O acobertamento oficial do incidente do OVNI em Eglin
Por Josep Guijarro
O mistério em torno do incidente “OVNI de Eglin” foi “resolvido” pelo Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO) em um relatório detalhado fornecido ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 24 de abril e está disponível online.
Bem, mais do que resolver o avistamento, confirma que o AARO já é uma espécie de versão 2.0 do Projeto Blue Book que foi responsável por pôr fim à preocupação pública sobre um número crescente de avistamentos de OVNIs relatados desde 1947, incluindo alguns sobre a Casa Branca ou o Capitólio dos Estados Unidos. E afirmo isto porque este caso, do qual tomamos conhecimento graças ao representante republicano da Flórida, Matt Gaetz, é explicado como sendo um “balão comercial” quando para o piloto de caça era um objeto diferente de qualquer tecnologia humana conhecida. Vamos ver:
O avistamento ocorreu em 26 de janeiro de 2023, envolvendo um piloto militar durante um exercício de rotina no espaço aéreo próximo à Base Aérea de Eglin, na Flórida.
O relatório destaca que Matt Gaetz desempenhou um papel crucial na divulgação deste incidente ao público em geral. Durante uma audiência no Congresso, Gaetz discutiu o caso e destacou uma fotografia tirada por pilotos da Força Aérea, descrevendo o OVNI como uma “esfera” que demonstrava capacidades além da tecnologia humana. Os comentários de Gaetz atraíram uma atenção significativa dos legisladores e do público em geral, enfatizando as suas implicações para a segurança nacional e a necessidade urgente de investigar mais profundamente estes fenômenos inexplicáveis. As suas observações sublinharam as complexidades e ameaças potenciais representadas pelos Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) em áreas militares sensíveis.
De acordo com o relatório do AARO, o piloto detectou no radar quatro objetos entre 16.000 e 18.000 pés (4.900 a 5.500 metros) de altitude que pareciam estar voando em formação. No entanto, apenas um desses objetos foi confirmado visualmente pelo piloto e posteriormente registrado através do sensor eletro-óptico/infravermelho (EO/IR) da aeronave.
O objeto observado visualmente foi descrito como sendo “cinza com uma superfície apainelada e uma cor laranja-avermelhada no centro”. Inicialmente houve especulação sobre uma característica semelhante a um motor ligada ao objeto, mas este detalhe não pôde ser corroborado com dados adicionais ou evidências visuais.
A análise doAARO conclui que é “muito provável que o OVNI seja um objeto mais leve que o ar, como um grande balão de iluminação comercial”. Esta conclusão foi baseada em vários dados, inclusive testemunhos de pilotos, dados de sensores e análises comparativas com objetos aéreos conhecidos, como balões utilizados para pesquisas meteorológicas ou para fins comerciais.
Curiosamente, durante o incidente, o piloto relatou uma falha no radar, que foi determinada como um disjuntor ativado, um problema recorrente na aeronave que foi avaliado como não relacionado à presença do OVNI.
À luz destas descobertas, o AARO conclui no seu relatório, com “confiança moderada”, que o objeto não apresentava características ou capacidades anômalas. “Nenhuma característica, comportamento ou capacidade de voo anômalos foram confirmados”, diz literalmente. A identificação foi ainda apoiada por testes laboratoriais num balão de iluminação comercial que apresentava características físicas semelhantes às descritas pelo piloto. Caso encerrado.
Mas, curiosamente, até os mais céticos zombam da explicação.
Através de sua conta X (antigo Twitter), Mick West escreveu: “A imagem à esquerda é a imagem térmica IR, ajustada apenas para os níveis. Mostra um ‘chapéu’ bastante irregular, que não é realmente consistente com a hipótese do globo luminoso“.
E o relatório da AARO aborda várias questões importantes do incidente da Base Aérea de Eglin. Por exemplo, através de um pedido FOIA soube-se que já existia um vídeo do incidente, no entanto, o AARO modifica a sua resposta e diz que não há vídeo.
O mau funcionamento do radar de bordo também merece consideração. Durante o incidente, o piloto relatou um mau funcionamento deste dispositivo que, segundo as conclusões do relatório, foi devido a um disjuntor desarmado, problema recorrente da aeronave que o AARO considera não relacionado à presença do OVNI, porém, também diz que “os técnicos não conseguiram diagnosticar conclusivamente a causa da falha”. Um oxímoro de livro didático.
(Fonte)
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