As primeiras amostras trazidas do asteroide Bennu para a Terra revelaram que uma delas tinha uma salmoura antiga com minerais cruciais para a vida.
Uma pesquisa publicada na Nature mostra que a água evaporou em Bennu, deixando para trás um caldo salgado que teria permitido que os ingredientes para a vida se misturassem e criassem estruturas mais complexas.
Esses minerais datam da formação inicial do sistema solar.
O co-autor principal, Tim McCoy, curador de meteoritos no Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, nos EUA, disse:
“Agora sabemos por Bennu que as matérias-primas da vida estavam se combinando de maneiras realmente interessantes e complexas no corpo parental de Bennu. Descobrimos o próximo passo no caminho para a vida.”
O asteroide pai de Bennu se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, no início do sistema solar. Este corpo parece ter tido bolsões de água líquida que evaporaram e deixaram para trás salmouras semelhantes às crostas salgadas dos leitos secos dos lagos da Terra.
A NASA lançou a missão OSIRIS-REx ao asteroide 101955 Bennu em 2016. Ele chegou ao asteroide em 2018 com cerca de 120g de material da superfície trazido para a Terra, chegando em 2023.
Bennu despertou o interesse de astrônomos e astrobiólogos por causa de sua órbita próxima à Terra e sua composição rica em carbono.
Ele pode ajudar os cientistas a entender como os compostos orgânicos que eventualmente formaram a vida chegaram à Terra.
Análises das amostras da missão OSIRIS-REx da NASA estão sendo realizadas em todo o mundo. O microscópio eletrônico de varredura de última geração do Smithsonian permitiu que a equipe de McCoy detectasse características microscópicas com menos de um micrômetro de diâmetro – cem vezes menores que a largura de um fio de cabelo humano.
Eles encontraram vestígios de compostos de carbonato de sódio contendo água, comumente conhecidos como carbonato de sódio, na amostra. Esses compostos nunca foram observados diretamente em nenhum outro asteroide ou meteorito.
Esses compostos de carbonato de sódio ocorrem naturalmente na Terra em lagos evaporados.
A salmoura de Bennu é quimicamente diferente das encontradas na Terra. Os compostos do asteroide são ricos em fósforo. Falta boro, que é comum em lagos de soda na Terra.
McCoy diz:
“Agora sabemos que temos os blocos de construção básicos para seguir esse caminho em direção à vida, mas não sabemos até que ponto esse ambiente pode permitir que as coisas progridam.”
Um segundo artigo publicado na Nature Astronomy inclui descobertas adicionais da análise, incluindo a identificação de aminoácidos construtores de proteínas nas amostras de Bennu. Existem também 5 nucleobases que compõem a composição molecular do RNA e do DNA.
Alguns desses compostos nunca foram vistos em meteoritos.
McCoy acrescenta:
“Este é o tipo de descoberta que você espera fazer em uma missão. Encontramos algo que não esperávamos, e essa é a melhor recompensa para qualquer tipo de exploração.”
(Fonte)
Colaboração: MaryH
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