O cérebro humano percebe o mundo com um atraso de 15 segundos
Sempre… de volta ao passado.
Quando visualizamos a estrela gigante Betelgeuse, no céu limpo, vemos a estrela em seu estado a 642,5 anos atrás, já que essa é a distância que sua luz leva para chegar a Terra. Assim ocorre com todos os corpos celestes. Enxergamos deles o que eram no passado.
Nosso cérebro é carregado com estímulos visuais.
E, o que ocorre com nosso cérebro é o mesmo o que ocorre com Betelgeuse, respeitando as proporções. O que enxergamos, a todo momento, não é em tempo real pois o carregamento do nosso cérebro ocorre a cada 15 segundos. Se assim não fosse, “sentiríamos como se estivessemos sempre com alucinações”, explicou David Whitney, co-autor de um estudo realizado pelo neurocientista Mauro Manassi, da UC Berkeley da Universidade de Califórnia.
O estudo constata que nosso cérebro não fixa imagens em tempo real, mas versões anteriores dos estímulos visuais.
Os resultados analisam o mecanismo conhecido como “campo da continuidade”, uma função de percepção em que o cérebro une tudo o que vemos em uma base de informações constante, garantindo uma sensação de estabilidade visual.
Participaram da experiência 100 voluntários, através de uma plataforma virtual para a pesquisa. Os indivíduos viram de perto projeções grandes de rostos que se multiplicavam em vídeos de 30 segundos. A quantidade de rostos mostrados variava de acordo com a idade ou gênero e as imagens incluíam somente olhos, sobrancelhas, nariz, boca, queixo e bochechas, sem incluir cabelo e barba.
Quando lhes foi pedido para identificar o rosto que viram após a visualização do vídeo, os participantes escolheram quase consistentemente um quadro que enxergaram no meio da exibição ao invés do último, que teria representado a imagem mais atualizada e recente em contato com o cérebro.
A experiência revelou que o campo da continuidade é uma função intencional da consciência, ou seja, “a lentidão do nosso sistema visual para atualizar pode nos tornar cegos a mudanças imediatas, porque agarra a nossa primeira impressão e nos puxa para o passado, ou seja, o campo da continuidade apoia a experiência de um mundo estável“, segundo Whitney.
-Fran01
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