uma temperatura de equilíbrio de 170 graus negativos e é bastante improvável que a temperatura real da superfície seja muito mais alta”, completa Ribas – a temperatura real da superfície foi estimada em 150 graus negativos.

“No entanto, deixe-me salientar que estou falando de água líquida superficial. Há lugares no Sistema Solar que estão fora da zona habitável e que parecem ter água líquida subterrânea, como Europa, lua de Júpiter, e Enceladus, lua de Saturno”, exemplifica o cientista. “Perguntar se a estrela b de Barnard tem um oceano semelhante debaixo de uma camada congelada é apenas especulação neste momento porque sabemos muito pouco sobre a constituição do planeta: que pode ser desde um mundo rochoso a um mini-Netuno, as observações futuras é que devem responder isso.”

© ESO/Digitized Sky Survey 2 Acknowledgement: Davide Imagem criada a partir das fotos tiradas pelo projeto Digitized Sky Survey 2 mostram os arredores da anã-vermelha conhecida como Barnard

É por isso que o físico se apressa em conter os ânimos de quem já imagina um cenário muito parecido com a Terra. “Por enquanto, o que sabemos é que o planeta é maior que a Terra e sua distância orbital não é tão diferente, mas está realmente longe de um mundo parecido com a Terra, já que é muito mais frio”, afirma o físico. “Não temos pistas sobre suas propriedades geológicas.”

“A estrela de Barnard é provavelmente até duas vezes mais velha do que o Sol. Então, como o planeta provavelmente se formou logo após a estrela, provavelmente é mais antigo que a Terra”, conjectura Teske.

“É difícil no momento estimar algo além disso porque não conhecemos sequer o raio do planeta. Se tivéssemos medido o raio, com a massa já medida poderíamos estimar sua densidade média e, assim, lançar hipóteses sobre sua composição. Neste caso, só conhecemos a massa mínima.”

Método

Para descobrir o exoplaneta, os astrônomos cruzaram dados de 20 anos de pesquisas, obtidos por sete instrumentos astronômicos diferentes. Esta é a primeira vez que um planeta tão pequeno e distante de sua estrela quanto este foi detectado usando a chamada técnica de velocidade radial.

Trata-se de uma técnica que se apoia no fato de que a gravidade não é uma força da estrela que afeta o planeta que nela orbita, mas também o contrário, ou seja, há uma força entre a gravidade do planeta e a estrela. Com os instrumentos adequados, os astrônomos conseguem detectar pequenas oscilações que a gravidade do planeta induz na órbita da estrela.

“Temos um arquivo com décadas de dados à disposição. E a precisão das novas medições continua melhorando, o que abre portas para novos parâmetros de pesquisas espaciais”, vislumbra o astrônomo Paul Butler, do Instituto Carnegie.

Barnard

Descoberta em 1916 pelo astrônomo americano Edward Emerson Barnard (1857-1923), a estrela de Barnard é uma anã-vermelha que fica na constelação de Ophiuchus. Localizada a pouco menos de 6 anos-luz da Terra, pelo que se sabe atualmente, é a quarta estrela mais próxima de nosso planeta, perdendo apenas para as três da constelação de Alfa Centauri.

(Fonte)

Colaboração: heliojuni, Lênio


Os cientistas vivem dizendo que “provavelmente não há vida” nesses planetas, mas certamente ninguém sabe com certeza, pois o único parâmetro que temos para comparação é a vida que encontramos aqui na Terra. E lembre-se que mesmo esta vida nos surpreende, pois recentemente até aqui ela foi encontrada em locais anteriormente considerados inóspitos pelos cientistas.

n3m3

astronomiaBarnardexoplaneta
Comentários não são disponíveis na versão AMP do site. (0)
Clique aqui para abrir versão normal do artigo e poder comentar.