Vaticano celebra a teoria do Big-Bang e diz que a ciência e a religião podem coexistir
Tem sido o assunto de longos debates por anos se a ciência e a religião coexistem sem contradições. Albert Einstein uma vez disse que “a ciência sem a religião é manca; religião sem a ciência é cega”.
Há aqueles que pensam que a ciência e a religião são incompatíveis, mas há também muitos grandes cientistas que acreditam em Deus. Como é possível e como podem estes dois campos encontrarem um campo em comum?
O Vaticano declarou que a ciência e a religião podem de fato co-existir e a Igreja está agora celebrando a teoria do Big-Bang. Isto soa como algo impossível? O Vaticano acha que não.
Para dispersar o conflito fé-ciência, o Observatório Vaticano convidou importantes cientistas e cosmologistas para discutir assuntos científicos, tais como buracos negros, ondas gravitacionais e singularidades do espaço-tempo.
Monsenhor George Lemaitre – Cosmólogo Jesuíta e sua “Teoria do Ovo Cósmico”
A conferência (que ocorreu entre terça-feira a sexta-feira, 9 a 12 de maio de 2017) foi lançada em homenagem ao Monsenhor Geroge Lematitre, falecido cosmologista Jesuíta.
O Monsenhor George Lemaitre (1894 – 1966) foi um sacerdote belga Católico Romano, físico e astrônomo. Ele é creditado com a primeira formulação definitiva da ideia de um Universo em expansão, e o que se tornou conhecido como a teoria do Big-Bang da origem do Universo, que o próprio Lemaitre chamou de “hipótese do átomo primário”, ou o “Ovo Cósmico”.
Lemaitre estudou no Observatório da Faculdade Harvard, em Massachusetts – EUA, e no Instituto Massachusetts de Tecnologia, antes de retornar para a Bélgica, onde trabalhou como professor.
A pesquisa de Lemaitre o levou à conclusão de que se a matéria está se afastando em todos os lugares, seria natural supor que no passado distante ela estava muito mais próxima, e que, se formos longe o suficiente para o passado, alcançamos um tempo no qual todo o Universo estava num estado extremamente compacto e comprimido. Ele discutiu, um tanto vagamente, sobre alguma instabilidade que estava sendo produzida pela decomposição radioativa do átomo primário, a qual foi suficiente para causar uma imensa explosão que iniciou a expansão do Universo.
Em 1931, numa reunião na Associação Britânica em Londres, Lemaitre sugeriu haver uma relação entre o Universo físico e o espiritual. Lemaitre foi o primeiro a oferecer a proposta de que o Universo havia se expandido de um ponto inicial, o qual ele chamava de “átomo primário” ou “Ovo Cósmico”, explodindo o momento da criação, um tema que ele desenvolveu mais além num relatório publicado no periódico Nature, mais tarde naquele ano.
A teoria de Lemaitre foi conhecida como o “átomo primário”, mas ela é muito mais conhecido hoje como a teoria do “Big-Bang”.
O Observatório Vaticano fez um liberação de imprensa sobre Lemaitre:
Ele compreendeu que ao olhar de volta no tempo, o Universo deveria estar num estado de densidade de alta energia, comprimido a um ponto similar a um átomo original, do qual tudo começou.
O diretor do Observatório Vaticano, o Irmão Jesuíta Guy Consolmagno, diz que a pesquisa de Lemaitre prova que você pode acreditar em Deus e na teoria do Big-Bang. Ele disse na segunda-feira:
O próprio Lemaitre foi muito cuidado ao lembrar as pessoas – inclusive o Papa Pio XII – que o ato criador de Deus não é somente algo que aconteceu há 13.8 bilhões de anos. É algo que acontece continuamente.
Ele ainda disse:
Acreditar que Deus meramente criou o Big-Bang significa que você reduziu Deus à um deus da natureza, como Júpiter arremessando raios. Esse não é o Deus que nós, como cristãos, acreditamos.
Cristãos acreditam num Deus sobrenatural, o qual é responsável pela existência do Universo, enquanto a nossa ciência nos diz como ele fez isso.
Talvez a relação entre a religião e a ciência seja muito mais profunda do que pensávamos anteriormente. Os filósofos e matemáticos têm arguido por séculos se a matemática é um sistema que os humanos inventaram, o se ela é de origem cósmica, talvez até mesmo um conhecimento divino que simplesmente descobrimos. Isto levanta a questão se Deus tem a mente de um matemático.
Este artigo está aqui, não para discutir religião, mas sim para informar o reconhecimento de uma entidade religiosa poderosíssima a respeito da ciência, e do fato da própria ciência poder servir de base para alguns credos religiosos.
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Colaboração: Diana Artemis