Nave-irmã da Viking 1, a Viking 2 pousou sobre as grandes planícies planas de Utopia Planitia, onde ela fotografou pela primeira vez a geada da manhã em outro mundo, mas como sua irmã, também encontrou um solo estéril e que não continha nenhuma evidência clara de vida microbiana. A nave parou de funcionar em 1980.
A sonda passou mais de três anos terrestres na superfície do planeta, fotografando a área circundante, analisando o regolito [camada solta de material heterogêneo e superficial que cobre uma rocha sólida – NT] na frente dele, e até mesmo a realização de experiências de vida. Já o seu módulo de vôo, que ficou em órbita, fotografou crateras, canais e outras características de Marte a partir do alto.
Quando a Viking 1 e 2 enviaram os resultados de seus experimentos, a NASA disse na época que não havia nenhuma evidência definitiva de vida.
Todo o hardware do programa Viking – duas sondas orbitais e duas sondas planetárias – custaram US$ 1 bilhão em valores de 1970, algo entre 4 a 6 bilhões de dólares atuais. Parece muito, mas foi a metade do custo do programa proposto da NASA para pousar em Marte, chamado Voyager. (não confundir com as sondas Voyager 1 e Voyager 2 que herdou o nome após o programa ser cancelado.). A Voyager chegaria a Marte usando um foguete Saturno V, o mesmo foguete que levou astronautas à Lua entre 1968 e 1972. A sonda Voyager operaria na superfície durante dois anos terrestres na superfície.
No entanto, a NASA sofreu um grande corte no orçamento após o término do programa Apollo. A agência estava enfrentando uma crise de dinheiro e optou por arquivar o programa em favor de algo mais simples.
Isso não quer dizer que Viking foi pouco ambicioso. Se tudo fosse como o planejado, a NASA iria fazer duas aterragens “suaves” em Marte, algo que a agência nunca tinha tentado antes. As sondas iriam funcionar durante pelo menos 90 dias terrestres ou 120 “sóis-marcianos” sobre a superfície. Enquanto isso, as sondas em órbita fariam a comunicação da Terra com as sondas na superfície, além de explorar do alto o planeta. Se uma missão falha-se, pelo menos haveria um backup.
A Viking 2 partiu no alto de um foguete Titan no dia 9 de setembro de 1975, seguindo os passos de sua irmã gêmea, Viking 1. Durante alguns minutos após o lançamento, todos os dados da sonda cessaram, deixando os técnicos apreensivos, mas a conexão foi restabelecida.
A Viking 1 teve seu pouso programado para o dia 4 de julho adiado para o dia 20 de Julho de 1976, porque o local de aterragem previamente escolhido mostrou que era um local perigoso para a sonda. A NASA tinha tomado a decisão inicial do local de pouso com base em fotos da Mariner 9, mas a resolução de imagem superior da Viking 1 mostrou ser um terreno muito mais perigoso do que se pensava inicialmente.
A seleção final do local de pouso da Viking 2 também teve contra-tempo; seu local de aterragem em Cydonia parecia traiçoeiro nas fotos da Viking 1. Os cientistas esperaram até a Viking 2 estar em órbita antes de dar o sinal verde para descer. A localização escolhida – Utopia Planitia – foi selecionada com a segurança e mérito científico em mente.
Depois do lugar escolhido, um drama; O veículo orbital Viking 2 perdeu a capacidade de seus estabilizadores giroscópio logo após lançar o lander. A nave espacial ficou à deriva e perdeu contato com a Terra, já que suas antenas apontaram na direção errada. Felizmente, o computador de bordo descobriu que havia um problema e estabilizou o veículo orbital.
A Viking 2 aterrissou com segurança no dia 3 de setembro de 1976. NASA ainda estava consertando o veículo orbital após aterragem, mas a agência logo foi capaz de transmitir imagens a partir da superfície.
O local de pouso da Viking 2 apareceu muito mais pedregoso do que onde a Viking 1 desceu. Os cientistas observaram que a nave parecia estar inclinada nas fotos. Com o tempo, os cientistas determinaram que as rochas espalhadas nas proximidades Viking 2 provavelmente eram pedaços quebrados a partir de um fluxo de lava antigo, ou talvez uma pilha de escombros ejetada após uma cratera próxima ter sido formada.
O sismógrafo da Viking 2 acabou sendo um dos seus instrumentos mais versáteis. A nave espacial media os “Martemotos” (Marsquakes) na superfície para saber mais sobre a crosta no Planeta Vermelho. Os cientistas estimaram a crosta debaixo da Viking 2 entre 14 e 18 km de espessura, cerca de metade da espessura de terra continental na Terra, mas muito mais espessa do que a crosta oceânica.
Para surpresa dos cientistas, o sismógrafo era tão sensível que também pode medir a pressão do vento. Como os meteorologistas, a equipe de sismologia detectava as frentes frias. O sismógrafo da Viking 1 havia falhado e isso fez as descobertas de Viking 2 ainda mais importantes.
Enquanto o lander da Viking 2 recebia maior atenção da mídia, o orbitador produzia ciência por conta própria, por exemplo, revelou que as crateras de impacto em Marte mostram padrões de material ejetado mais complexos do que na Lua ou Mercúrio. O material ejetado parece estar em camadas, e incluem recursos como escarpas e cumes. Os cientistas especularam que a composição de Marte estava dando a ejeção uma aparência diferente. Talvez fossem águas subterrâneas ou derretimento do gelo que causou esses padrões quando um meteoro atingia a superfície.
Tanto a Viking 2 quanto sua irmã, realizaram – com ferramentas primitivas – experimentos para procurar vida em Marte. Na década de 1970, a NASA e muitos outros pesquisadores interpretaram seus resultados como prova de que as sondas não encontraram evidência de vida, algo que tem sido questionado em tempos mais recentes.
Essencialmente, o que as Vikings fizeram foi colher um pouco do regolito marciano, aquecê-lo a 500 Celsius e, em seguida, buscar traços de sinais de orgânicos. As sondas não encontraram qualquer forma de vida, mas os pesquisadores nos anos seguintes estavam curiosos sobre se os experimentos foram adequadamente projetados para detectar formas de vida.
Em 2006, uma equipe de investigadores viajou para ‘ambientes marcianos’ na Terra, tais como os desertos no Peru e no Chile, e um vale seco na Antártida. Usando diferentes instrumentos da Viking, eles descobriram compostos orgânicos e sugeriram que os sensores das Vikings simplesmente não eram suficientemente sensíveis.
Quatro anos mais tarde, um grupo diferente de investigadores disseram que as Vikings poderiam ter destruído todos os produtos orgânicos que foram encontrados durante a execução dos experimentos. Parte de suas conclusões veio de uma descoberta em 2008 de perclorato (um produto químico contendo cloro) pela Mars Phoenix no seu local de pouso.
Os investigadores assumiram que os locais de pouso da Viking também devem ter perclorato. Os cientistas detectaram clorometano e diclorometano, os mesmos resultados das Vikings, pois tal se decompõe em produtos orgânicos estas substâncias quando aquecida. Resumindo, o calor pode ter destruído as provas.