Resolvendo o Paradoxo de Fermi – ou, outra tese ridícula para justificar o não reconhecimento a presença alienígena na Terra
Não é muitas vezes que você encontra trabalhos acadêmicos sobre a possibilidade e civilizações alienígenas que citam Howard Phillips Lovecraft. Mas isto é exatamente o que você encontrará num novo artigo publicado por pesquisadores da Universidade Oxford, “That is not dead which can eternal lie: the aestivation hypothesis for resolving Fermi’s Paradox” (algo como, “Não está morto aquilo que pode se deitar eterno: a hipótese da hibernação para resolver o paradoxo de Fermi”).
[Para aqueles não familiarizados sobre o Paradoxo de Fermi, ele é, como descrito na Wikipedia, “a aparente contradição entre as altas estimativas de probabilidade de existência de civilizações extraterrestres e a falta de evidências para, ou contato com, tais civilizações”. Para outros artigos sobre o Paradoxo de Fermi publicados no OVNI Hoje, clique aqui.]
Os pesquisadores do Instituto Futuro da Humanidade, da Oxford, perguntam se as civilizações avançadas – que seriam capazes de queimar suas fontes de energia, devido aos vastos aumentos da habilidade computacional – poderiam fazer a decisão de entrar num tipo de hibernação (“dormência”), para aproveitar as condições amigáveis à energia no futuro:
As civilizações antigas têm muito mais chances de colonizar e atacar civilizações mais novas se eles assim desejassem. Se essas civilizações antigas estiverem por aí, por que elas não são visíveis? A hipótese da hibernação declara que elas estão em dormência até uma era cosmológica posterior.
O argumento é o de que a termodinâmica da computação torna o custo de certas quantidades de computação proporcionais à temperatura. Nosso conhecimento astrofísico e cosmológico indica que o Universo está resfriando ao longo do tempo cósmico. À medida que o Universo resfria, um Joule de energia vale proporcionalmente mais.
…Assim, uma civilização que deseje maximizar a quantidade de computação, desejará usar seu dote de energia o mais tarde possível: usando ele agora significa que menos computação total pode ser feita. Assim, uma civilização antiga, após se expandir para ganhar acesso à matéria prima suficiente, irá se assentar e esperar até que se torne racional o uso de seus recursos.
Não estamos observando alienígenas, já que a expansão da fase inicial é breve e intermitente, e a civilização em hibernação e sua infraestrutura também é amplamente passiva e compacta.
Em resumo, o trabalho diz, civilizações muito grandes poderiam deixar pequenas marcas porque elas têm “realocado a maioria de sua atividade para o futuro”. As civilizações avançadas poderiam ter “visto de tudo”, os pesquisadores dizem, e assim “não ganham muito mais informação ao ficarem ativas numa era antiga”.
Para realocar sua atividade para o futuro, os pesquisadores dizem que os alienígenas avançados poderiam ter descoberto uma forma de, ou somente ‘hibernarem’, ou de outra forma talvez até mesmo regularem suas ‘velocidades mentais’ para mudar suas experiências subjetivas de tempo, a fim de capacitá-los a atravessar longos períodos, com um impacto mínimo.
Obviamente o trabalho é muito especulativo, mesmo se oferecer ciência real para tentar respaldar suas hipóteses (os cientistas também apontam que o trabalho não almeja originalmente resolver o Paradoxo de Fermi, mas sim é uma consideração de como civilizações avançadas poderiam gerenciar seus recursos).
Mas se você quer se divertir especulando sobre a hibernação de alienígenas antigos, por que não utilizar Lovecraft para pintar uma imagem? Isso é exatamente o que os autores fazem para ilustrar seu cenário de “Antigos adormecidos”, inserindo as duas seguintes citações em seu documento:
Não está morto aquilo que pode se deitar eterno.
E com éons estranhos, até mesmo a morte pode morrer.
– H.P. Lovecraft
Os Antigos eram, os Antigos são, e os Antigos serão.
Não nos espaços que conhecemos, mas entre eles. Eles caminham serenos e primordiais, não dimensionados, e para nós invisíveis.
– H.P. Lovecraft, The Dunwich Horror and Others
…
Não cesso de me impressionar em como alguns cientistas tratam a possibilidade da existência de vida alienígena como sendo “ou tudo laranja, ou tudo maçã”. Obviamente, deve haver todos os tipos de civilizações lá fora, desde “seres trogloditas” até espécies super-avançadas capazes de tecnologias inimagináveis a nós, e estas não teriam problema algum em superar os problemas de economia de energia mencionados no artigo acima.
Pela sua incapacidade de detectarem aquilo que está na frente de seus narizes, com provas documentais e de testemunhas fidedignas, indicando que a vida alienígena inteligente tem estado e está se manifestando para nós – obviamente não de forma aberta, mas de forma incisiva quando fazem – estes cientistas começam a elaborar teses mirabolantes e completamente irrealistas sobre o porquê de não conseguirem estas provas. Por medo de ridicularização, de perderem seus financiamentos ou somente para se sentirem superiores, eles rejeitam as provas já existentes, sem sequer despenderem um minuto para analisá-las.
O que é apresentado no trabalho mostrado no artigo acima está mais para um ‘exercício em futilidade’ do que para um embasamento verdadeiramente científico, talvez somente válido literariamente pela sua menção de trechos de H.P. Lovecraft.
n3m3