Os micróbios que produzem metano provavelmente estão vivendo em Encélado, uma lua de Saturno que é propensa a abrigar a vida, porque possui um oceano de água líquida sob uma crosta de gelo sólido e estranhas ejeções atmosféricas de água. Essa é a implicação da pesquisa mostrando que um organismo terrestre que também produz o metano pode sobreviver muito bem em condições que existem em Encélado, a partir de observações da sonda espacial Cassini antes de sua missão terminar no ano passado.
Isolado das aberturas de profundidade de quase 1000 metros de profundidade na calha de Okinawa, Japão, Methanothermococcus okinawensis foi submetido a exóticas condições físicas e químicas encontradas em Encélado, por mais de cinco anos.
Este micróbio, chamado arqueão metanogênico, sobrevive sem oxigênio, combinando hidrogênio e dióxido de carbono – ambos observados na atmosfera de Encélado – para gerar a energia necessária, emitindo o metano como um produto residual. Cassini detectou vestígios de metano nas colunas de água ejetadas de Encélado, e há uma chance de que algum desse gás possa ter vindo desse tipo de micróbio.
“As condições que imitamos no laboratório são tão próximas quanto possível das inferidas da Cassini em Encélado”, diz Simon Rittmann, da Universidade de Viena, na Áustria, que liderou as investigações.
Rittmann submeteu o micróbio a várias combinações de gases encontrados em Encélado, e descobriu que sempre foi capaz de sobreviver quando fornecido com os níveis de hidrogênio e dióxido de carbono da lua. Ainda era capaz de prosperar a temperaturas e pressões provavelmente encontradas nos oceanos de Encélado, variando respectivamente de 0 a 90 graus Celsius e até 50 atmosferas terrestres.
A equipe de Rittmann também calculou quanto hidrogênio seria produzido por uma quebra de minerais de olivina – que acredita-se constituir o núcleo sólido da lua – sob uma gama de condições geológicas prováveis em Encélado. Eles descobriram que esses minerais poderiam se quebrar quimicamente para produzirem hidrogênio suficiente para que os metanógenos prosperassem.
O melhor ambiente para eles provavelmente será o fundo do mar. ‘Lá, você tem contato com rochas e minerais, pressões de cerca de 50 atmosferas e temperaturas provavelmente um pouco acima de 0 graus Celsius’, diz Rittmann.
Este [time] deu o primeiro passo para demonstrar experimentalmente que os metanógenos podem realmente viver nas condições esperadas em Enceladus ‘, diz Chris McKay no Centro de Pesquisa Ames da NASA, em Moffett Field, Califórnia.
Rittmann diz que espera que haja futuras missões para Encélado, para explorar ainda mais sinais de vida. Ele diz que uma sonda equipada com um espectrômetro de massa seria capaz de detectar taxas de isótopos de carbono únicos para os organismos vivos, bem como outros potenciais ‘biomarcadores’ de metanógenos, inclusive lipídios e hidrocarbonetos.
“Se encontrarmos a vida em Encélado, não é provável que seja muito parecida com a Terra, a menos que a origem dessas formas de vida seja de uma fonte comum fora do sistema solar, o que é altamente improvável”, diz Hunter Waite do Instituto Southwest de Pequisa no Texas. A prova de conceito na Terra é interessante, diz ele, mas não há substituto para encontrar e estudar um organismo metanogênico no ambiente único de Encélado.
(Fonte)
Colaboração: Lênio, Osnir Stremel Jr.
Enquanto cientistas procuram por bactérias, inteligências superiores à nossa nos vigiam.
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