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“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?

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Provável assinatura revelaria a paternidade da obra mais cara da História

“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?
O gênio toscano (Aidan Turner) com a fictícia Caterina da Cremona (Matilda De Angelis) na série LEONARDO DA VINCI (Lux Vide): com o passar dos séculos, o artista se coloca cada vez mais sólido como a personagem mais intrigante jamais vista (FOTO: Divulgação – 2021).

Por Átila Soares da Costa Filho

Examinar detalhes ocultos em obras de arte antigas, castigadas pelos efeitos da passagem do tempo é tarefa especialmente árdua. Em alguns casos, praticamente impossível devido às naturais inconveniências de um exame direto sobre o material original. E isto é especificamente mais dramático no caso do “Salvator Mundi”, a polêmica pintura recordista atribuída a Leonardo da Vinci (vendida por 450 milhões de dólares), e leiloada ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, pois vem de um profundo restauro após severas avarias na pintura original. Porém, com as melhores reproduções após a limpeza e antes do restauro aos quais a obra se submeteu, é possível, graças à intervenção de um avançado software de edição de imagens, detectar as linhas que fortemente induzem ao reconhecimento de algo bem peculiar. É verdade que o ponto ao qual se quer sublinhar é apenas o fato de uma possibilidade de evidência sobre algo contra vestígios aleatórios. As chances de uma coincidência entre traços e as letras propriamente ditas, claro, existem e ainda existe o fato – como dito – da interferência em favor de uma interpretação errônea devido à qualidade fora do ideal em algumas das fotos disponíveis.

“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?
A mais cara: a pintura, aqui, é contemplada pela equipe da casa de leilões Christie’s, Nova York. A mesma estaria reservada a um endereço fixo no Louvre de Abu Dhabi, mas nunca mais foi vista (FOTO: Reuters – 2017).

Porém, “Salvator” nos reserva uma surpresa: a suposta assinatura de Leonardo, alocada num dos olhos do Messias aí representado.

“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?
“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?
“Salvator Mundi”: Enfim, a verdade?
O nome no olho direito? Alguns fragmentos aparentes da inscrição “lionardo” podem ser vistos até mesmo na fase pós-limpeza / pré-restauração da pintura ainda danificada, segundo estudo de Átila Soares. Acima, uma das assinaturas conhecidas de Da Vinci, “IO (EU), lionardo”. O peculiar “I” deste “IO” chega a ser detectável nas reproduções fotográficas preliminares da obra.Mais análises poderiam confirmar a suspeita. (FOTOS: Wikimedia – 2017 / Soares – 2020).

Dentro do olho. Este elemento que encontramos ao analisar algumas reproduções em alta resolução da pintura, vem das marcas em seu olho direito (ponto de vista do Cristo), talvez indicando uma inscrição: “lionardo”. Encontrado ao longo da curvatura logo abaixo da íris, é semelhante a algumas assinaturas do artista toscano. Como de costume, as linhas aqui também não são fáceis de se identificar, mas uma soma gráfica sequencial de evidências parece indicar alguma “intenção” por trás do que pode parecer apenas marcas ao acaso.

Quanto a eventuais suspeitas de que a restauração da Dra. Modestini possa ter “fabricado” involuntariamente estas linhas, devemos considerar que mais da metade da área na qual esta “inscrição” repousa, aparentemente, escapou de danos mais perceptíveis – o que é bem evidenciado pelo infravermelho. Além disto, esta parte foi completamente limpa da pintura antiga. Modestini, aliás, garante que interveio o menos possível trabalhando aí. Como a mesma atesta que a restauração do olho direito foi razoavelmente satisfatória, pode-se entender que haja uma grande probabilidade de que a parte onde estas marcas estejam possa ter preservado a base de sua estrutura gráfica sobre a qual se desdobrou a recuperação total. Vale também a avaliação de Martin Kemp que, pasmo ao ver diretamente os resultados, declarou que, acima do olho direito havia notado a manipulação da tinta por Da Vinci usando a palma da mão (típico de Leonardo). Em outras palavras, tudo isto pode ser entendido como um atestado de boa fidelidade sobre o que podemos ver hoje nesta fração em relação ao que deve ter sido há 500 anos.

O “Ritratto di Lecco”: o desenho de um corpo evocando o do Santo Sudário, em sanguínea atribuída a Leonardo, poderia estabelecer um elo entre a mesma, a própria Mortalha de Turim e o “Salvator Mundi” (FOTOS: GM / Pascal Cotte / Átila Soares – 2022).

Importante atentar que uma assinatura no “Salvator” reafirmará uma conexão entre o “Ritratto di Lecco” (base de outros dois achados meus relacionados ao Sudário de Turim) e a mesma, evidenciando uma fortíssima associação entre Da Vinci e demais elementos. O motivo é que, em autenticando-se “Salvator”, a mesma noção do Cristo “sindônico” sobre a qual foi inspirado também estaria nesta sanguínea do século XVI, onde fui capaz de detectar um corpo nu em meio aos cabelos do Messias – assemelhando-se muito às marcas na Mortalha. Logo, uma proximidade por parte de Leonardo ao tema “Síndone” poderia se manifestar não em uma, mas em três representações de Jesus (até onde o sabemos): a de frente (“Salvator Mundi”), em ¾ e de perfil (“Lecco”, contando-se com a representação oculta nos cabelos, de corpo inteiro). O conjunto de todas estas peças poderia, enfim, pôr um termo na disputa entre apoiadores e detratores da obra em mãos sauditas, visto que os argumentos sobre um anular a paternidade do outro estariam justificadamente superados: Um Messias “bizantino” frontal, igualando a Sagrada Face na mortalha (“Salvator Mundi”), coexistindo harmonicamente com uma versão mais “moderna” (“Ritratto di Lecco”), com esta última se colocando como uma ponte entre o “Salvator” e o Sudário.

Por esta descoberta – publicada na revista “Humanitas” (Ed.Escala, São Paulo) em abril de 2022 – mostro que estas marcas são um fato. Em assim sendo, qualquer contribuição acadêmica para um aprofundamento desta suspeita seria interessante. Os estudos prosseguem, mais que nunca, inspirados nas palavras do próprio Leonardo: “Quem têm olhos, que vejam”.

Átila Soares da Costa Filho

Para maiores informações (em Inglês): https://professoratilasoares.weebly.com/specials-salvator-mundi.html

REFERÊNCIAS.

https://salvatormundirevisited.com/Condition-and-Restoration (último acesso: 15/06/2022)

Argan, Giulio Carlo. Arte e crítica de arte. Lisboa: Estampa, 1988.

Costa Filho, Átila Soares da. A Jovem Mona Lisa. Rio de Janeiro: Multifoco, 2013.

Pomilio, Mario; Chiesa, Angela Ottino della. “L’opera completa di Leonardo pittore”. Coleção Classici dell’arte, vol.12. Milão: Rizzoli, 1978.

Santillano, Giorgio de et al. Leonardo da Vinci (An Artabras Book). Nova York: Reynal & Co. e William Morrow & Co., 1965.



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