Ozônio e dióxido de carbono são detectados na atmosfera de Marte
O TGO (Trace Gas Orbiter) da missão ExoMars da ESA detectou assinaturas nunca antes vistas de ozônio (O3) e dióxido de carbono (CO2) enquanto orbita Marte.
O TGO passou dois anos buscando entender a mistura de gases que compõe a atmosfera marciana e, mais especificamente, o mistério que envolve a presença de metano naquele planeta.
De acordo com uma declaração recente da Agência Espacial Européia, a sonda se deparou com assinaturas nunca vistas de ozônio (O3) e dióxido de carbono (CO2) – com base em um ano marciano de observações de seu sensível Atmospheric Chemistry Suite (ACS) )
As descobertas estão descritas em dois artigos publicados em Astronomy & Astrophysics, um liderado por Kevin Olsen da Universidade de Oxford (Reino Unido) e outro por Alexander Trokhimovskiy, do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Russa de Ciências, em Moscou.
Olsen explicou:
Esses recursos são intrigantes e surpreendentes.
Eles estão na faixa exata do comprimento de onda em que esperávamos ver os sinais mais fortes de metano. Antes dessa descoberta, o recurso de CO2 era completamente desconhecido, e esta é a primeira vez que o ozônio em Marte foi identificado nesta parte da faixa de comprimento de onda infravermelho.
A atmosfera marciana é dominada por 95% de dióxido de carbono, 3% de nitrogênio, 1,6% de argônio e possui traços de oxigênio, monóxido de carbono, água, metano e outros gases, além de muita poeira. Os cientistas observam a atmosfera para medir temperaturas, rastrear estações, explorar a circulação do ar e muito mais.
O ozônio – que forma uma camada na atmosfera superior de Marte e da Terra – ajuda a manter a química da atmosfera estável.
As naves espaciais, como a sonda Mars Express da ESA, detectaram CO2 e ozônio, mas a excelente sensibilidade do ACS a bordo do TGO tornou possível revelar novos detalhes sobre como esses gases interagem com a luz.
Observar o ozônio na faixa em que o TGO procura por metano é um resultado que ninguém previu.
Embora os cientistas já tenham mapeado variações no ozônio marciano em função da altitude, até agora, eles usaram métodos que dependem de pegadas de gás no ultravioleta, uma técnica que permite apenas a realização de medições em grandes altitudes (mais de 20 quilômetros acima da superfície).
Os novos resultados demonstram que também é possível mapear o ozônio marciano no infravermelho, para que seu comportamento possa ser medido em altitudes mais baixas, a fim de obter uma visão mais detalhada de seu papel no clima do planeta.
Tudo isso contribui para uma melhor compreensão do misterioso metano de Marte, porque um dos principais objetivos do TGO é explorar o metano marciano.
Até o momento, os sinais marcianos de metano – vistos pela primeira vez em missões como o Mars Express da ESA em órbita e do jipe-sonda Curiosity da NASA na superfície – são variáveis e intrigantes.
Embora o metano possa ser gerado por processos geológicos, a maior parte do metano na Terra é produzida por organismos vivos, de bactérias a animais e atividades humanas.
Por esse motivo, é empolgante detectar metano em outros planetas, principalmente porque se sabe que esse gás se decompõe após cerca de 400 anos, o que implica que todo o metano presente deve ter sido gerado ou liberado em um passado relativamente recente.
(Fonte)
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