Respostas para as perguntas que todos fazem sobre o principal pesquisador do Caso Varginha
O blog do canal João Marcelo publicou o seguinte artigo, que é um manifesto pelo Dr. Ubirajara Rodrigues, principal investigador do Caso Varginha. Como temos que sempre ser imparciais e examinar ambos os lados da moeda, fica aqui o registro para apreciação de nosso leitores:
Abaixo o manifesto do Dr. Ubirajara Rodrigues publicado em 2010 por pesquisadores do CUB. Postamos aqui para que sejam respondidas as especulações infundadas acerca dele que permanecem até hoje nos quatro cantos da internet. Dez anos depois o texto permanece atual e esclarecedor:
Meus caríssimos Colegas e companheiros de estudos ufológicos.
Pela primeira vez, alguns Colegas de fora do circuito dos ataques emocionados, fazem-me indagações como as que seguem abaixo.
Antes desculpo-me por prestar uma declaração: quando dirigem a mim tais questões, quero deixar claro que esta atitude significa, em meu modesto entendimento, o meio correto, honesto e condizente com a postura científica de busca da verdade mais próxima possível. A troca de informações, a discussão e o debate, entre interlocutores conscientes, é sabidamente o que constitui o verdadeiro processo da aquisição de um conhecimento válido e útil.
Para tanto, o abandono dos rompantes emocionados e tendenciosos é o primeiro passo. Por uma razão muito simples. Se nas Ciências consagradas isto é indispensável, sabe-se que não há como se eliminar totalmente a participação de um notável percentual da subjetividade do pesquisador ou do experimentador. Que dirá, então, em temas ainda incipientes como a Ufologia! Isto poderia, à primeira vista, justificar as explosões cujos estopins são as crenças, os sincretismos e as confusões oriundas da total desinformação de ordem filosófica, dialética e de linguagem acadêmica ou aplicável, que alguns em nosso meio possuem. No entanto penso exatamente ao inverso.
É precisamente em razão de a Ufologia ainda nem sequer sonhar ser uma ciência, que precisamos redobrar, triplicar, ampliar ao máximo nossa cautela. Estarmos atentos ao mundo de ilusões e fantasias exacerbadas, que utilizamos para suprir nossa ignorância e para suportarmos nossa auto punição, na maioria das vezes inconsciente, porque não cuidamos de organizar os rumos de nosso conhecimento, tentando substituir nossos objetos de adoração e de fetiche de características místicas.
Caso contrário, longe de negarmos que isto seja um amplo direito do ser humano, ou buscamos um mínimo de credibilidade da Ufologia, ou assumimos de vez que ela já seja uma seita eivada de aleatórias misturas de transcendências confusas e desconexas. Declaramos definitivamente que ela seja uma terra de ninguém, em que se digladiam, em todo o mundo, estultos cidadãos dotados de um suposto saber, pela obtenção do título de sua propriedade; e dançam, rodopiando ingenuamente, em torno de uma pálida fogueira de palha, curiosos e adoradores vítimas da sua própria ingenuidade.
Por isto concordei, de bom grado e com o sincero sentimento de obrigação, ainda que também de honra, com tal solicitação de apresentar alguns esclarecimentos, diante das deturpações, exageros e ofensas, que têm girado em torno das minhas recentes declarações. Repito – estou consciente de que devo tais esclarecimentos, principalmente porque a iniciativa parte de tais Ufólogos por quem tenho o máximo de admiração e respeito. Nomear estes sóbrios e valiosos colegas, nesta oportunidade, talvez não seja apropriado.
Portanto destaco que esta minha manifestação não tem, nem de longe, o condão ou a intenção de esclarecer detalhadamente, tampouco de rebater uma a uma, as investidas de que tenho sido alvo, desde que foi publicada uma entrevista que concedi, em duas edições da mais longeva revista de Ufologia do planeta. E desde que fiz publicar, para minha extrema honra, satisfação, alegria e proveito, um livro recente com meu professor, velho parceiro na Ufologia desde a Década de 70, e querido irmão, Carlos Reis.
O momento não é oportuno. As circunstâncias não permitem rápidas tréplicas com o único fito de não ficar calado. Por enquanto, limito-me, podem acreditar, a encarar tudo isto como lição, como aprendizado e, principalmente, como um verdadeiro “laboratório”, onde a cada dia vejo confirmadas as constatações e até os vaticínios, que insinuei naquela entrevista e expressamente fiz, com meu co-autor Carlos Reis, em nosso livro “A Desconstrução de um Mito”.
Passo portanto às repostas a indagações que me foram enviadas, solicitando a todos a enorme gentileza de observarem que serei, o quanto me for possível, totalmente à parte do que vem sendo interpretado, dito, suposto e publicado, em torno das minhas declarações e de meus escritos, quando isto vem sob a forma de injúrias e de golpes desnecessários. Não é esta a finalidade de minhas considerações. Eventualmente pode ser que eu quase quebre esta regra, pelo que peço sua compreensão.
Agradeço a oportunidade. Aos senhores, todo o meu respeito.
1- Você foi intimado ou convidado a ir na Escola de Sargentos para participar do Inquérito Militar?
Quando é instaurado um Inquérito Policial Militar, destinado exclusivamente à apuração do suposto cometimento de atos por militares, testemunhas civis, como eu, de alguma forma envolvidas, são convidadas. Tal como se pode ver nas sessões do Poder Legislativo ao apurar algum fato com o depoimento de convidados. No entanto, é de praxe, e de bom conselho, que não se recuse ao comparecimento. Em suma, podemos sim dizer que se trata de uma intimação, nestes termos.
Quando a repercussão mundial do Caso Varginha se iniciou, o Exército abriu uma Sindicância em razão daquilo que alguns Oficiais entenderam como utilização de termos não condizentes, em um livro que havia sido publicado muito pouco tempo após o início de nossas investigações. Rápida e não conclusiva, acabou sendo juntada ao Inquérito Policial Militar.
Em Maio de 1996 aconteceu em meu Instituto uma reunião para nós histórica e inesquecível, com a presença de vários ufólogos e representantes de grupos de ufologia do mundo, bem como de vários veículos de comunicação. A Imprensa, como em poucas ocasiões no mundo, aguardou avidamente pelos resultados do que nós ufólogos tínhamos obtido nas últimas semanas. Na reunião, foi colocado a público um rol de nomes de membros da Escola de Sargentos das Armas, que as investigações conduziam no sentido de que haviam participado da movimentação de viaturas na cidade de Varginha, notadamente em hospitais, nos principais dias dos eventos que compõem o enredo do Caso.
Foram ouvidos em tal IPM, 27 militares, pelas cópias que possuo desde a época – e que também já a possuíam outros ufólogos brasileiros, inclusive alguns que tentam agora, mais uma vez, fazer tempestade em copo d´água em torno de supostos “documento secretos”. E alguns civis, dentre eles eu, sim.
Encerrado também pela conclusão de que nenhum militar havia cometido qualquer ato ilícito, quer disciplinar quer de outro tipo, e de que segundo o relatório final do Coronel de Brigada sindicante as notícias veiculadas pela Imprensa eram inverídicas, o IPM chegou, claro, à Justiça Militar e foi arquivado por inexistirem razões para prosseguimento em eventual processo.
Ora! Vários documentários de longa metragem foram realizados em torno do Caso Varginha, por diversas produtoras internacionais. Só o Canal Discovery possui duas edições diferentes, que de vez em quando até hoje exibe para o mundo inteiro. Outro foi o Canal Infinito, que também realizou uma produção de alto nível técnico com base no Caso. Em alguns desses programas, um Oficial porta-voz da EsSA declara alto e bom som que essa sindicância e esse IMP foram instaurados, concluídos e arquivados. No entanto agora, bom repetir, alguns exímios fabricantes de sensacionalismo, que apreciam superestimar circunstâncias para bradar ao mundo seu instinto messiânico e heróico, começam a insinuar que eu “mudei de postura”, quer por medo, quer por perseguição, vez que somente agora resolveram fazer alarde em torno de tal IPM. Que ótimo para os produtores de cinema… os MIBs estão sendo ressuscitados!
Fui intimado e compareci, tendo prestado um depoimento de cerca de quatro horas.
2- Recebeu alguma forma de ameaça ou admoestação para se afastar do caso?
Recebi um educado, simpático e justo PEDIDO de que procurasse não provocar na Imprensa um sensacionalismo em razão do IPM, porque como visto este se destinava exclusivamente a registrar e a apurar algum eventual ato de militar, contrário a uma regra elementar da organização e da disciplina militares – eventualmente falar em público ou a particulares em nome da Escola, passando por sobre aqueles que têm legitimidade e poder para tal, seja negando ou afirmando alguma coisa. Aquiescí de bom grado, até porque – mesmo que isto não tenha dado muito certo – eu já estava também preocupado com a contaminação e com os ruídos que uma grande comoção pública poderia causar aos fatos que estávamos apurando.
Fui extremamente bem tratado, o depoimento transcorreu com seriedade mas com plena liberdade, sem qualquer coação. O Coronel de Brigada chegou a nos acompanhar até o portão de saída, após encerrado o depoimento, preocupado pela longa duração da audiência, pelo que inclusive tivemos de tranquilizá-lo, já que obviamente sabíamos que um Inquérito daqueles deveria mesmo ser instaurado, sob pena até de se considerar pouco zelosa a atitude do Exército, se não o tivesse feito. Fazendo perguntas como curioso, sobre Ufologia em geral, chegou o Coronel até a dizer, informalmente e sem compromisso, que no futuro gostaria de me convidar para uma palestra, para falar do tema, em algum evento cultural.
Mas vejam o que é mais importante! Comuniquei o fato a vários ufólogos, assim que saí daquela Unidade do Exército Brasileiro, sempre porém repassando a solicitação de discrição que me havia sido feita. Bom repetir, inclusive a alguns que pertencem a grupos que andam me considerando uma espécie de “vira-casacas” e achando bonito que descompromissados ufólogos esbravejadores em Listas de Internet, e leitores desrespeitosos, me taxem de louco, de covarde, ou, como a relação de meus adjetivos se ampliou nos últimos dias, de lunático.
Eu declarei em um programa de televisão, de enorme audiência, que não há PROVAS de que em Varginha caiu uma NAVE EXTRATERRESTRE… E O LUNÁTICO SOU EU!
Os que vibram e se fascinam com documentos supostamente ultra, hiper e super secretos, podem agora ler um documento que retrata a informação dada pelo General-de-Divisão Chefe do Gabinete do Comandante do Exército, ao Chefe de Gabinete do Ministro da Defesa, quando chegou a este último um requerimento de “liberação de documentos sobre o Caso Varginha”. O Sr. General Chefe do Gabinete do Comandante do Exército informa alto e bom som que “os únicos documentos produzidos pela Força sobre o assunto” foram a sindicância e o IPM, ao qual foi juntada.
Já declarei há tempos, e em algumas oportunidades, que desconheço completamente a existência de quaisquer documentos secretos, ou desconhecidos, do Exército, em torno do Caso Varginha. Eis agora o ofício mencionado, à disposição da Ufologia, conseguido pela iniciativa de alguns de seus heroicos e respeitáveis membros. Mais interessante, talvez, e não me constranjo de dizer, e ao que tudo indica estou mesmo na berlinda perante os sábios olhos de alguns super-heróis da ufologia, foi que a cópia desse documento chegou-me às mãos, antes mesmo de eu tentar acessar a fonte, através de um ufólogo que reside na Grécia!
3- Por favor, comente essa afirmação do Sr. Editor da Revista UFO, publicada em Listas de Discussão da Internet:
“Oras, eu estou entre os ufólogos – uns 10 ou 12, no máximo – que recebiam seus telefonemas exaltados quase todos os dias, nos relatando quase aos gritos o que estava se passando em Varginha naqueles dias de janeiro de 1996. Ubirajara nos garantia com a mais absoluta veemência que ETs haviam sido capturados, dando inclusive detalhes de como o Exército tentava encobrir tudo, nos relatando e então nos apresentando para testemunhas-chave, inclusive as militares – CUJOS DEPOIMEMTOS ESTÃO GRAVADOS -, nos colocando a par de tudo pormenorizadamente. Sempre excitadíssimo, sempre exultante, sempre de maneira concreta, sem margens à dúvida”.
Esta afirmação pode ser comentada mais diretamente, até porque, como disse antes das respostas, não tenho por destinação, no momento e nesta reunião, tratar das críticas à minha postura. Permito-me no entanto desprezar todos os superlativos atribuídos à forma com que eu contatava ufólogos à época e partir logo para a resposta. Eu não me lembro de ter garantido, quer com veemência, quer de forma ponderada, que em Varginha haviam sido capturados “ETs”. Mas, com a mesma sinceridade – se isto se trata apenas de um lapso de memória de minha parte, CLARO! SE O FIZ, DEVO TÊ-LO FEITO COM MUITA ÊNFASE, COM BASTANTE ESPERANÇA, COM VISÍVEL EXCITAÇÃO. Só que há um porém – como já declarei, inclusive na mencionada entrevista que o mesmo Sr. Editor publicou, há uma enorme e incomensurável diferença, entre aquilo que eventualmente possa compor uma CRENÇA de minha parte, no passado ou atualmente, e entre eu ou a Ufologia podermos possuir PROVAS de algo de tamanha envergadura.
Por outro lado, são 14 anos de atenção ao Caso. E, se em 14 anos eu possa ter percebido que minhas suposições ou crenças não se embasavam em um real, legítimo e correto conceito do que seja uma PROVA, então não vejo porque alguns se mostrarem inconformados com o que eu me recuso, já há alguns anos, a reafirmar, referendar ou confirmar. Estarei sendo prolixo, como um dos sábios salvadores da pátria da Ufologia dispara, desde a época da minha entrevista? Pois peço perdão. Assim, serei mais objetivo – NÃO HÁ PROVAS DE QUE HOUVE A CAPTURA DE SERES EXTRATERRESTRES EM VARGINHA. Isto não se confunde com minha eventual euforia de ufólogo, à época dos fatos.
Se tais críticos não são afetos a uma linguagem atenta ao significado daquilo que se diz, paciência. Se tais críticos não possuem capacidade de autocrítica suficiente para não perceberem que estão afirmando que a Ufologia possui provas DA EXISTÊNCIA DE EXTRATERRESTRES, DA VINDA À TERRA DE EXTRATERRESTRES, DA QUEDA DE UMA NAVE EXTRATERRESTRE EM VARGINHA, E DA CAPTURA DE SERES EXTRATERRESTRES VIVOS EM VARGINHA, o problema é exclusivamente deles. Afinal, se minha atual postura é tão desprezível, sinceramente não sei qual a preocupação com minha chamada “mudança súbita de postura”. Que de súbita nada tem e vem claramente mostrada, ainda que de maneira um tanto sutil, no meu livro “O Caso Varginha”.
4- Comente esta outra: “Não foi nem uma nem duas dúzias de vezes que eu ouvi o Ubirajara garantir em alto e bom som, para tantos quantos quisessem ouvir, que tinha absoluta convicção e as investigações davam como certa a captura de pelo menos dois seres (o Claudeir chegou a falar em 7), num processo em que até uma morte ocorreu, a do Marco Eli Chereze”.
Parafraseando o pensador, o triste não é mudar de ideia. Triste é não ter ideas para mudar.
Devolvo o comentário, ou a pergunta, com algumas indagações:
Um ufólogo ter convicção de que seres extraterrestres foram capturados é prova de que foram capturados seres extraterrestres? Recuso-me a argumentar o fato de não termos prova sequer da existência de seres extraterrestres, o que até esta data é apenas uma possibilidade para a ciência, que nem ao menos conseguiu confirmar a existência de vida microscópica em outro planeta. Mas foram extraterrestres que vieram até Varginha, a nave extraterrestre caiu porque um casal da roça viu um suposto Óvni voando baixo e indo em direção da cidade, aparentemente avariado… e o depoimento de um honesto e simples casal de caseiros tem peso suficiente para dar um parecer sobre avarias de uma nave espacial de outro planeta… ou porque um cidadão, um ano depois, afirmou que vira algo estranho espatifado em um pasto no meio rural de Três Corações, em uma cena similar à história de Roswell… e, após intensas buscas e entrevistas com todos os moradores da região, por ufólogos, constatou-se que ninguém mais vira alguma coisa… uma pessoa, rapidamente, vira alguns calhaus ou pedaços torcidos de metal em uma carroceria de um caminhão estacionado em um canto escuro… e isto é PROVA? PROVA da queda, da coleta DE UMA NAVE ESPACIAL DE UMA CIVILIZAÇÃO EXTRATERRESTRE?
Algumas pessoas, que jamais falaram oficial ou oficiosamente em nome de qualquer Instituição, afirmarem que viram ou lidaram de alguma forma com SERES PARA ELAS ESTRANHOS em hospitais ou outras instalações, é PROVA de que no Caso foram capturados, transportados, examinados SERES EXTRATERRESTRES?
A morte do Policial Marco Eli Chereze – lamentável fato cercado de inverdades, absurdos, por vezes até patéticos, tais como os comentários de que o corpo não teria sido visto pela família, que estava sem cérebro, que a família teria pedido exumação do cadáver e que isto teria sido negado – foi um fator que levou os ufólogos (claro, dentre eles eu) a DEDUZIREM, portanto a SUPOREM, que fora ele um dos que, comentários davam conta, teriam participado de uma das capturas. E se alguém quiser atribuir-me, outra vez, palavras que não pronuncio, capturas DE EXTRATERRESTRES, o problema é de quem seja muito pouco exigente com o conceito de PROVA.
Escrevi em meu “O Caso Varginha”, também alto e bom som – pesquisei, indaguei, consultei vários médicos, a respeito de um tal teor de 8% de “substância tóxica desconhecida” que fora acusado na necropsia. O que pude obter foi que em todos os casos de morte por septicemia, é absolutamente normal que um índice desses de bactérias seja acusado. Inclusive sem detecção de suas características de forma garantida. De pouco adiantou. Desavisados insistem, continuam batendo na tecla de que isto “seja PROVA de que o policial morreu por ter tido contato com um ET”. PACIÊNCIA.
Portanto, meus caros amigos e colegas. Se errei, tento consertar. Se afirmei, errei muito em tê-lo feito. Se mudei o pensamento, foi porque percebi que o pensamento anterior não tinha fundamento aceitável. Se não posso atualmente fazer afirmações, isto não quer dizer que eu negue. Mas quer dizer que não possuo PROVA.
5- Para finalizar:“Eu estive várias vezes em Varginha e ouvi dele, para saber como lidar com fatos tão pesados na UFO, o roteiro de tudo, inclusive o acompanhei em entrevistas e visitas a testemunhas, em especial uma que declarou que outra criatura havia sido abatida pelo Exército com tiros de fuzil”.
Espanta-me o fato de ter visto, recentemente, até um profissional da área do Direito, ter-me censurado sob a alegação de que eu, como Advogado, não poderia jamais desprezar testemunhas, pois eu deveria saber que Testemunhas provam os fatos. Mas que genial argumento!
Sim, sei que testemunhas provam FATOS. Mas sei também que não compete às testemunhas INTERPRETAREM ou JULGAREM tais fatos. Quando tentam faze-lo, tornam-se suspeitas, ou a se desejar um termo mais familiar, TENDENCIOSAS. E as pessoas não são tendenciosas apenas quando agem de má-fé, ou quando fraudam, ou quando desejam obter uma vantagem ilícita ou injusta. Fazem-no em razão das IMPRESSÕES que tiveram, por consequência das circunstâncias, por motivo de alterações físicas e fisiológicas, por confiarem em suas sensações, em seus sentidos e em suas suposições, crenças e associações com base em sua cultura, seu conhecimento e a situação psicológica e emocional do momento. Quem interpreta, analisa, examina, e CONCLUI sobre tais fatos NÃO É A TESTEMUNHA. É a quem compete julgar – juridicamente quem tem autoridade para tanto. Dialeticamente, AQUELE QUE RACIOCINA, que pesa, que compara, que considera o conjunto de evidências, ou de indícios e as próprias circunstâncias e assim tira uma conclusão.
Não declarei qualquer negação expressa de fatos. Não declarei que os depoimento ou informações sobre o Caso Varginha não possuam valor.
Encerro confirmando que de fato há uma testemunha que viu alguns militares fazendo espécie de manobra ou de exercício em um pasto em um bairro da cidade; que afirma ter ouvido tiros de fuzil; que declara ter visto, logo depois, militares subindo levando um saco, dentro do qual algo se movia. E em outro saco, havia algo inerte. Este é o depoimento, isento e objetivo, que leva alguém a concluir que “outra criatura havia sido abatida pelo Exército com tiros de fuzil”.
Respeitáveis Colegas, o mencionado Inquérito Policial Militar tramitou e foi concluído ao início de 1996, em maio/junho. Eu escrevi um livro sobre tudo o que particularmente eu havia colhido, com a participação de colegas de quem eu, SIM, solicitei que viessem ajudar. Dados que eu e os outros colegas colhemos com informantes e pessoas em geral, sobre o Caso Varginha. Tal livro FOI PUBLICADO EM NOVEMBRO DE 2001 e há alguns que dizem que fui “calado” em razão do Inquérito que transcorrera cinco anos antes!
E o escrevi por ter percebido que muito do que eu dizia até então era superestimado, deturpado e, em grande parte das vezes, por minha própria culpa. Culpa que se materializou principalmente pelo fato de eu, prematuramente, ter prestado declarações, concordado em participar de alguns artigos em revistas e concedido entrevistas a veículos de comunicação e a alguns colegas em particular. O que fiz sem antes esperar maior transcurso do tempo, melhores ponderações e interpretações de minha parte e de pessoas realmente credenciadas e conhecedoras de áreas do conhecimento que eram indispensáveis. Até porque todas tais publicações traziam matérias, muitas com nossa participação, nem penso em negar, confusas, misturadas, contraditórias. Mas nem era culpa delas.
Era minha (não me sinto autorizado a falar pelos demais), como já disse, pois que precipitadas. Então quando terminei o livro “O Caso Varginha”, e foi publicado, pude ter a sensação de que, agora sim, eu poderia me responsabilizar por aquilo que realmente eu conseguira, para passar a público dados contidos em meus arquivos e em minha memória, portanto a partir dali poder dizer – o que escrevi e realmente declarei, não negarei jamais que o fiz.
De lá para cá, senhoras e senhores, NUNCA NEGUEI O CASO VARGINHA. JAMAIS DISSE QUE O CASO VARGINHA É FRAUDE, como em flagrante ato de deturpação censurável vi colocado pela internet, de forma inconsequente e irresponsável. Minha esperança, no entanto, como ufólogo que sou há cerca de 40 anos; e pretendo continuar sendo sem disfarçar ou esconder isto de quem quer que seja, na minha cidade ou em outras paragens, é a de que seja confirmada uma convicção que tenho – a de que não haja leitores ingênuos e estúpidos que acreditam em palavras que jamais saíram de minha boca ou de minha pena. Apenas lamento caso haja leitores e interessados incautos, que sejam patéticos o suficiente para declarar algo do tipo “não li, não quero ler mas discordo totalmente”.
Nada mudei “subitamente”. Desde os primórdios da nossa geração de Ufologia eu já não era muito admirado por ufólogos amantes de um modismo misticóide cada vez mais crescente e pregadores de um tal “holismo”, de forma a deturpar completamente o significado deste próprio termo, que só fez com que a Ufologia definhasse quase irreversivelmente. Só publiquei, com Reis, um livro que expõe o que vimos observando do comportamento da própria Ufologia. E hoje somente não considero que haja provas suficientes para tornar os fatos envolvendo Varginha incontestáveis, ainda mais sob o ponto de vista da tão decantada “Hipótese Extra Terrestre”. Aquilo que não admite contestação, mesmo que tenhamos a mais inabalável convicção, não serve para um pensamento sóbrio e sério.
O que escrevi e declarei, caros amigos e colegas, está em dois livros volumosos e detalhados, bem como em uma extensa entrevista. Nada há neles a negar até o presente momento. O que há, sim, é A NECESSIDADE URGENTE DE SER CRITICADO, DEBATIDO, ANALISADO E PONDERADO.
Porque meu modesto trabalho é o de um limitado Ufólogo. Não o de um crente revoltado que sairá disparando impropérios de inconformismo, se alguém sério, de forma bem fundamentada e inteligente, chegar até mim e me disser – você estava totalmente equivocado sobre o Caso.
Varginha, MG, Agosto de 2010.
– Ubirajara Rodrigues.
Assim, fica aqui registrada as explicações do Dr. Ubirajara Rodrigues para sua mudança de postura quanto ao Caso Varginha, que ainda hoje causa muita polêmica nos meios ovnilógicos/ufológicos.
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