Por Cristina Freitas
O paradoxo de Fermi como bem sabemos é a aparente contradição entre as altas estimativas matemáticas de existência de civilizações extraterrestres, sejam elas inteligentes ou não e a aparente falta de evidências de contato com estas civilizações. O paradoxo recebe o nome em homenagem do físico Enrico Fermi, no entanto foi elaborado inicialmente por Michael H.Hart.
Desde o início da civilização humana temos buscado respostas para aquilo que não compreendemos, a natureza e suas mais variadas nuances, pesquisamos o passado e projetamos o futuro e isso nos faz únicos. Mas em dado momento nossos ancestrais se perguntaram se haveria alguém na vastidão do universo além de nós.
Hoje vivemos um momento em nossa história onde podemos não só fazer esses mesmos questionamentos, mas buscar respostas cientificamente apuradas usando de toda ciência, interação de vários cientistas pelo mundo e pesquisas colaborativas altamente complexas. Mas ao contrário de muitas disciplinas científicas essas pesquisas exigem uma releitura de como nós enxergamos a nós mesmos, como interagimos com o nosso planeta e com o Universo.
Quando pensamos em vida fora da Terra temos a perspectiva de como ela surgiu aqui no nosso planeta, e mesmo que essa vida fuja dos parâmetros físico químicos que fizeram que em 4 bilhões de anos, um pequeno bloco de aminoácidos evoluíssem para uma entidade biologicamente complexa aqui na Terra, esse processo poderia ter acontecidos em bilhões de outros planetas de forma completamente diferente.
E uma vez que essa forma de vida surgiu e evoluiu, ela seria capaz, assim como nós de refletir sobre a natureza do Universo e buscar compreender o contexto de sua própria existência. E assim como nós devem ter dimensionado, mapeado e organizado, segundo seus próprios saberes, descobrindo por si como esse universo se formou, a nucleossíntese primordial, bem como as leis que regem esse Universo onde quer que se olhe.
Fica então a pergunta, se eles existem porque não falam conosco ou não nos visitam (pelo menos abertamente)?
Um dos fatores limitantes são as distancias astronômicas, mas a maior aposta hoje na busca de inteligências extraterrenas é o projeto SETI que busca sinais de comunicação, esses sim transpassam essa barreira pois se propagam por todo o universo.
Aí talvez você se pergunte, porque mesmo com tanta gente olhando para o céu ainda estamos apenas ouvindo o silêncio?
Uma resposta simples seria a incompatibilidade tecnológica. Você por mais que detenha todas as formas mais modernas de comunicação desenvolvidas pela nossa espécie pode se comunicar livremente?
A resposta é não.
Você não pode mandar um “whats” para uma formiga, um e-mail para uma baleia ou um fax para uma água viva. E estamos todos no mesmo planeta.
A questão fundamental é que apesar de estamos na nossa adolescência tecnológica nessa equação nós somos a formiga.
Talvez estejamos sendo bombardeados por informações e comunicação de muitos e muitos seres, mas nós somos incapazes de detectar ou decodificar as mensagens.
E caso você esteja pensando, nas evidências “informais” como avistamentos e relatos. Afinal quem não notaria esse lindo ponto azul no espaço. Mas aí a explicação se tornaria ainda mais simples.
Se hoje você fosse comprar um lindo lote a beira mar em Itapoá, Santa Catarina. Você o visitaria, contrataria um arquiteto, projetaria sua casa e a construiria.
Você iria conversar com as formigas que vivem em seu lote? Tentaria ensinar a elas física quântica ou poesia? Contaria a elas os desafios de sua evolução, pesquisaria e ofereceria cura para as suas doenças?
Será que essas formigas vendo a imensa massa que pisa sobre elas poderia dimensionar ou aferir qualquer informação sobre quem é você, sua espécie, ciência, cognição ou saberes?
Então a minha resposta para o Paradoxo de Fermi é que estamos no mais absoluto silêncio, pois nós somos surdos.