Um conjunto de rádio telescópios no Chile captou leituras estranhas que parecem estar vindo de objetos longínquos, e isto causou muito debate sobre eles serem mundos anteriormente não detectáveis na beirada do nosso sistema solar, anãs marrom, ou somente erros aleatórios de leitura.
Leituras do Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array, ou ALMA, têm levado à publicação de pelo menos dois documentos de pesquisa no servidor arXiv. Historicamente, alguns dos estudos que cientistas publicaram no arXiv fizeram sucesso, enquanto outros não.
Um estudo, submetido ao periódico Astronomy & Astrophysics, relata ter detectado um objeto em ondas submilimétricas que está próximo da mesma posição no céu que o sistema estelar binário de Alfa Centauro, e se movendo junto com ele.
Poderia esta ser uma outra estrela associada com Alfa Centauro? Os pesquisadores descartaram este cenário, baseados no fato de que ela não tinha sido vista anteriormente em outros comprimentos de onda.
A equipe de pesquisadores escreveu: “É completamente incompreensível que uma estrela com este brilho, e com tal grange movimento próprio, tenha permanecido despercebida”. Ao invés disso, eles dizem que a melhor explicação é a de que o objeto esteja em nosso próprio sistema solar, mas orbitando à uma distância muito longínqua para detecção em outros comprimentos de onda.
As distâncias até os objetos na beirada do nosso sistema solar são tipicamente expressadas em unidades astronômica (Astronomical Units), ou AU, com 1 AU equivalmendo a 149,5 milhões de quilômetros, que é a distância média entre a Terra e o Sol. Entre as possibilidades citadas no trabalho estão um mundo gelado e escuro, que não estaria a mais de 100 AUs de distância, ou uma super-Terra que estaria a aproximadamente 300 AUs de distância, ou até mesmo uma estrela anã marrom super-fria, que estaria na Nuvem Oort, a 20.000 AUs de distância.
Vários objetos estranhos já foram detectados na beirada do sistema solar – inclusive Sedna e dois outros mundos encontrados recentemente, conhecidos como 2012 VP113 (Biden) e V774104. Contudo, o objeto em questão neste artigo é muito estranho, devido ao seu enorme tamanho.
Ainda mais estranho, um estudo publicado na Nature, no ano passado, já sugeriu que tal objeto poderia existir. Isso explicaria como objetos, tais como Sedna, foram jogados numa órbita anormal, distante e excêntrica.
O segundo estudo, também submetido ao Astronomy & Astrophysics, relata a detecção de ondas submilimétricas de um objeto na mesma área do céu da estrela W Aquilae. A este objeto foi dado o nome provisional de Gna, uma deusa mitológica escandinava da brisa. Woulter Vlemmings, da Universidade de Tecnologia Chalmers, da Suécia, é co-autor de ambos os estudos.
Vlemmings e seus colegas dizem que Gna poderia ser um objeto com o tamanho entre 225 a 880 quilômetros de diâmetro, orbitando à uma distância de 12 a 25 AUs. Isso o classifica como aquilo que os astrônomos chamam de um objeto centauro, em algum lugar entre as órbitas de Saturno e Netuno. E, eles dizem, ele poderia ser um objeto do tamanho de uma estrela marrom anã, muito além de Sedna, à uma distância de aproximadamente 4.000 AUs.
Os relatos recém publicados alimentam as alegações de muito tempo sobre o Planeta X, que poderia estar espreitando em algum lugar da beirada do sistema solar. Como era de se esperar, os estudos ALMA têm gerado uma rajada de controvérsias e ceticismo.
Mesmo os pesquisadores por detrás do trabalho Gna reconhecem, de forma indireta, que pode haver “significantes, porém desconhecidos problemas com as observações da ALMA“. Mike Brown, um astrônomo da Caltech e um dos descobridores de Sedna, postulou dúvidas ainda mais fortes numa série de mensagens no Twitter:
“Aqui está o perigo da liberação de trabalhos não revisado por pares no arXiv. Há tantas razões para isto estar provavelmente errado.”
“… isto sugeriria que há algo como 200.000 planetas do tamanho da Terra na beirada do nosso sistema solar…”
“…melhor ainda: Acabei de perceber que se esta quantidade de planetas do tamanho da Terra existissem, isto desestabilizaria todo o sistema solar e nós todos morreríamos.”
“Bem, isto venderia muitos livros, pelo menos por um período curto.”
Bem como as alegações anteriores sobre neutrinos mais rápidos do a luz, as leituras do ALMA podem acabar sendo nada mais do que erros de observação. Mas até então, olho nos céus!
Fonte: www.geekwire.com
Colaboração: Oscar Helfensteller