Conheci o irmão jesuíta Guy Consolmagno, chefe do Observatório do Vaticano, e às vezes chamado de “o astrônomo do papa”, depois de um evento sobre ficção científica e teologia que realizamos no Sheen Center for Thought & Culture.
Acabamos conversando muito sobre alienígenas. Ele concordou comigo que a tradição intelectual católica não teria absolutamente nenhum problema com a ideia de vida inteligente – isto é, substâncias de natureza racional (a definição clássica de uma “pessoa” em meu campo) – em outros planetas.
Mas quando questionado em uma entrevista posterior mais aprofundada sobre esses tópicos se ele estaria disposto a batizar um alienígena, ele disse: “Só se ela pedisse”.
Em um ponto de nossa história, a discussão sobre pessoas não humanas teria se limitado a Wookies como Chewbacca em “Star Wars” ou Vulcanos como Spock em “Star Trek“. Mas com o impressionante segmento de “60 Minutes” sobre OVNIs nesta semana, agora é justo dizer não apenas que temos algo próximo a uma forte evidência de que não estamos sozinhos no universo, mas que a ideia se tornou popular.
De acordo com o programa principal da CBS News, um relatório do diretor de inteligência nacional e do Pentágono deverá apresentar ao Congresso no próximo mês evidências de vídeo de encontros incríveis com OVNIs – incluindo pilotos da Marinha que afirmam encontrá-los “todos os dias. ”
Há alguma chance de que esses veículos possam ser tecnologia de espionagem supersecreta de, digamos, China ou Rússia que não conhecíamos anteriormente. Mas à luz dos movimentos documentados que nenhuma outra aeronave conhecida pode desempenhar – mesmo quando voando contra um forte vento contrário e sem qualquer tipo de pluma de escapamento – a explicação do OVNI é, notavelmente, mais provável neste ponto.
O senador Marco Rubio disse ao “60 Minutes” que seus colegas estão muito interessados em obter o relatório e que o estigma em torno desta questão está começando a desaparecer.
Ele disse:
“Quero que levemos isso a sério e tenhamos um processo para levá-lo a sério. Quero que tenhamos um processo para analisar os dados sempre que eles chegarem. Que haja um lugar onde isso seja catalogado e constantemente analisado, até obtermos algumas respostas. Talvez tenha uma resposta muito simples. Talvez não.”
Eu ouvi muitas pessoas ao longo dos anos especularem sobre o que a realidade de pessoas não humanas em outras planetas significaria para a crença religiosa – sugerindo que seria algum tipo de desafio ou problema. Mas eu concordo com Ezra Klein, que argumentou em uma coluna recente do New York Times que o desafio é na verdade mais profundo para sua própria visão de mundo secular, que posiciona a humanidade como uma espécie de acidente cósmico em um cosmos vazio.
Ao contrário, observa Klein, as tradições religiosas sempre acreditaram que compartilhamos a Terra e o universo maior com outros seres inteligentes: anjos, demônios, semideuses, gênios e outros tipos de inteligências não humanas.
Perdemos essa mentalidade no Ocidente desenvolvido à medida que a visão de mundo de Klein se tornou dominante, mas em um curso que ensino para formandos em teologia intitulado “Animals, Angels and Aliens: Beyond the Human in Christian Thought” (“Animais, Anjos e Alienígenas: Além do Humano no Pensamento Cristão”), tento ajudar meus alunos a compreender e apreciar uma visão mais ampla e mais aberta do universo, e como reconhecer a existência de outras potências e principados pode quebrar suas visões de mundo amplamente míopes.
Um dos textos que uso no curso é o maravilhoso livro de Thomas F. O’Meara, “Vast Universe“, que oferece aos novatos uma boa pesquisa sobre o pensamento a respeito dos extraterrestres e a revelação cristã. De Orígenes no século III a Tomás de Aquino no XIII e os pensadores renascentistas dos séculos XV e XVI já existe um conjunto robusto de reflexões teológicas sobre uma série de questões que as pessoas não humanas em outros planetas produzem.
Jesus morreu por eles também? Ou eles precisariam de sua própria Encarnação e salvador? Ou talvez eles não tivessem um pecado original primitivo que desordenou sua natureza e ambiente e, portanto, não teriam a “falha feliz” que produziu nossa história particular de salvação? Eles são governados por nosso senso de certo e errado ou seria bem diferente? Ou eles seriam capazes de pecar?
Longe de ser uma espécie de obstáculo para a fé religiosa, o fato de nos tornarmos cientes da existência de outras criaturas racionais no cosmos provavelmente revigoraria a investigação teológica de maneira bastante dramática, e a tradição intelectual da Igreja nessas questões seria aplicada de maneiras importantes e estimulantes.
Então venha, diretor de inteligência nacional e Pentágono. Vamos ver o que você tem. A tradição intelectual católica está pronta para ajudar a humanidade a interpretar e processar o fato de que não estamos sozinhos no universo.
(Fonte)
A fé católica, bem como de algumas outras religiões, parece estar pronta para isso, enquanto outras não, como pode ser visto no artigo abaixo. Mas no fundo, é a cabeça de cada indivíduo que vai reger a reação final de cada um, penso eu.
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