Sempre que alguma atividade vulcânica acontece nas Ilhas Canárias, milhares de pessoas na costa leste das Américas, inclusive no Brasil, passam a prestar atenção, com medo de que uma erupção no vulcão Cumbre Vieja provoque um tsunami devastador.
Em março de 2013, a rede sismográfica em torno da ilha de El Hierro, situada no arquipélago das Canárias, passou a registrar uma intensa atividade vulcânica nas proximidades de El Golfo, com mais de 240 pequenos abalos superiores a 2.5 magnitudes, alguns deles acima de 4.0 magnitudes.
Informado da anomalia pelo Instituto Vulcanológico das Canárias (IVC), o governo local decretou Estado Amarelo, obrigando as pessoas a manterem atenção às comunicações das autoridades e Defesa Civil.
El hierro é uma ilha vulcânica formada há 1.2 milhões de anos atrás e conta com mais de 500 cones a céu aberto. Apesar da forte e constante atividade sismovulcânica da região, somente uma erupção foi registrada na ilha, produzido pelo vulcão Lomo Negro em 1793. Na ocasião, Lomo negro permaneceu em erupção por cerca de 30 dias.
Tsunami no Brasil
Apesar de se encontrar muito longe do Brasil, a atividade sísmica nas Ilhas Canárias preocupa não só os habitantes locais, mas também os moradores do nordeste brasileiro. E o motivo é muito simples.
Perto de El Hierro, também no arquipélago das Canárias, encontra-se a ilha de La Palma, onde se ergue um grande vulcão ativo chamado Cumbre Vieja, com 1949 metros de altitude.
A montanha se encontra em constante estado de atenção, pois se especula que uma erupção do vulcão pode desmoronar da montanha e provocar um megatsunami, o que colocaria em risco a costa leste das Américas e costa oeste da África, além de parte da costa ocidental da Europa.
Um modelo de propagação apresentado certa vez pela rede de TV BBC, da Inglaterra, mostrou que o colapso da montanha geraria ondas com 40 metros de altura, que chegariam ao Brasil em 8 ou 9 horas.
Controvérsias
Apesar de catastrófica, a hipótese de um tsunami provocado pelo Cumbre não é compartilhada por todos os cientistas, que acreditam que o vulcão não tem energia suficiente para provocar um megaterremoto dessas proporções. Além disso, indicações atuais mostram que os deslizamentos ocorreriam de modo gradual e não abrupto como o especulado no documentário da BBC.
Em 1949, uma erupção fez o cume da montanha cair vários metros adentro do Oceano Atlântico, sem qualquer consequência.
As estatísticas mostram que Cumbre Vieja apresenta fortes erupções a cada 200 ou 300 anos e a última grande erupção ocorreu em 1971, também sem consequências.
Isso significa que se depender do Cumbre Vieja podemos ficar tranquilos pelos próximos três séculos.
Fotos: No topo, parte do flanco da montanha de El Golfo, em El Hierro, desmoronou em 27 de março em consequência do enxame sísmico ocorrido na ilha. Na sequência, registro sismográfico mostra a quantidade anômala de tremores de baixa intensidade em 27 de março de 2013. Acima, modelo gerado pela BBC mostra a propagação do tsunami caso a monta Cumbre Vieja venha a desmoronar em consequência de uma erupção na ilha de La Palma. Créditos: Instituto Vulcanológico das Canárias, BBC: Mega-tsunami: Wave of Destruction, Apolo11.com.
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Colaboração: Francisco Antônio Muniz Gomez