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Projeto 57: Local indicado por Bob Lazar foi contaminado por plutônio

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Tempo de leitura: 13 min.

O seguinte artigo foi publicado no blog João Marcelo, e parece estar colocando Bob Lazar em xeque:

Projeto 57: Local indicado por Bob Lazar foi contaminado por plutônio

Um local secreto no deserto

Durante o final dos anos 50, o deserto de Nevada, perto do lago seco Groom, ecoou com o barulho de motores a jato enquanto o avião espião U-2 da Lockheed seguia seu caminho. A pequena base aérea, no extremo sudoeste do lago, era chamada de Watertown. Lá, a Lockheed desenvolvia o avião e seus sistemas, enquanto pilotos que respondiam à Agência Central de Inteligência (CIA) treinavam para missões operacionais de reconhecimento. Sobre as colinas de Yucca Flat, a Comissão de Energia Atômica (AEC) estava detonando bombas nucleares. Por Watertown estar na direção a favor do vento que vem da Área de Testes de Nevada (NTS), ela recebeu muito da precipitação radioativa. Consequentemente, houve um acordo de que o pessoal de Watertown seria evacuado antes de um lançamento nuclear para limitar sua exposição. Muitos dos testes, e todos envolvendo explosões nucleares em escala total, aconteceram a mais de 16 km de distância. Um lançamento, entretanto, aconteceu na entrada de Watertown.

Uma questão de segurança

A série de testes de 1957, chamada Operação Plumbbob, incluiu 24 detonações nucleares e 6 experimentos de segurança. O primeiro da série foi um experimento de segurança chamado Projeto 57. Um teste desse tipo é geralmente conduzido para determinar se uma arma ou ogiva danificada em um acidente não irá detonar com uma produção nuclear, mesmo se algum ou todos componentes altamente explosivos queimarem ou detonarem. Enquanto não produz uma explosão nuclear, tal detonação geralmente espalha uma quantidade substancial de plutônio na atmosfera e por toda a paisagem ao redor. Sendo assim, experimentos de segurança também são conhecidos como testes de dispersão de plutônio.

Tais experimentos eram necessários porque quedas de aeronaves e acidentes logísticos envolvendo armas nucleares poderiam resultar em detonação de armas com componentes altamente explosivos, não produzindo nenhum derramamento nuclear, mas contaminando a área local com materiais radioativos. O Projeto 57 foi desenvolvido para estudar as partículas físicas de plutônio, a biomedicina dos animais expostos à precipitação radioativa, monitoração de radiação e descontaminação de superfícies contaminadas com plutônio. De acordo com Chuck Hansen, em Armas Nucleares dos EUA: A História Secreta, a arma usada era uma ogiva XW-25, com uma produção de 1,5 quilotons. A XW-25 tinha 68 cm de comprimento, 44 cm de largura e pesava aproximadamente 99 kg. Era feita para ser a ogiva do míssil ar-ar Douglas MB-1 Genie. Um documento anteriormente secreto, detalhando as minutas da primeira reunião sobre o Projeto 57, declara que a arma era para ser “explodida no solo no detonador de profundeza.”

Área 13

Este mapa mostra a localização do Projeto 57 na Área 13 e sua relação com a Área 51. A base aérea do Lago Groom é mostrada com uma aparência próxima da que possui hoje.

O primeiro desafio do Projeto 57 era escolher um local para os testes. Uma discussão extensa na primeira reunião do projeto focava em uma escolha entre “o Lago Papoose, com seus vales adjacentes, e o vale do Lago Groom, ao norte dali”, os dois fora da Área de Testes de Nevada. Os dois locais foram considerados iguais de um ponto de vista operacional, mas a decisão foi baseada nos níveis de contaminação do solo a partir de testes anteriores. Amostras extraídas por K. H. Larson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), indicaram que “no primeiro centímetro da cobertura, valores anteriores máximos de plutônio divergiam por um fator de 60”. O solo da área do Lago Groom continha um máximo de 0,5 microgramas de plutônio por metro quadrado comparado com os 30 microgramas por metro quadrado ao redor do Lago Papoose. Após revisar estes resultados, de acordo com as minutas da primeira reunião, “a escolha do vale do Lago Groom foi incontestável.”

A área de testes do Projeto 57 foi anexada ao complexo como Área 13, um trecho de terra de aproximadamente 16×25 km, vizinho a fronteira nordeste da Área de Testes, e parcialmente sobreposto à instalação de Watertown. A área sobreposta não era considerada parte da Área 13. O Marco Zero para a lançamento foi apenas a 8 km ao noroeste do Lago Groom e a 11 km da área de acantonamento principal da base aérea. As pessoas que chegavam ao local a partir da Área de Testes tinham que dirigir por Groom Pass, saindo de Yucca Flat, e então seguir para o norte da Valley Road por aproximadamente 13 km para alcançar o desvio do Marco Zero.

Um relatório antes secreto da Comissão de Energia Atômica, datado de 14 de março de 1957, descrevia a nova área de teste, declarando que ela “não era contaminada em um grau que poderia afetar o experimento, e, quando contaminada, não iria interferir com a condução dos testes nucleares da PLUMBBOB, que estavam marcados para o começo de maio de 1957. O Projeto de Armas Especiais das Forças Armadas obteve aprovação para o uso da terra para o teste”. Um apêndice do relatório continha uma carta para o Brigadeiro General Alfred D. Starbird, do Major General Alvin R. Luedecke, da Força Aérea, chefe do Projeto de Armas Especiais das Forças Armadas, explicando que “a entrada na área também foi aprovada e tem sido coordenada com a agência que tem usado o local.” A ogiva XW-25 foi transportada por ar a partir da pista de Yucca Flat, e então levada de caminhão para Watertown. Foi armazenada no Edifício 10 antes de ser transferida para a Área 13 como destino final.

O lançamento do Projeto 57 foi originalmente agendado para o começo de abril, mas foi adiado várias vezes. Evidentemente, as pessoas em Watertown foram evacuadas antes do lançamento, caso houvesse ventos desfavoráveis que pudessem espalhar plutônio sobre a base aérea ou um vazamento nuclear inesperado. A evacuação deve ter sido muito inconveniente para as operações de voos de teste e de treinamento em Watertown. De acordo com os documentos abertos, muitos dos atrasos foram devido a condições de tempo desfavoráveis.

Finalmente, na manhã de 24 de abril, o sinal foi enviado para o detonador e a carga altamente explosiva da ogiva destruiu a arma. Apesar de não ter havido obviamente uma explosão atômica, uma equipe de três homens com roupas de proteção foi enviada para determinar se qualquer risco de radiação beta ou gama existia a partir da produção nuclear. Não havia nenhum, mas a todas a pessoas que entravam na área era exigido que usassem trajes de proteção completo e respiradores para se protegerem de radiação alfa emitida pelo plutônio.

Riscos do plutônio

As imagens de um satélite russo mostram a Área 51 e a Área 13. O Lago Groom tem aproximadamente 5 km de distância de norte a sul. O Marco Zero do teste de dispersão de plutônio do Projeto 57 estava localizado 8 km a noroeste da margem do Lago Groom.

Vários isótopos de plutônio (Pu) são tipicamente encontrados em locais de testes de segurança: Pu-238 (com uma meia vida de 89 anos), Pu-239 (24.300 anos), Pu-240 (6.600 anos) e Pu-241 (14 anos). Pu-239 é o mais abundante. O decaimento de Pu-241 produz um isótopo de amerício, Am-241, que emite raios gama e tem uma meia vida de 432 anos. Técnicos de Segurança da Radiação (Rad-Safe) mediram emissões gama de Am-241 com um dispositivo chamado FIDLER (Instrumento de Campo para Determinação de Radiação de Baixa Energia). A atividade do Am-241 em solos contaminados fornece uma indicação adequada dos níveis de Pu-239/240.

O plutônio emite partículas alfa, a forma mais fraca de radiação. Uma folha de papel é proteção suficiente contra radiação alfa. Apesar das partículas alfa serem altamente energéticas, elas não são capazes de penetrar as camadas mortas de pele na superfície do corpo humano. Se inaladas, entretanto, mesmo quantidades microscópicas causarão danos a tecidos macios. Partículas de plutônio que são absorvidas na corrente sanguínea podem ser depositadas nos pulmões, fígado, nodos linfáticos ou na superfície de ossos recém formados. Lá, elas podem causar danos que podem levar ao câncer, anemia crônica, osteoporose ou necrose óssea que pode produzir fraturas espontâneas dos ossos. Tais resultados podem não se manifestar até 10, 20 ou 30 anos após a exposição, dependendo do tamanho da dose. Os danos aos pulmões podem ficar evidentes em poucos anos.

O Projeto 57 contaminou 362 hectares com poeira e fragmentos de plutônio e amerício. O risco primário às pessoas da área vem da suspensão de pequenas partículas de poeira de plutônio no ar. Amostras de solo extraídas no fim dos anos 90 indicaram que as partículas de plutônio na Área 13 são, em sua maioria, menores que 40 mícrones. A quantidade exata de plutônio usada para os testes permanece secreta, mas 1 libra (450 gramas) de plutônio envolvida em um incêndio ou explosão pode produzir, sob condições moderadas de vento, contaminação nociva por até 1,6 km na direção do vento.

Contaminação alfa em Watertown

Durante o Projeto 57, amostras de ar foram coletadas na área contaminada e em Watertown, e leituras foram feitas por períodos de 24 horas ao longo de 28 dias. De acordo com Os Riscos e as Características da Contaminação por Plutônio e Urânio, publicado pelo Grupo de Treinamento de Armas Atômicas em 1962, “nenhuma consideração foi feita para as mudanças de vento ou chuva, e as leituras feitas… foram menores do que é o adequado”.

Leituras iniciais nos locais de monitoramento de radiação não indicaram nenhuma precipitação radioativa detectável em Watertown. De acordo com um telex tornado público, datado de um dia após o lançamento, amostras de ar estavam “operantes em todas as áreas populosas”, e seriam checadas “após um período de 5 dias e [era] esperado que as leituras [seriam] insignificantes”. Depois de todas as amostras serem estudadas, foi determinado que havia pequena atividade alfa nos 12 dias que se seguiram ao lançamento, mas ela estava “bem abaixo das orientações operacionais”. Entretanto, isso significava que poeira suspensa de plutônio estava atingindo a base aérea em pequenas quantidades.

Como descrito em um relatório da Comissão de Energia Atômica sobre Atividades de Segurança Radiológica Externas para o Projeto 57, houve duas amostras de ar de alto volume, localizadas em Watertown, e bandejas de precipitação radioativa localizadas nos telhados do Prédio da Meteorologia, e em um prédio atrás da oficina de manutenção. Contagens alfa pequenas foram detectadas nas bandejas. Amostras de água da chuva foram coletadas 11 horas após o momento do lançamento quando uma chuva breve passou pela Área 13 e por Watertown. As amostras continham partículas alfa e beta. Água da cisterna de Deer Camp, a leste da Área 13, também foi recolhida, mas apenas continha uma pequena quantidade de radiação.

Técnicas de descontaminação

Um técnico do Projeto 57, com traje de proteção, recolhe uma bandeja de amostras com um dispositivo magnético

Trabalhadores da Rad-Safe, do Grupo Tarefa 57 da Área de Testes de Nevada, coletaram dados sobre partículas físicas, inalação de plutônio, monitoramento de partículas alfa, e técnicas de descontaminação em superfícies experimentais na Área 13.

Para o estudo específico sobre física, níveis de plutônio no ar e na superfície foram medidos em função do tempo após a detonação. Amostras de ar, precipitadores presos a balões, amostras de solo e métodos fotográficos foram usados. Cientistas construíram um modelo padrão da precipitação radioativa usando uma rede de mais de 4 mil bandejas adesivas distribuídas sobre uma área de 69 km quadrados. Eles também analisaram as características de fracionamento e a natureza física (tamanho, forma e distribuição) de partículas precipitadas. Curiosamente, os níveis máximos de concentração de contaminante alfa no ar foram encontrados a uma distância de 1,5 km do ponto de detonação.

Um campo de estudo biomédico examinou efeitos de curto prazo e crônicos da inalação do plutônio e a persistência dos detritos resultantes de descargas subcríticas. Para esse experimento, um grupo de testes com animais (cachorros) foi exposto a uma nuvem radioativa para analisar os efeitos de exposição aguda. Um grande grupo de cachorros foi colocado na zona contaminada por um longo tempo para estudar os efeitos da exposição crônica. Animais testados eram sacrificados periodicamente e submetidos a autópsia por cientistas veterinários para a coleta de dados.

Um terceiro estudo foi realizado para praticar o monitoramento de contaminação alfa em várias superfícies. Esse esforço correlacionou o monitoramento de dados alfa a partir dos coletores adesivos com dados do estudo de campo das placas de concreto. As placas e bandejas adesivas foram colocadas lado a lado em vários pontos da Área 13. Os monitores também fizeram leituras do solo e da vegetação próximas.

O esforço maior foi feito no desenvolvimento de técnicas para descontaminação da superfície de grandes áreas. Técnicos estudaram a remoção de plutônio de grandes áreas de terra, concreto e asfalto, e materiais usados em equipamentos e de construção (alumínio, aço, telhas galvanizadas e de asfalto, vidro, tijolo, estuque, madeira, etc.). Métodos de descontaminação do solo e fixação incluíram agentes de umidificação, lubrificação, lixiviação e estabilizadores, e pulverização com espuma antichamas, assim como discagem, aragem e raspagem. Os 5 centímetros superiores de solo foram retirados e transportados para serem enterrados na Área de Testes de Nevada. O solo foi arado em uma profundidade de 30 centímetros. Técnicos da Rad-Safe descontaminaram materiais de teste com lavagem, vaporização e aspiração. Equipamento contaminado foi descartado em aterros ao lado da Valley Road, dentro da Área 13.

Procedimentos de segurança contra radiação

Esse mapa mostra o local do Marco Zero do Projeto 57 (GZ) e a cerca ao redor da Zona Contaminada Alfa.

A Companhia Elétrica e de Engenharia Reynolds (REECo) providenciou apoio operacional de segurança de radiação para o Projeto 57. Antes do dia do teste, os operários da REECo ergueram uma instalação temporária de descontaminação na entrada para a estrada de acesso ao Marco Zero. Nela estavam armazenados suprimentos de instrumentos de detecção de radiação, roupas protetoras e outros equipamentos. O prédio também continha uma sala de equipamentos, chuveiros e um vestiário. Todas as pessoas que entravam ou saíam da zona contaminada tinham que passar pelo prédio da Rad-Safe. Locais de coleta foram feitos para tornar disponível o descarte de roupa contaminada. Ao noroeste do prédio, uma área de estacionamento foi estabelecida para veículos contaminados. Veículos sem contaminação estacionavam no lado sul do prédio. Também havia uma área de processamento de bandejas de precipitação radioativa e amostras de solo para envio para análise na Sandia Corporation.

Para proteger os trabalhadores da Área 13 contra os riscos da inalação de plutônio, foi exigido que as pessoas usassem roupa protetora completa, com todas as aberturas para a pele fechadas, e respiradores para o rosto inteiro, com filtros de alta eficiência. Proteção respiratória pesada tornava a respiração difícil durante trabalho físico pesado. Respiradores com suprimento de ar foram usados durante o programa de estudo biomédico. Eles forneciam pressão positiva dentro das roupas protetoras para que não houvesse vazamento e, assim, prevenir que os contaminantes entrassem no traje. Depois que a extensão das condições de risco na área de teste estava determinada, aos trabalhadores foi dada a opção de usarem respiradores com suprimento de ar ou respiradores com filtro para o rosto inteiro. Quando as restrições foram reduzidas mais tarde, respiradores de meia face, com filtros de alta eficiência, foram adotados para as áreas com menos de 1.100 microgramas de contaminação de plutônio por metro quadrado. Todos os participantes em atividades de campo do Projeto 57 receberam testes de bioensaio para checar exposição a plutônio. Esses testes consistiam primeiramente de amostras nasais e, ocasionalmente, análises de urina.

Uma vez que os membros do Grupo Tarefa 57 mapearam a extensão e a distribuição de contaminação remanescente de plutônio dentro da Área 13, a zona contaminada foi cercada e colocaram placas sinalizando sobre o Risco de Radiação Interna para pessoas não protegidas. Placas de aviso também foram colocados no fosso de equipamento, aproximadamente 90 metros a oeste do “Marcador Número 36”, na Valley Road. O local do Projeto 57 permaneceu abandonado e esquecido por quase 20 anos, enquanto a vizinha Watertown (designada como Área 51 em junho de 1958) se tornou um centro próspero para voos de testes secretos.

Retorno à Área 13

Mapa ilustrando os níveis de contaminação radioativa dentro da seção cercada da Área 13.

Nos anos 70, a área contaminada foi estudada pelo Grupo de Ecologia Aplicada de Nevada (NAEG), do Departamento de Energia, para estimar a quantidade e distribuição de plutônio no solo. Cientistas do NAEG coletaram várias amostras de solo para análise. Em 1974, A. Wallace e. M. Romney (do Laboratório de Ciências Biomédicas e Ambientais) inspecionaram a Área 13 para avaliar a recuperação da vegetação e comparar as condições do solo da superfície. Eles descobriram que as áreas aradas e raspadas tiveram aproximadamente 25% da vegetação recuperada, comparas com a paisagem intocada ao redor. Áreas tratadas com óleo apareceram iguais a áreas não tratadas, exceto por algum resíduo de óleo. Baseado em uma pesquisa FIDLER, R. O. Gilbert estimou (em um artigo incluído no Resíduos Transurânicos em Ecossistemas de Deserto, NVO-181, 1977) que o inventário de Pu-239/240 remanescente nos 5 centímetros superiores de solo na Área 13 era de aproximadamente 46 Curies, cobrindo uma área de 4.017.000 metros quadrados. Em uma pesquisa aérea feita em 1979 por A. E. Fritzsche, gerou-se um inventário estimado de 62,1 a 90,5 Curies de Pu-239/240, baseado nos níveis de Am-241. Em seu relatório de 1980, Estimativas de Remoção de Solo para Limpeza de Resíduos Transurânico nos Locais de Segurança Externos do NAEG, R. R. Kinnison e R. O. Gilbert usaram um resumo dos dados disponíveis para determinar a quantidade de remoção de solo necessária para descontaminar o local do Projeto 57 para 160-picoCuries de plutônio. Eles determinaram que aproximadamente 198.000 toneladas dos primeiros 15 cm de solo precisariam ser removidas de uma área cobrindo 108 hectares. Estudos de perfis de solo indicaram que a maioria dos contaminantes de plutônio estavam localizados nos primeiros 5 centímetros.

Em 1981, o Departamento de Operações de Energia de Nevada (DOE-NV) solicitou financiamento através do Programa de Gerenciamento de Instalações Remanescentes (SFMP) para a descontaminação e desativação da Área 13. O pedido para o financiamento foi apresentado por Arden E. Bicker, da REECo. No pedido, Bicker descreve a Área 13 como estando a “aproximadamente 9,5 km de uma estrada pública e diretamente adjacente ao local de uma instalação militar de rápido crescimento”. De fato, a zona contaminada estava localizada ao leste da Valley Road, que é a via principal da Área 51 até a cidade de Rachel, em Sand Springs Valley, ao norte da Área 13. A “estrada pública”, descrita por Bicker, era a estrada para a mina Groom. Três anos depois, a estrada, a mina e a maior parte das Montanhas Groom foram confiscadas pela Força Aérea para evitar o acesso público e fornecer segurança adicional para a Área 51.

Plano de descontaminação

Uma proposta de resposta do SFMP à solicitação descreve o pedido “para providenciar fundos, começando no ano fiscal de 1983, para permitir que o DOE remova superfície de solo contaminado da Área 13 e descarte em instalações de eliminação apropriadas na Área de Testes de Nevada”. Estimativas de volume de solo contaminado indicaram que levaria 10 anos para completar a limpeza, se o financiamento fosse disponibilizado. O pedido foi revisto pelo Conselho de Revisão de Aprovação de Instalações para determinar se o local era elegível.

O Conselho de Revisão discutiu o fato de que a Área 13 era externa à Área de Testes de Nevada, na Base Aérea de Nellis. Teoricamente, então, seria responsabilidade da Força Aérea descontaminar o local (ou abandoná-lo). Também, o Conselho se perguntou se era mesmo apropriado incluir uma parte de solo contaminado no SFMP, já que este não era uma “instalação” propriamente dita.

As questões mais urgentes foram baseadas na porção “Requerimentos para Aceitação”, do Procedimento para Aceitação de Instalações do SFMP, as regras e regulações para inclusão no SFMP. Esses requerimentos declaram que “a instalação deve estar em uma condição de segurança radiológica”. Especificamente, a pesquisa de radiação/contaminação atual da instalação e da área ao redor tem que estar disponível, as estruturas e o equipamento de monitoração tem que ser adequados para conter e monitorar qualquer radioatividade, e sistemas de segurança e procedimentos têm que ser adequados a prevenir entrada não autorizada. O Conselho de Revisão estava muito preocupado com esses pontos.

Na época da solicitação original para a aceitação do SFMO, a pesquisa radiológica mais recente da Área 13 tinha sido feita em 1977. Os resultados foram relatados apenas para a terra dentro dos 362 hectares da zona contaminada. O Conselho notou o fato de que “migração adicional de Pu dentro do local desde a pesquisa de 1977, e a dispersão de Pu fora das fronteiras do local não foram discutidas no pedido do DOE-NV”. A solicitação também declarava que “monitoração mínima do DOE está sendo feita na Área 13 porque a área contaminada não está dentro do controle direto do DOE”. O Conselho se negou a aceitar a Área 13 no SFMP, declarando que “com a informação limitada disponível, o conselho foi incapaz de avaliar a segurança radiológica atual do Projeto 57”.

O Conselho fez várias recomendações para o DOE-NV que iriam permitir que o local do Projeto 57 se adequasse às diretrizes para o financiamento do SFMP. Uma nova pesquisa radiológica foi exigida para determinar a extensão e migração de plutônio da zona contaminada cercada. Uma análise de risco teve que ser feita, com ênfase particular na avaliação da exposição de radiação prevista dos trabalhadores no novo local de construção. O DOE-NV teve que determinar uma concentração aceitável do nível de plutônio no solo (para quaisquer níveis detectados depois da limpeza). O Conselho também exigiu que o DOE-NV providenciasse uma descrição das medidas de segurança que garantiriam que o plutônio não continuaria a migrar para locais externos.

Custos de limpeza

O DOE-NV seguiu as recomendações do conselho, e o local foi, subsequentemente, aceito no Programa de Gerenciamento de Instalações Remanescentes. De acordo com os documentos do DOE, a fase inicial da operação foi marcada para começar em outubro de 1982. Antes de tudo, uma caracterização preliminar do local foi feita para a zona contaminada do Projeto 57 e o local inativo de despejo de lixo contaminado adjacente a Valley Road. Também incluído no orçamento fiscal do ano de 1983 estavam planos para o trabalho de pesquisa do perímetro, via e análises de critério, investigação de técnica de investigação, especificação de engenharia de projeto e equipamento, e aquisição de equipamento de laboratório móvel. Essa fase foi marcada para ser completada em setembro de 1983 a um custo total de 500 mil dólares.

Depois, equipamentos pesados foram obtidos para a escavação de solo contaminado. Quatro transportadores de minério de 30 toneladas e um equipamento de terraplenagem foram adquiridos por 1 milhão e 250 mil dólares. Um poço foi escavado para apoio de supressão de poeira para prevenir nova suspensão de plutônio na atmosfera. A descontaminação de fato foi marcada para começar em janeiro de 1984, com um esforço inicial para remover 36 mil metros cúbicos de solo. As despesas estimadas para o ano fiscal de 1984 foram de 2 milhões e 500 mil dólares.

Mais três transportadores de minério de 30 toneladas e 5 mil tanques de água foram adquiridos no ano fiscal de 1985 para apoiar a remoção de mais 82 mil metros cúbicos de solo. Os custos totais para o ano de 1985 foram estimados em 2 milhões e 500 mil dólares. O plano para a remoção de 91 mil metros cúbicos de solo por ano, do ano fiscal de 1986 até o ano fiscal de 1991, teve um custo anual de 2 milhões e 500 mil dólares.

O destino da Área 13?

O projeto de descontaminação e desativação foi marcado para terminar no ano fiscal de 1992. As tarefas incluíam a descontaminação final, nova vegetação, desmobilização, certificação e produção de um relatório final. O custo total para o ano fiscal de 1992 foi estimado em 500 mil dólares. O custo total do projeto foi estimado em 21 milhões. Nenhum documento veio à tona ainda para mostrar se o projeto continuava ou não dentro do orçamento. Uma foto de um satélite espião russo, de 1998, aparentemente mostra o grande volume de solo que foi removido recentemente de uma área ao norte da zona contaminada do Projeto 57, na Área 13.

Entretanto, a limpeza do local do Projeto 57 ainda era uma preocupação durante estudos ambientais no fim dos anos 90. Uma caracterização final do local foi completada em 1998 e uma avaliação completa da limpeza de plutônio foi marcada para o ano fiscal de 1999. De acordo com Steve L. Hoeffner et al (Instituto de Pesquisa da Universidade de Vlemson) e Richard Smalley (Instituto de Política de Despejos/Campus de Pesquisa de Savanna River), na Avaliação de Métodos de Remediação para Solo Contaminado por Plutônio, “uma quantidade limitada de dados está disponível para os solos da Área 13,” e a limpeza do local é de “baixa prioridade”.

(Fonte)


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