O que o X-37B tem feito no espaço pelos últimos 500 dias?
O avião espacial X-37B da Força Aérea dos Estados Unidos, tem estado em órbita terrestre por quase 500 dias, o que é uma quebra de recorde. A última versão da relativamente pequena nave, que tem um quarto do tamanha de um Ônibus Espacial, foi lançada em dezembro de 2012, numa missão ultra secreta.
O X-37B tem uma baia de cargo com o tamanho aproximado da caçamba de uma caminhonete, e especula-se que esteja carregando uma cargo ultra sensível.
O primeiro X-37B lançado, o OTV-1, foi capaz de ficar em órbita terrestre por 225 dias. A segunda versão, o OTV-2, dobrou este tempo, permanecendo no espaço por 469 dias. Agora, o X-37B já excedeu seus predecessores e não há indicação de quando a missão irá finalizar.
Então, o que o X-37B está fazendo lá em cima?
Apesar desta nave estar quebrando recordes de permanência no espaço, nenhum detalhe tem sido liberado sobre sua missão, e nem mesmo quando deverá retornar à Terra. A Força Aérea dos EUA comenta que o drone espacial é um feito tecnológico, mas recusa elaborar mais sobre seu propósito.
Assim, os rumores são muitos, mas a linha oficial é a de que o X-37B seja meramente uma plataforma experimental para “operar experimentos que possam ser retornados e examinados na Terra“.
Brian Weeden, um ex-oficial da Força Aérea (EUA), que trabalhou para o Centro de Operações Espaciais Unidas do Comando Espacial e agora trabalha com a Fundação Mundo Seguro, acredita que o X-37B seja primariamente um veículo de testes para novas tecnologias. Weeden disse em uma entrevista:
“Eu acho que ele seja primariamente uma plataforma de ISR – Intelligence, Surveillance and Reconnaissance (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento), com a finalidade de testar novas tecnologias de sensores ou validar novas tecnologias. O OTV-3 atual, que está em órbita, tem estado basicamente na mesma órbita desde que foi lançado, com somente uma manobra ocasional para manter essa órbita. Isso é típico de uma missão ISR (senso à distância).”
Há aqueles que não estão satisfeitos de que esta seja a história real e há conjecturas de que o X-37B poderia ser um avião espião.
Porém, Weeden continuou:
“O X-37B é uma boa maneira da Força Aérea colocar no espaço novas tecnologias, tais como sensores, testá-la, e então examiná-las de volta na Terra. Ainda, reconhecimento e pesquisa não são mutuamente exclusivas e o X-37B poderia estar fazendo ambas as coisas.”
O X-37B poderia discretamente se aproximar de outros satélites, a fim de interceptar suas missões?
Os céticos sugerem que isto seria algo sem sentido, pois há satélites menores e mais discretos que poderiam fazer este tipo de trabalho muito mais discretamente. O X-37B é relativamente fácil de ser avistado, até mesmo por um astrônomo amador.
De forma interessante, um algumas pessoas notaram que a órbita do segundo X-37B, o OTV-2, passou por sobre áreas muito sensíveis, inclusive a Coreia do Norte, o Irã, o Paquistão, o Afeganistão e a China, as quais tinham vários alvos em potencial para serem espionados, que vão desde instalações de mísseis, até estaleiros na China que estão construindo uma nova frota de porta-aviões.
Isto fez com que aumentasse a teoria popular de que os X-37Bs teriam sido lançados como aeronaves espiãs, mas Weeden argumentou que suas órbitas não permitiriam a vigilância constante, assim isto seria improvável de ser seu objetivo primário durante sua presença no espaço.
Weeden disse:
“Embora pareça haver uma breve chance de que em algum ponto o X-37B possa coletar inteligência, isso certamente não é sua missão principal, e nem mesmo algo que seja praticável.“
A falta de flexibilidade orbital e direcional também anula outra teoria, que é a de que os X-37Bs sejam aviões bombardeiros. A ideia foi iniciada pelo fato de que o Pentágono começou a desenvolver uma aeronave hiper-sônica, intencionada a bombardear qualquer localidade no mundo, dentro de duas horas.
Porém, este tipo de aeronave teria que ser parte de um projeto sub-orbital, pois mudar a órbita de um veículo orbital requereria muito mais empuxo e usaria rapidamente as reservas de combustível.
Mark Lewis, um professor da Universidade de Maryland – EUA, que uma vez serviu como chefe cientista da Força Aérea dos EUA, comentou:
“Se você não pode levar meu alegado bombardeiro até a localização correta para liberar sua bomba, para que ele serviria?”
Assim, isto faz com que as especulações retornem à explicação original e oficial, de que os X-37Bs sejam somente plataformas de teste para averiguar a eficiência de vários experimentos nas condições ambientais do espaço.
Se este for o propósito verdadeiro da pequena espaçonave, então todo o segredo que se tem feito seria realmente necessário?
Steven Aftergood, um especialista em segredos da Federação de Cientistas Americanos, disse que seria difícil determinar o porquê do Pentágono não querer revelar os detalhes da missão da nave, mas que designar uma missão como sendo secreta não é uma decisão tomada superficialmente.
“Sabemos, a partir da história de ‘programas negros’ anteriores, que tais segredos automaticamente causam um significante custo financeiro.”
Aftergood mencionou como exemplo disto o projeto cancelado da aeronave A-12.
Weeden permanece convencido de que os rumores das atividades questionáveis não tenham fundamento:
“Eu não acho que o segredo ao redor do programa X-37B seja uma tentativa do governo dos EUA de esconder algo mau, mas, ao invés disso, é algo levado por uma inércia burocrática.”
Porém, ele admite que o segredo do governo somente alimenta os rumores:
“O segredo acerca do programa torna difícil para o governo dos EUA responder de forma significativa à essas alegações e desmenti-las. O segredo abre um convite às especulações febris sobre as verdadeiras capacidades e intenções do programa, as quais podem ou não servir os interesses nacionais.”
Assim, a misteriosa espaçonave continua a orbitar a Terra em sua missão não especificada, e ninguém irá dizer quando ela irá retornar. Até que o véu do segredo seja levantado, as especulações ao redor de suas atividades, sem dúvida continuarão.
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Fonte: humansarefree.com
Colaboração: SENAM