Astrônomos conseguiram determinar a origem de um objeto celeste enigmático que emite rajadas rápidas de rádio. Surpreendentemente, a fonte desses sinais intermitentes não fica numa galáxia brilhante, mas numa pequena galáxia ‘apagada’, a uns 2,5 bilhões de anos-luz da Terra.
A descoberta começa a levantar a cortina do mistério das rajadas rápidas de rádio, que têm intrigado os astrônomos desde que detectaram esses sinais pela primeira vez em 2007. Sarah Burke-Spolaor, astrônoma do Observatório Rádio Astronômico Nacional em Socorro, no estado do Novo México – EUA, e da Universidade da Virgina Ocidental, em Morgantown, falou na cidade de Grapevine, Texas, numa reunião da Sociedade Astronômica Americana:
Esta detecção realmente abriu os portões de um novo domínio da ciência e da descoberta.
As rajadas rápidas de rádio parecem vir de além da Via Láctea, e aparentemente aparecem de forma aleatória pelo céu. Embora elas durem somente milissegundos, as rajadas podem emitir tanta energia quanto 500 milhões de sóis.
As rajadas foram primeiramente descobertas pelo rádio telescópio Parkes, em New South Wales, na Austrália, e menos de 20 foram captadas até agora. A maioria foi descoberta em procuras de campo aberto e não foi possível saber o exato local de suas origens – o que torna difícil para os astrônomos peneirar as possíveis explicações para suas causas.
O trabalho mais recente, publicado em 4 de janeiro, na Nature, é o exame mais minucioso já feito de uma rajada rápida de rádio conhecida como FRB 121102. Localizada na constelação de Auriga, o sinal intermitente foi primeiramente detectado em 2 de novembro de 2012. Desde então, ele já se manifestou várias vezes, tornando-se o único sinal repetitivo que se conhece.
Uma equipe liderada por Shami Chatterjee, da Universidade Cornell em Ithaca, Nova Iorque, começou a pesquisar com o rádio telescópio Arecibo, de 305 metros, em Porto Rico. Sua sensibilidade permitiu aos cientistas detectarem múltiplas rajadas do FRB 121102. A equipe usou dois jogos de rádio telescópios – o Conjunto Muito Grande Karl G. Jansky no Novo México, e a Rede VLBI Europeia, espalhada pela Europa – a fim de tentar determinar a exata origem desse sinal.
As rajadas originam de uma galáxia anã que emite radiação fraca, tanto de rádio quanto de ondas de comprimento visual. Observações seguintes com o telescópio Gemini North, em Mauna Kea, no Havaí, mostraram que a galáxia tem menos de um décimo do tamanho e menos de um milésimo da massa da Via Láctea, nossa galáxia.
Shriharsh Tendulkar, astrônomo da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, disse:
A galáxia anfitriã é minúscula. Isso é estranho.
Com menos estrelas do que muitas galáxias, as galáxias anãs teriam menos chances de terem seja lá o que for que cria rajadas rápidas de rádio. Isso incluiria estrelas de neutrônio, uma das candidatas mais fortes para a fonte das rajadas rápidas de rádio.
Mas muito mais trabalho é necessário para encontrar o mecanismo físico das causas destas misteriosas rajadas, diz Chatterjee. Por agora, a FRB 121102 é somente um exemplo.
O mistério poderá chegar mais perto de ser resolvido mais tarde neste ano, quando um novo rádio telescópio entrará em serviço na Columbia Britânica, Canadá, dedicado a ‘caçar’ rajadas rápidas de rádio.
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Colaboração: Fátima Eva