Por Bernardo Kastrup
Nas últimas semanas, o assunto dos OVNIs e da tecnologia não humana avançada foi catapultado para a vanguarda de nossa atenção cultural.
A histórica audiência OVNI no congresso dos EUA conferiu-lhe um nível totalmente novo de legitimidade, e por boas razões: desta vez, o denunciante não é um “funcionário anônimo de alto escalão” filmado em silhueta com uma voz distorcida, mas alguém com um nome, credenciais, uma história, disposto a aparecer na câmera e fazer declarações sob juramento, e com testemunhas corroborantes.
Pilotos com credenciais impecáveis estão relatando fenômenos que parecem violar as leis conhecidas da física, e suas observações são corroboradas pela instrumentação. Ao longo da história cultural dos OVNIs, não vimos nada parecido antes, apesar da persistente falta de uma proverbial arma fumegante. Então, o que eu acho de tudo isso?
Mais de dez anos atrás, escrevi um livro – Meaning in Absurdity (Significado no Absurdo, tit. em tradução livre) – discutindo fenômenos anômalos como os OVNIs. Aqueles que leem esse livro sabem que eu vejo os OVNIs e os chamados fenômenos de ‘abdução alienígena’ como amplamente psicológicos. Agora, como idealista, quando digo que algo é psicológico, não quero dizer que seja irreal, pois sob o idealismo tudo é, em última análise, psicológico. Mas eu considerava esses fenômenos, pelo menos em grande medida, como o resultado de nossas próprias projeções “subconscientes” sobre elementos do mundo. Sob essa visão, os OVNIs são realmente reais, mas “vestidos com as roupas” de nossas próprias projeções. Seu núcleo é independente de nossa psicologia humana, mas sua apresentação física não é.
Pode-se argumentar que uma implicação dessa visão é que a fase física dos fenômenos é necessariamente instável, fluida, não imutável ou permanente, mas mercurial e impossível de definir, como as luzes de Hessdalen. E é por isso que a alegação de que os seres humanos conseguiram recuperar, armazenar, desmontar e até mesmo tentar fazer engenharia reversa de naves não criadas por humanos, se for verdade, me forçaria a colocar minha visão em uma nova perspectiva. Embora sua fase mental seja evidente, eu não esperava que os fenômenos tivessem uma fase física tão estável.
O que, é claro, levanta a questão: as alegações são verdadeiras em primeiro lugar? Sinto-me bastante confortável em dizer que o que os pilotos estão relatando é verdade. Eles próprios experimentaram esses fenômenos – ao contrário do oficial de inteligência, que não observou nada diretamente – e suas observações correspondem às medições da instrumentação. O número de testemunhas também é esmagador. Portanto, é bastante seguro dizer que há algo lá fora – algo controlado por uma agência deliberada – que se comporta de maneiras que parecem contradizer as leis da física como as entendemos. Por si só, isso já é espetacular, mas não é realmente novo, se você estiver prestando atenção.
O que é novo é o peso da alegação de que o estabelecimento de defesa dos EUA tem posse de várias dessas naves. E é isso que me obriga a reconsiderar a visão de que os fenômenos sempre têm uma fase física efêmera e fluida. Podemos confiar em uma alegação tão grave?
A resposta sincera é: eu não sei. Estou impressionado com as circunstâncias do caso; Estou impressionado com a disposição dos envolvidos de dobrar sob juramento; e por seu cuidado em seguir um processo legal. Tudo isso é novo e inspira alguma confiança. No entanto, eles não apresentaram nenhuma arma fumegante (prova cabal). Então, tudo o que posso dizer é que agora levo a alegação mais a sério do que antes.
Acredito que esteja claro – como argumentei em Meaning in Absurdity – que os fenômenos estão conosco desde o início da história registrada, e provavelmente muito antes disso. Portanto, não é razoável, na minha opinião, pensar em OVNIs como realizando algum tipo de pesquisa ou mapeamento de nosso planeta e espécies; qualquer missão desse tipo teria sido concluída há muito tempo e não exigiria a visita recorrente e frequente de OVNIs que testemunhamos.
Se os OVNIs são, até certo ponto, projeções mentais nossas, então suas visitas repetidas simplesmente nos refletem e, portanto, continuarão a se repetir enquanto formos nós. Não há mistério profundo aqui. Mas se eles são tecnologia sólida e concreta trazendo vida de outros planetas, dimensões ou realidades aqui, então devemos perguntar: o que os faz continuar chegando? O que eles estão tentando fazer? Pesquisas planetárias em potencial não podem explicar as visitas, pelas razões acima.
Agora, permita-me dizer algo que você não vai gostar de ouvir. Eu acho que temos o direito de saber a verdade sobre os OVNIs?
Bem, se por “direito” se quer dizer direito legal, eu não sei; eu não sou advogado. Somente um advogado dos EUA pode responder à pergunta nesse sentido, mas deve haver uma resposta definitiva e não polêmica. Por outro lado, se por “direito” queremos dizer direito ético, minha resposta é: depende. Eu adoraria acreditar que eu, junto com todos os outros, tenho um direito extra – quem não gosta de direitos? – particularmente porque estou muito curioso sobre o fenômeno. Mas estou muito comprometido com a verdade para permitir que minhas preferências ditem minhas opiniões sobre o assunto. Não acho que haja um caso trivial a ser feito aqui; Nossos “direitos” potenciais não são auto-evidentes.
Nos últimos meses, temos assistido ao nível avassalador de maldade, carnificina e destruição que um regime totalitário na Europa está desencadeando no continente. Agora imagine este regime com armas de feixe de alta energia, unidades de gravidade e capas de invisibilidade – isso seria o fim da democracia, das liberdades pessoais e do nosso próprio modo de vida. Portanto, não, não acho que seja óbvio que temos o direito de saber tudo o que há para saber sobre os fenômenos. Na verdade, sinto-me entusiasticamente inclinado a acreditar que não. Qualquer informação que seja tornada pública também é disponibilizada para aqueles que querem destruir nosso modo de vida; lamentavelmente, simplesmente não há como contornar isso.
Isso não quer dizer que algum nível de desacobertamento cuidadosamente redigido não seria útil. A mera suspeita de que podemos não estar sozinhos neste universo já uniu democratas e republicanos; Imagine o que o desacobertamento faria para unir a humanidade. Há muito a ganhar com isso; tanto que dificilmente é imaginável. E, portanto, acho que o desacobertamento deve ser feito.
Mas isso deve ser feito com responsabilidade; não porque somos crianças psicologicamente instáveis que precisam ser protegidas da verdade, mas porque o mundo está abarrotado de regimes criminosos que usariam todos os meios técnicos à sua disposição para explorar e restringir as liberdades de todos os outros. Não sejamos ingênuos aqui, pensando que o desacobertamento fará com que todos nós demos as mãos e cantemos o Kumbaya. A única razão pela qual ainda desfrutamos das liberdades e do modo de vida que desfrutamos é nossa capacidade de aplicar força militar superior quando ameaçados. E se os fenômenos demonstraram alguma coisa além de qualquer dúvida sobre as intenções das inteligências não humanas, é que eles não nos protegerão de nós mesmos.
O desacobertamento, quando feito corretamente, pode avançar significativamente nossa cultura, ciência e civilização em geral, de maneiras quase inimagináveis. Pode abrir horizontes inteiramente novos para a vida e as aspirações humanas. Mas devemos nos proteger contra o desacobertamento irresponsável e a demonização de um estabelecimento de defesa que, seja o que for verdade, em última análise, protege nossas liberdades e modo de vida.
(Fonte)
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