NASA pode ter encontrado a assinatura de vida passada em Marte
Durante as viagens do jipe-sonda Spirit da NASA por sobre o planeta vermelho, ele pode ter encontrado uma assinatura de vida passada em potencial, reportam os cientistas da Universidade Estadual do Arizona (sigla em inglês – ASU).
Para ajudar a provar seu caso, os pesquisadores compararam os estudos do Spirit no “Home Plate” – um planalto de rochas empilhadas que o robô explorou durante a parte inicial do seu terceiro ano em Marte – com as características encontradas nos canais de descarga das fontes quentes/gêiseres num local do norte do Chile, chamado de El Tatio.
O trabalho resultou num documento provocativo: “Depósitos de Sílica em Marte com Características Que Se Assemelham às Bioassinaturas de Fontes d’Água Quente em El Tatio, no Chile”.
Trabalho de campo
Como reportado online na semana passada no periódico Nature Communications, o trabalho de campo no Chile pela equipe da ASU – Steven Ruff e Jack Farmer, da Escola de Exploração da Terra e do Espaço daquela universidade, mostra que as estruturas de sílica nodular e digitiforme em El Tatio que mais se parecem com aquelas em Marte incluem estruturas sedimentares complexas produzidas por uma combinação de processos bióticos e abióticos.
“Embora processos completamente abióticos não estão descartados das estruturas marcianas de sílica, eles satisfazem uma definição a priori de bioassinaturas em potencial”, escreveram os pesquisadores no estudo.
Ambiente antigo
O Spirit pousou no planeta vermelho em janeiro de 2004, poucas semanas após seu gêmeo, o Opportunity, pousar numa parte diferente de Marte. Ambos os jipe-sondas do tamanho de um cart de golfe foram instruídos a procurar por sinais de atividade de água do passado durante suas missões, que foram originalmente planejadas a durar por três meses.
O Spirit encontrou afloramentos e regolitos compostos de sílica opalina (SiO2nH2O amorfo) numa antiga região hidrotermal vulcânica na cratera Gusev.
El Tatio: Condições como as de Marte
O ambiente físico de El Tatio oferece uma rara combinação de alta elevação, baixa taxa de precipitação, alta taxa de evaporação média anual, congelamento-derretimento diurno comum e radiação ultravioleta extremamente alta.
“Tais condições fornecem um melhor ambiente análogo a Marte do que aqueles do Parque Nacional de Yellowstone (EUA) e outros locais geotérmicos bem conhecidos na Terra”, sugerem Ruff e Farmer. “Nossos resultados demonstram que as condições de El Tatio, mais similares às de Marte, produzem depósitos únicos, inclusive estruturas biomediadas de sílica, com características que comparam favoravelmente aos afloramentos de sílica em Home Plate. As similaridades levantam a possibilidade de que as estruturas de sílica marciana foram formadas similarmente.”
Definição de bioassinatura
Anteriormente, a equipe científica da NASA definiu uma bioassinatura em potencial como “um objeto, substância e/ou padrão que poderia ter uma origem biológica e assim compele os investigadores a agregarem mais dados antes de alcançarem uma conclusão para com a presença ou ausência de vida”.
“Devido o fato de não podermos provar nem refutar uma origem biológica das estruturas de sílica digitiformes em Home Plate, elas constituem uma bioassinatura em potencial, de acordo com esta definição”, escreveram Ruff e Farmer.
Futura exploração do Spirit
O Spirit atolou no solo fofo em maio de 2009.
No final de janeiro de 2010, após meses de tentativas de desatolar o jipe-sonda, a NASA apelidou o robô de plataforma de pesquisa estacionária. A falta de mobilidade e o clima duro de Marte conspiraram para selar a sorte do Spirit, com tentativas de obter novamente contato com o robô finalizando em 2011. Subsequentemente, a NASA anunciou o fim dos esforços de contato e o final da missão do Spirit. (O Opportunity ainda está funcionando hoje.)
Os pesquisadores da ASU sugerem que uma missão futura de um jipe-sonda com instrumentos especiais talvez poderia fornecer uma avaliação definitiva da possível biogenicidade das estruturas de sílica em Home Plate.
“Porém, devido aos desafios na obtenção de evidência inequívoca no local, as análises microscópicas e composicionais coordenadas das amostras retornadas aos laboratórios na Terra poderão ser requeridas para se alcançar uma conclusão robusta quanto a presença ou ausência de vida marciana no passado nessas rochas”, declararam Ruff e Farmer.
O estudo pode ser lido aqui: http://www.nature.com/articles/ncomms13554
E realmente o curioso de tudo isso é que com a NASA, em se tratando da possibilidade de vida extraterrestre, nada é conclusivo.
n3m3