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Como a teoria da conspiração do pouso na Lua começou e porque persiste até hoje

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Peter Knight – um professor de Estudos Americanos da Universidade de Manchester – explora as origens da conspiração do pouso na Lua e porque algumas pessoas ainda acreditam que nunca pisamos lá.

Como a teoria da conspiração do pouso na Lua começou e porque persiste até hoje

Bill Kaysing foi um ex-oficial da Marinha dos EUA que trabalhou como redator técnico de um dos fabricantes de foguetes para as missões lunares Apolo da NASA. Ele alegou que tinha conhecimento interno de uma conspiração do governo para falsificar os pousos na Lua, e muitas teorias de conspiração sobre os pousos lunares Apolo que persistem até hoje remontam ao seu livro de 1976, “We Never Went to the Moon: America’s Thirty Billion Dollar Swindle” (“Nós Nunca Fomos à Lua: O Embuste de Trinta Bilhões de Dólares da América”).

O modelo básico da teoria da conspiração é que a NASA não conseguiu pousar com segurança um homem na Lua no final dos anos 60, como prometera o presidente John F. Kennedy, de modo que apenas enviou astronautas à órbita da Terra.

Os teóricos da conspiração argumentam que a NASA encenou os pousos na Lua em um estúdio de cinema e que há sinais reveladores nas filmagens e nas fotos que mostram o jogo. Eles alegam que a NASA encobriu o embuste elaborado desde então.

Os céticos do pouso na Lua apontam para supostas pistas, como fotos que parecem mostrar os astronautas na frente de miras que foram gravadas no vidro da câmera, ou uma misteriosa letra C visível em uma pedra lunar. Estas e muitas outras anomalias aparentes foram desmascaradas*, mas as teorias conspiratórias do pouso lunar persistiram na imaginação popular.

[*Matéria para amanhã no OH]

Nos EUA, pesquisas de opinião indicam que entre 5 a 10% dos americanos desconfiam da versão oficial dos eventos. No Reino Unido, uma pesquisa da YouGov em 2012 descobriu que 12% dos britânicos acreditavam na teoria da conspiração. Uma pesquisa recente descobriu que 20% dos italianos acreditam que os pousos na lua foram uma farsa, enquanto uma pesquisa de 2018 na Rússia elevou a cifra para 57%, o que não surpreende dada a popularidade das teorias conspiratórias antiocidentais por lá.

Pronto para não acreditar

A teoria da conspiração de Kaysing se firmou em meados da década de 1970 nos Estados Unidos, em grande parte, devido a uma crise mais ampla de confiança no país na época. Em 1971, os cidadãos leram os documentos vazados do Pentágono, mostrando que o governo Johnson vinha mentindo sistematicamente sobre a Guerra do Vietnã. Eles sintonizavam todas as noites com as audiências sobre o arrombamento do Watergate e o subsequente acobertamento.

Uma série de relatórios do Congresso detalhou a má conduta da CIA no país e no exterior e, em 1976, o  House Select Committee on Assassinations concluiu – em contraste com a Comissão Warren mais de uma década antes – que houve uma grande probabilidade de haver uma conspiração para matar Kennedy. Essas revelações ajudaram a alimentar uma mudança mais ampla no pensamento conspiratório desde o final dos anos 60, desde a crença em inimigos externos, até a suspeita de que o próprio Estado americano estava conspirando contra seus cidadãos.

As teorias conspiratórias do pouso na Lua provaram ser particularmente difíceis de se livrar desde então. Para entender sua popularidade, precisamos considerar seu contexto cultural, tanto quanto as disposições psicológicas daqueles que creem.

Assim como no caso do assassinato de Kennedy, elas formaram um novo tipo de teorização de conspiração. Essas teorias reinterpretam as evidências publicamente disponíveis, descobrindo inconsistências no registro oficial, em vez de descobrir informações suprimidas. A evidência visual é crucial: para todo o ceticismo deles, o ponto de partida é que ver é acreditar. No reino da evidência fotográfica, a suposição é que todos podem ser detetives. Na teoria da conspiração, comunidades que surgiram no final da década de 1960, o lustre autodidata tornou-se central.

Realidade construída

As teorias conspiratórias do pouso na Lua também trouxeram para o mainstream a noção de que eventos significativos não são o que parecem: eles foram encenados, parte de uma campanha oficial de desinformação. A ideia de que eventos trágicos são criados por “atores de crise” empregados pelo governo tornou-se a explicação padrão para muitos eventos hoje, do 11 de setembro aos tiroteios em massa. Esse tipo de teoria da conspiração é particularmente prejudicial – por exemplo, pais de crianças mortas no tiroteio na escola primária de Sandy Hook têm sido implacavelmente perseguidos por trolls da Internet, alegando serem meros lacaios pagos.

No entanto, a história de que os pousos lunares foram encenados também ressoa com a noção mais plausível de que a própria corrida espacial foi tanto um espetáculo da Guerra Fria quanto um triunfo do espírito humano.

O filme de Hollywood de 1978, Capricórnio Um, fez muito para popularizar as teorias conspiratórias do pouso na Lua. Com base no livro de Kaysing, o filme imaginava que um pouso em Marte foi falsificado em um estúdio de cinema, aproveitando rumores de conspiração de que a própria Lua havia sido dirigida por Stanley Kubrick. Esse mito sugestivo baseia-se, em parte, na ideia de que os efeitos especiais se tornaram muito mais sofisticados com o filme de 1968 de “2001, Uma Odisséia no Espaço“, de Kubrick, embora ainda longe das capacidades que as teorias da conspiração supõem.

Mesmo se formos forçados em termos factuais, as teorias conspiratórias de aterrissagem lunar, no entanto, evocam a possibilidade mais plausível de que, em nossa era saturada de mídia, a própria realidade seja construída, se não for realmente falsificada.

(Fonte)


Cá entre nós, não tenho dificuldades em acreditar que o homem já pisou na Lua e vou mais além: possivelmente tem ido até lá mais vezes do que dizem. Mas, algo que tenho dificuldades em acreditar é que os atentados de 11 de setembro tenham sido desempenhados por um bando de jovens árabes que mal sabiam pilotar um pequeno avião.

Mas esse é caso para algum outro site. 🙂

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