É com enorme satisfação que apresentamos hoje em nosso blog um artigo publicado no site do Centro de Ufologia Brasileiro – CUB, escrito por Paolla Arnoni, diretora de jornalismo do mesmo.
Nossos mais sinceros agradecimentos à Paolla Arnoni e ao Presidente do CUB, Sr. Milton Dino Frank Junior, por permitirem esta publicação e pela enorme contribuição ao nosso blog.
A Imprensa e a Ufologia – Os Primeiros Contatos na Imprensa
A ufologia é um assunto polêmico e que gera bastante discussão em qualquer meio em que ela é abordada. Os veículos de comunicação, seja qual for sua intenção, tratam o assunto desde os primórdios. Entretenimento, sensacionalismo ou apenas informação? A ufologia gera audiência, é indiscutível, mas qual a linha tênue entre informar e alarmar? Distorção dos fatos, desinformação, falta de preparo por parte dos formadores de opinião, acobertamento governamental, sensacionalismo e falta de conclusões por parte dos ufólogos. Não é uma questão de acreditar ou não no fenômeno UFO, mas de encarar que há fatos e a população deve ser informada.
Os primeiros contatos na imprensa
Em outubro de 1948, uma reportagem sobre uma suposta invasão extraterrestre ganhou espaço nas páginas na revista Ciência Popular. Trata-se de uma publicação científica, periódica mensal, editada no Brasil entre 1948 e 1966. A revista é marcada por uma iniciativa distinta das demais revistas de divulgação científica na época, por não se limitar a costurar as publicações estrangeiras no cotidiano brasileiro.
A capa desta edição retrata uma nave extraterrestre provocando pânico na população, destruindo suas casas e ferindo os humanos. Os leitores têm à primeira impressão o temor em pensar na suposição de um ataque, ou seja, o sensacionalismo ganha destaque.
Em 1950, uma verdadeira repercussão nacional ocorreu. Na revista O Cruzeiro – publicação de alta tiragem – uma matéria, como um furo jornalístico, sobre o avistamento de um objeto não identificado na barra da tijuca, foi publicada. O fotógrafo Eduardo Keffel e o engenheiro João Martins – repórter da revista – promoveram o maior impacto em toda história da ufologia. Um encarte à parte da revista trazia o título “Disco Voador na Barra da Tijuca” com o seguinte texto:
“O Cruzeiro apresenta, num furo jornalístico espetacular, a mais sensacional documentação jamais conseguida sobre o mistério dos discos voadores. O estranho objeto veio do mar, com enorme velocidade, e foi visto durante um minuto, de cor cinza-azulado, absolutamente silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas. Relato completo da fascinante aparição na Barra da Tijuca.” (Revista O Cruzeiro, edição 17.05.1952).
Na edição há a foto do suposto “disco voador” avistado pelos dois funcionários da revista enquanto (afirmaram eles na época) fotografavam casais apaixonados na praia. Os exemplares da edição esgotaram rapidamente e a influência dessa matéria não se ateve ao âmbito nacional, a reportagem ganhou uma repercussão mundial.
A revista Ciência Popular insurgiu contra a credulidade nacional, causada por esta matéria, por meio de seu diretor Ary Maurel Lobo. A publicação alertou os brasileiros para uma possibilidade de fraude por parte de seus companheiros de profissão da revista O Cruzeiro devido ao caos tomado e pela postura sensacionalista da imprensa:
“A respeito do ‘disco voador’ que marcou entrevista na Barra da Tijuca com os fotógrafos… salientamos as molecagens que têm sido feitas nos EE.UU e Europa, com o lançamento de pequenos discos no espaço, e fotografando-os. Tudo quanto saiu publicado nos periódicos mencionados pode ser facilmente obtido por êsse processo, ou mediante uma montagem especial, com sucessivas fotografias. Não queremos afirmar que a sensacional reportagem seja de tão criminosa natureza, mas não a aceitamos”. (Ary Maurel Lobo, revista Ciência Popular, junho de 1952)
A explosão desta notícia ocasionou em tumulto na própria redação da revista que foi invadida por repórteres de rádios e televisões, inclusive no meio ufológico vários boletins foram emitidos contando o feito da dupla. Nos dias seguintes, por ordem do Coronel da Aeronáutica, João Adil de Oliveira, oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) foram até o local em que Ed Keffel e João Martins fotografaram o tal “disco voador”. Em análises e produzindo a seqüência do relato, contratando peritos para um laudo técnico, começaram a divergências sobre a veracidade da foto, em sua primeira desconfiança apontavam as sombras. Porém, as fotos continuaram dando volta ao mundo mantendo o Brasil em evidência, visto que a Força Aérea concluiu ser verídico o evento.
A revista Ciência Popular que já havia se pronunciado em primeiro momento, declarou oficialmente em sua edição nº 76 que as fotos dos dois repórteres eram falsas. Começara o primeiro escândalo na divulgação científica envolvendo a ufologia brasileira:
“Aqui no Brasil, ‘O Cruzeiro’, sem favor, uma das mais esplêndidas revistas no gênero, inclusive pelo seu quadro de excelentes jornalistas, durante várias semanas, também explorou tais fotografias, desta feita obtidas na Barra da Tijuca por dois de seus repórteres, os Srs. João Martins e Ed Keffel. Fotografias completamente falsificadas, como afirmamos em nossa edição de janeiro de 1955”. (Ciência Popular nº 76), e agora tornamos a declarar.(Revista O Cruzeiro, edição nº 109, outubro de 1957)
Em 1981 o diretor da Ground Saucer Watch, William H. Spaulding, informou que as fotos foram forjadas porque de fato havia divergência nas sombras. Os motivos que levaram os dois amigos a agirem de forma criminosa com os companheiros da revistas e seus leitores ninguém sabe ao certo até hoje, há especulações de que a vendagem da revista estava inferior aos que eles desejavam e outros comentam que foi apenas uma brincadeira e que eles não imaginavam que ocasionaria uma tamanha propagação. Ary Maurell Lobo discorre em sua revista sobre os motivos citados:
(…) os discos voadores marcaram primeiro encontro, na Barra da Tijuca, com dois ladinos repórteres de O Cruzeiro, magazine que precisa vender uma tiragem de 750.000 exemplares por semana. Depois, passaram a espionar as bases aéreas brasileiras, para avaliar com certeza o poderio bélico da Terra da Santa Cruz, que tem mais generais e almirantes e brigadeiros que soldados. Ora, só e só esta última façanha dos ‘discos voadores’ deveria ser suficiente para os desmoralizar completamente. Tais engenhos teriam de provir de um lugar habilitado por sêres de fenomenal inteligência, e tão somente gente muito burra ignora que nada há para espionar por aqui, já que o Brasil não passa, quanto ao potencial bélico, de um zero bem redondo, ou talvez mais exatamente de um google de zeros, resultância muito lógica da pobreza nacional, sobretudo em matéria de vergonha. (Ary Maurel Lobo, revista Ciência Popular, junho de 1955)
A passagem identifica uma característica que normalmente acompanha pautas de divulgação científica até hoje. A falta de profissionalismo. A opinião do jornalista retrata a ausência de busca pelo fato em si, gerando uma grande falta de profissionalismo e ética do jornalista. As reportagens ufológicas apresentam informações mescladas com opiniões pessoais, assim, a estrutura da reportagem fica comprometida com críticas, suposições e dados científicos. Não se deve generalizar que toda a imprensa tem esse tipo de tratamento, há veículos sérios.
Nota-se que a primeira reportagem relacionada ao fenômeno UFO relatou que é possível forjar, se assim desejado, uma nave nos céus brasileiros por mãos criativas. Há profissionais agem contrariamente à essência do jornalismo. Os meios de comunicação adotam o sensacionalismo e agem com interesses para chamar atenção para a venda do “produto”.
Porém, deve-se atribuir a incredulidade que se tornou característica inerente dentro da abordagem jornalística, nas pautas ufologia, somente pela atuação de maus profissionais na área? Existiram casos em outros temas abordados de fraudes jornalísticas com caráter mais profundo e intenso do que este caso ufológico em questão. Pode-se estabelecer o raciocínio que outras áreas por estarem em evidência de nosso meio material, não tiveram sua existência questionada, porque são tangíveis, e esta sensação de real manteve a credibilidade dos temas intacta. A ufologia (para a maioria das pessoas) carece desta prova material, então, teve sua credibilidade arranhada.
Paolla Arnoni
http://paollaarnoni.blogspot.com
http://twitter.com/PaollaArnoni
A ufologia é um assunto polêmico e que gera bastante discussão em qualquer meio em que ela é abordada. Os veículos de comunicação, seja qual for sua intenção, tratam o assunto desde os primórdios. Entretenimento, sensacionalismo ou apenas informação? A ufologia gera audiência, é indiscutível, mas qual a linha tênue entre informar e alarmar? Distorção dos fatos, desinformação, falta de preparo por parte dos formadores de opinião, acobertamento governamental, sensacionalismo e falta de conclusões por parte dos ufólogos. Não é uma questão de acreditar ou não no fenômeno UFO, mas de encarar que há fatos e a população deve ser informada.
Os primeiros contatos na imprensa
Em outubro de 1948, uma reportagem sobre uma suposta invasão extraterrestre ganhou espaço nas páginas na revista Ciência Popular. Trata-se de uma publicação científica, periódica mensal, editada no Brasil entre 1948 e 1966. A revista é marcada por uma iniciativa distinta das demais revistas de divulgação científica na época, por não se limitar a costurar as publicações estrangeiras no cotidiano brasileiro.
A capa desta edição retrata uma nave extraterrestre provocando pânico na população, destruindo suas casas e ferindo os humanos. Os leitores têm à primeira impressão o temor em pensar na suposição de um ataque, ou seja, o sensacionalismo ganha destaque.
Em 1950, uma verdadeira repercussão nacional ocorreu. Na revista O Cruzeiro – publicação de alta tiragem – uma matéria, como um furo jornalístico, sobre o avistamento de um objeto não identificado na barra da tijuca, foi publicada. O fotógrafo Eduardo Keffel e o engenheiro João Martins – repórter da revista – promoveram o maior impacto em toda história da ufologia. Um encarte à parte da revista trazia o título “Disco Voador na Barra da Tijuca” com o seguinte texto:
“O Cruzeiro apresenta, num furo jornalístico espetacular, a mais sensacional documentação jamais conseguida sobre o mistério dos discos voadores. O estranho objeto veio do mar, com enorme velocidade, e foi visto durante um minuto, de cor cinza-azulado, absolutamente silencioso, sem deixar rastros de fumaça ou de chamas. Relato completo da fascinante aparição na Barra da Tijuca.” (Revista O Cruzeiro, edição 17.05.1952).
Este excelente artigo não poderia ter vindo em melhor hora. Nos dá uma visão da raíz de como a imprensa brasileira tem tratado esse assunto, que considero um dos mistérios mais importantes para nós humanos, pois suas implicações, caso seja provado que exista vida inteligente fora deste nosso mundinho, são seríssimas para a humanidade.
Disse que este artigo não poderia ter vindo em melhor hora, pois, como muitos já devem saber, ontem à noite foi divulgado na TV nacional (pelo menos ví na rede Band) uma "reportagem" sobre o relatório que o Exército Brasileiro divulgou sobre Varginha.
Simplesmente fiquei enojado com a "reportagem" (sim, as aspas foram propositais). Vamos falar sério: um repórter que ainda fala de "homenzinhos verdes" em uma reportagem? No meu livro, eu o considero muito, mas muito despreparado mesmo para divulgar esta ou qualquer matéria que seja. Além disso, aonde ficaram os argumentos contra este relatório? Isso chama-se de reportagem tendenciosa.