Novos dados mostram que a Nebulosa da Formiga irradia intensa emissão de laser de seu núcleo. Os lasers são bem conhecidos na vida cotidiana, desde efeitos visuais especiais em concertos de música até nos cuidados de saúde e comunicações. No espaço, a emissão do laser é detectada em comprimentos de onda muito diferentes e apenas sob certas condições. Apenas alguns desses lasers de infravermelho são conhecidos.
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu uma emissão de laser incomum que sugere a presença de um sistema duplo de estrelas escondido no coração da nebulosa espetacular. O fenômeno extremamente raro está ligado à morte de uma estrela e foi descoberto em observações feitas pelo observatório espacial Herschel da Agência Espacial Européia (ESA).
Quando as estrelas de baixo a médio peso, como o nosso Sol, se aproximam do fim de suas vidas, elas acabam se tornando estrelas anãs brancas e densas. No processo, elas expelem suas camadas externas de gás e poeira para o espaço, criando um caleidoscópio de padrões intricados conhecidos como uma nebulosa planetária. Espera-se que o nosso Sol um dia forme uma nebulosa planetária.
As recentes observações do Herschel mostraram que o dramático desaparecimento da estrela central no núcleo da Nebula da formiga é ainda mais teatral do que o implícito em sua aparência colorida em imagens visíveis – como as tomadas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA.
Por coincidência, o astrônomo Donald Menzel, que primeiro observou e classificou essa nebulosa planetária em particular na década de 1920 (é oficialmente conhecida como Menzel 3, em homenagem a ele) também foi um dos primeiros a sugerir que em certas condições a amplificação da luz natural por emissão estimulada de radiação’ (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) – a partir do qual a sigla ‘laser‘ deriva – poderia ocorrer em nebulosas no espaço. Isso foi bem antes da descoberta de lasers em laboratórios.
A Dra. Isabel Aleman, principal autora de um artigo descrevendo os novos resultados, disse:
Detectamos um tipo muito raro de emissão, chamado emissão de laser de recombinação de hidrogênio, que é produzido apenas em uma faixa estreita de condições físicas.
Tal emissão só foi identificada em um punhado de objetos antes e é uma feliz coincidência que detectamos o tipo de emissão que Menzel sugeriu em uma das nebulosas planetárias que ele descobriu.
Este tipo de emissão de laser precisa de gás muito denso perto da estrela. A comparação das observações com modelos mostrou que a densidade do gás emissor dos lasers é cerca de dez mil vezes mais densa do que o gás visto nas nebulosas planetárias típicas e nos lóbulos da própria Nebulosa da Formiga.
Normalmente, a região próxima à estrela morta – neste caso, a distância entre Saturno e o Sol – é bastante vazia, porque seu material é ejetado para fora. Qualquer gás remanescente logo cairia de volta nele.
O co-autor, Prof Albert Zijlstra, do Centro Jodrell Bank de Astrofísica da Universidade de Manchester, acrescentou:
A única maneira de manter um gás tão denso perto da estrela é se ele estiver orbitando em torno dela em um disco. Nesta nebulosa, na verdade, observamos um disco denso no centro que é visto aproximadamente na borda. Essa orientação ajuda a amplificar o sinal do laser.
O disco sugere que há um companheiro binário, porque é difícil fazer com que o gás ejetado entre em órbita, a menos que uma estrela acompanhante o desvie na direção certa. O laser nos dá uma maneira única de sondar o disco em torno da estrela que está morrendo no fundo da nebulosa planetária.
Os astrônomos ainda não viram a esperada segunda estrela, escondida no coração desta nebulosa…
(Fonte)
Mistérios do cosmos!
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