‘Faixas escuras’ em Marte podem indicar sinais de água no planeta vermelho
A NASA examinou milhares de faixas escuras (dark streaks) em Marte que podem ter sido formadas por água líquida, gelo ou vapor.
Os resultados do estudo corroboram com a “ideia de que quantidades significativas de água estão muito próximas da superfície”. A agência publicou uma série de fotografias obtidas da região conhecida como Valles Marineris perto do equador marciano e que retratam várias linhas escuras encontradas em torno dos cânions do planeta.
De acordo com os cientistas, as misteriosas faixas podem ser indicações da presença de qualquer água ou líquido congelado, ou de vapor. “Há muitas dessas faixas“, disse Matthew Chojnacki, principal autor do novo relatório publicado na ultima edição do periódico Journal of Geophysical Research: Planets.
O estudo analisou milhares de linhas conhecidas. Essas são chamadas de RSL (Recurring Slope Line – linha de inclinação recorrente), um termo adotado por cientistas da NASA, dado que a ainda não se sabe como as linhas formam.
Os resultados fornecem apoio adicional para a ideia de que quantidades significativas de água estão perto da superfície e ainda podem ser encontrado em Marte. De acordo com a NASA, as dark streaks são muito mais “amplas do que anteriormente“.
“Se as dark streaks estão associadas com a atividade aquosa, faz do sistema de cânions uma área ainda mais interessante do que se pensava antes. Geologicamente isto é espetacular”, dizem os cientistas.
Embora os cientistas que emitiram o comunicado à imprensa admitam que as manchas escuras podem ser indícios de água líquida na superfície, eles não tem certeza de como elas apareceram. Uma das teorias é que as faixas se formam devido a uma camada de água subterrânea. Ao mesmo tempo, os cientistas dizem que é improvável que a água de uma camada subterrânea atinja a superfície de cumes e picos isolados, onde a maioria das manchas aparece.
Investigadores não descartam outras hipóteses. Uma delas envolve a interação entre os sais e o vapor d’água. Segundo os cientistas, sais pode absorver vapor de água da atmosfera marciana e criar um tipo de “salmoura líquida” na superfície. As manchas podem ser do sal que é deixado na superfície após a salmoura evaporar.
“Há problemas com o mecanismo de reter água da atmosfera”, disse Chojnacki admitindo que as questões sobre a formação das faixa/manchas/estrias ainda permanecem uma incógnita. Se a teoria estiver correta e as manchas que aparecem são devido aos sais, a quantidade de água retida da atmosfera teria de ser da ordem de 10 a 40 piscinas olímpicas, lembrando que uma piscina olímpica tem 1.890.000 litros de água!. Apesar de toda a região Valles Marineris parecer ter muito mais vapor de água do que isso, os cientistas buscam uma explicação para um mecanismo que extraia água da atmosfera.
Os cientistas também não excluem o fato de que as estrias poderiam se formar devido ao gelo que está presente sobre a superfície de Marte.
Fonte: RT
NOTA DO EDITOR: Ao ler acima, como não se lembrar de Percival Lowell e Giovanni Schiaparelli? Em 1877 Schiaparelli relatou o aparecimento de linhas longas e finas no planeta, na qual ele as batizou de “Canali”, palavra italiana para canais. Já no final do século XIX, Percival Lowell atribuiu as Canalis à inteligência, supondo que tais linhas eram produtos de uma civilização e que estas se destinavam a levar água dos pólos para irrigar outras regiões. Para Lowell, os marcianos estavam a beira da extinção e os canais eram o ultimo movimento na busca da sobrevivência.