Seria um desperdício de tempo enviar mensagens aos extraterrestres?
Caleb A. Scharf escreveu o artigo abaixo para o site da Scientific American, o qual demonstra exatamente porque enviar mensagens para possíveis civilizações em outros sistemas planetários não se trata de uma missão prática em termos de tempo e esforços, a não ser, é claro, que tenhamos muita sorte:
Alguns dos pressupostos básicos que fazemos sobre a comunicação extraterrestre podem ser lamentavelmente inocentes. Considere a situação em seus mínimos detalhes. Você decide (talvez como uma espécie, ou talvez como um subconjunto rico em recursos) que deseja enviar um sinal ao cosmos para descobrir se alguém mais está ouvindo, pensando e é tecnológico como você. Então, você dispara o seu transmissor de rádio, ou o seu grande laser e começa a enviar as mensagens ‘Olá’.
Se nossas circunstâncias representarem um modelo útil, isso significa que a resposta mais cedo possível pode ocorrer em cerca de 8 anos (anos da Terra, é claro). Isso é presumir que há um respondedor no sistema exoplanetário mais próximo, ouvindo e recebendo sua primeira mensagem no momento certo, pronto para disparar uma resposta imediatamente, disposto a responder e capaz de enviar algo reconhecível como resposta. Então, você começa a ouvir com atenção 8 anos depois. Mas nada é recebido. Então, você continua ouvindo, dizendo a si mesmo que pode levar tempo para que alguém coloque uma resposta. E você continua ouvindo.
Enquanto isso, você esteve ocupado. Nos últimos 8 anos você tem enviado sinais para os outros sistemas estelares mais próximos. Mas para estes, os tempos de viagem de ida e volta vão até 10 anos, 20 anos e 40 anos. Dentro da esfera do espaço para uma viagem de ida e volta de 40 anos são aproximadamente 150 estrelas.
O tempo passa, você decide que a estrela no.1 foi um fracasso. Mas você precisa esperar mais e mais para descobrir o que acontece com a próxima estrela e a estrela depois disso. E se nada vier dos primeiros possíveis respondentes, sua avaliação das chances de qualquer estrela escolhida aleatoriamente resultar em algo deve ser reclassificada para baixo. À medida que isto declina, também o faz a sua determinação.
Se você for insistente, aguardando 40 anos (e possivelmente mais, para permitir um período de atraso desconhecido, enquanto espécies extraterrestres agem juntas para responder), mas ainda não ouve nada, o que você faz depois? Suas opções são continuar a enviar sinais para as mesmas estrelas, ou enviar para estrelas mais distantes, ou ainda parar. Certamente é verdade que quanto mais mais lonce você alcança, mais estrelas você acessa – à medida que o volume de espaço cresce. Mas no ponto em que a linha de tempo do experimento excede a vida útil de cada indivíduo, você precisará de uma quantidade extraordinária de paciência e determinação.
Isso é extremamente problemático. Não apenas para nós, mas para qualquer espécie hipotética que deseje descobrir se há vizinhos cósmicos enviando sinais ativamente. A menos que você seja muito afortunado, ou o número de mundos com espécies avançadas tecnologicamente seja imenso, você enfrentará uma profunda barreira de tempo e força de vontade. A ausência de alguém para conversar entre os 150 sistemas de uma bolha de raio de 20 anos de luz poderia ser verdade, mesmo se houvesse um bilhão de espécies falantes em nossa galáxia (presumindo-se 200 bilhões de estrelas na Via Láctea). Seria um pouco de má sorte que não houvesse um desses bilhões entre as 150 estrelas mais próximas – nada extraordinariamente fora do comum.
Esta situação é exacerbada se permitirmos outros fatores. Talvez uma espécie capaz de tecnologia simplesmente não esteja olhando e ouvindo no momento certo ou na direção certa, talvez a janela da evolução tecnológica em que uma espécie esteja “madura” em termos de capacidade de comunicação seja estreita (por razões de conservação de energia e eficiência, ou talvez interesse). E talvez eles simplesmente não queiram conversar, ficando feliz em apenas ouvir a outros tagarelas.
O enigma da mensagem extraterrestre (METI) lembra a “tirania” da equação do foguete na exploração espacial. Quanto mais rápido (e mais longe) você quiser ir, mais do seu foguete deve ser dedicado a transportar combustível, adicionando ainda mais massa à massa que você deseja disparar para o vazio. O resultado é um tipo de retorno decrescente (um retorno decrescente nos logaritmos naturais).
Enviar mensagens ao cosmos com a esperança de obter uma resposta parece ter sua própria tirania; você quer aumentar as chances de sucesso, mas isso significa um aumento inevitável de quanto tempo você precisa esperar com a esperança de uma resposta.
Embora eu não veja uma maneira óbvia para evitar isso, isso significa uma coisa. A ideia clássica de SETI – ouvir sinais de outros lugares – tem um mérito irresistível; os sinais poderiam estar prestes a nos alcançar de qualquer lugar do universo observável, sem tempo de espera. Supondo que pelo menos algumas espécies são muito barulhentas, ou decidiram que não se preocupam com a tirania do METI.
Uma vez que nós mesmos podemos pertencer a ambos os campos, penso que podemos manter nossos dedos cautelosamente cruzados.
(Fonte)
E, sinceramente, isto se chama, como se diz em inglês, “latindo para a árvore errada” (barking up the wrong tree). Embora enviar mensagens ao cosmos e ficar escutando por uma resposta seja uma ideia interessante, ela não é nem um pouco prática.
Como já foi insistido várias vezes aqui no OH, seria muito mais prático pesquisar e tentar contato oficial com as possíveis manifestações alienígenas já presentes em nosso planeta. Contudo, a vaidade e o orgulho humanos são obstáculos infalíveis e difíceis de serem superados.
E assim caminha a humanidade…
n3m3