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Os cientistas já sabem ressuscitar um cérebro humano, mas as consequências são um pesadelo

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Ressuscitar um cérebro humano: este tem sido um dos maiores desafios da ciência de todos os tempos, uma referência permanente na literatura e no cinema.

Os cientistas já sabem ressuscitar um cérebro humano
A parte do BrainEx onde o cérebro de suínos é colocado. Credito: Thomas Prior para o The New York Times

Agora, uma série de experimentos bem sucedidos realizados nos EUA, com cérebros de porcos, abre novos caminhos e só a ética fica no caminho para fazer o mesmo com os seres humanos.

Em teoria, nada impede que um cientista projete uma máquina de perfusão capaz de irrigar e reviver um cérebro humano, disse o fisiologista Nenad Sestan ao The New York Times. Juntamente com uma equipe de especialistas da Universidade de Yale (EUA), esse professor de neurociência e genética conseguiu, pela primeira vez, retornar a atividade a hemisférios extraídos de cabeças de suínos.

Os cérebros dos porcos e dos Homo sapiens têm muito em comum. E a tecnologia aperfeiçoada por Sestan na Universidade de Yale é, em suas palavras, ‘código aberto’. Só é necessário provar que, uma vez que o experimento seja repetido com a perfusão sanguínea em um cérebro humano post mortem, algum tipo de atividade elétrica envolvendo um certo nível cognitivo não ocorra.

Um pesadelo perpétuo

Em testes de laboratório na Universidade de Yale, a atividade elétrica do cérebro suíno irrigado após a morte, registrada por meio de encefalogramas, atingiu um índice bispectral de 10 em uma escala de 1 a 100 (a normalmente usada por os anestesiologistas). Esse nível corresponderia a um coma profundo, mas pesquisas recentes mostraram que pacientes em coma estão ou podem realmente se comunicar.

 Sestan revelou ao correspondente do jornal qual seria o pior cenário possível para um cérebro que voltasse parcialmente à vida: ele estaria preso em um ‘pesadelo febril’, perpetuamente revivendo o momento de sua morte (a última coisa que sentiu antes de morrer, o que no caso dos porcos seria o horror do seu sacrifício).

Não há entradas ou saídas. Dentro do seu cérebro, ninguém pode te ouvir gritar.

Para evitar esse pesadelo nos cérebros dos porcos, o laboratório irrigou os bloqueadores dos canais, o que reduziu o acesso do sangue ou de seus substitutos aos vasos que alimentam os hemisférios e, com isso, reduziram a atividade cerebral.

Em todo caso, o pesquisador duvida que os cérebros submetidos à perfusão recuperem uma consciência real.

Ética e progresso

Após a divulgação do sucesso obtido com o cérebro de porcos, os especialistas de Yale receberam muitas propostas. Não foram poucas as pessoas que se ofereceram como doadoras de cérebros no caso de uma morte prematura. Algumas, inclusive, lamentaram expressamente que existam aqueles que se opõem a ressuscitar a consciência neural.

“O progresso não pode e não deve ser interrompido”, disse o remetente de um email.

Stefano Daniele, Zvonimir Vrselja e Nenad Sestan com a máquina BrainEx no laboratório de Yale. Crédito: Thomas Prior / The New York Times.

Nenad Sestan, portanto, pediu conselhos de vários eticistas. O diretor do Centro Interdisciplinar de Bioética em Yale, Stephen Latham, respondeu:

Se há uma possibilidade remota de recuperar a consciência, você tem que parar o experimento.

Segundo o professor Hank Greely, de Stanford, vivemos em um tempo de rápidos avanços científicos. Portanto, não há dúvida de que alguém com menos escrúpulos morais do que o Sestan aparecerá em relação à experimentação humana.

Greely disse:

Alguém vai submeter um cérebro humano morto à perfusão, e acho que será em um ambiente não convencional, não necessariamente na forma de pesquisa pura.

Ele supôs que será então alguém com muito dinheiro e um cientista disposto a superar os limites éticos.

(Fonte)


Os avanços da ciência e da medicina têm sido notáveis nessas últimas décadas, mas será que a ética instituída hoje na raça humana conseguirá acompanhar tudo isso de forma a não interromper o progresso e ao mesmo tempo manter a nossa integridade moral? Como saberemos se fomos longe demais?

E esse pensamento nos trás à questão extraterrestre. Sendo que, pelo número de planetas existentes no Universo é impossível que não haja inúmeras outras civilizações mais avançadas do que nós lá fora, como elas lidaram com essas questões éticas que tanto nos atormentam? Teriam elas burlado algumas delas para chegarem aonde estão?

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