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A Chegada é um excelente filme de ficção científica, dizem críticos

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Em agosto passado, foi publicado aqui no OH um artigo com o trailer do filme ‘A Chegada’ (Arrival).

Agora que o filme foi lançado nos EUA, porque não publicar aqui uma das avaliações feitas sobre esta interessante produção cinematográfica sobre a chegada de ETs à Terra?

Veja:

a_chegada

NO CLIMAX DO ‘A Chegada’, quando a esperança para a humanidade parecia estar perdida, a Dra. Louise Banks (Amy Adams) rouba um telefone a satélite e se entrincheira num quarto para tentar salvar o mundo. Fora do quarto, agentes da inteligência e soldados apontam suas armas para porta.  Por todo o planeta, naves alienígenas se manifestam, e as super-potências militares em todos os lugares se preparam para lançar um ataque nuclear contra os intrusos.  Banks é no momento a pessoa mais capaz no planeta – com experiência e conhecimento – e ela usa essas habilidades, o peso de grande e terrível informação que ela ainda não compreende, para salvar o mundo dos homens que preferem visitar o apocalipse por sobre o desconhecido, do que procurar compreendê-lo.  O diretor Denis Villeneuve não procurou criar uma alegoria para a eleição presidencial deste ano (EUA) – mas agora se tornou uma.

Baseado no romance de Ted Chiang, “Story of Your Life” (História da Sua Vida), a adaptação de Villeneuve começa logo após as naves alienígenas aparecerem – uma dúzia delas, pariando ao redor do globo. Louise, uma professora de linguística, caminha costumeiramente para dentro de sua sala de aula, a fim de começar sua palestra, não ciente das naves e do subsequente pânico existencial que agarraria o planeta.  Ela recebe a visita do Coronel Weber (Forest Whitaker), um oficial para o qual uma vez ela forneceu um trabalho de tradução, e que agora a convida para se unir à uma equipe de cientistas, a fim de inspecionarem uma das naves em Montana.

Entender uma linguagem alienígena é um trabalho duro, mas Louise encara isso com autoconfiança. Enquanto todos ao seu redor estão procurando por um progresso imediato e significativo – e falhando – ela tem o histórico linguístico para saber onde começar, e progride através dos blocos da comunicação para tentar descobrir formas dos humanos e os heptapodes se comunicarem.  Em contraste ao seu colega de equipe, o físico teórico Ian Donnely (Jeremy Renner), ela é a pessoa que não somente tem ideias ilimitadas, mas na verdade entrega resultados úteis.  Seu primeiro avanço: descobriu que ambas as espécies possuem uma forma de escrita. A linguagem alienígena é desenhada de forma bela, com “logogramas” de fumaça preta curvada que pode abranger sentenças completas.

O traço dominante de Louise é sua competência, mas ela também tem uma vulnerabilidade revelada em cenas apresentadas de relampeio para somente a platéia ver.  Vemos partes de sua vida que ninguém ao seu redor vê: um casamento tenso, uma filha amada. Villeneuve, junto com o cinematógrafo Bradford Young (Selma), tem uma tendência de revelar informação justamente quando ela é requerida, enquanto também mantém um segredo paralelo sobre a vida de Louise. E a música do compositor Jóhann Jóhannsson, cheia de coros e sons graves profundos, realça tanto a empolgação científica quanto o pânico global que cobre A Chegada.

Uma ilha de habilidade num mar de agressão

O que permanece agora, enquanto o filme é apresentado nos cinemas nos Estados Unidos, depois de aproximadamente dois meses de sua apresentação no Festival do Filme em Veneza, é o quão central o papel de Louise é na mediação de um mal-entendido – e o quão não recompensada ela também é.  Diferentemente de invasores hostis do filme Dia da Independência, estes visitantes não atacam, mas simplesmente permitem que uma equipe de humanos veja e se comunique com um par de alienígenas de sete pernas. (Ian apelida a dupla de ETs de Montana de Abbott e Costello, efetivamente diminuindo o perigo em potencial nas mentes dos pesquisadores.)

Mas nem todas as nações abordam a questão como Louise, ou mesmo apoiam seus esforços. Ela é uma comunicadora fora de série e uma talentosa diplomata, mas muitos a consideram gelada e idealista. A China escolhe interagir com os visitantes mais próximos atravéz de Mahjong, um jogo que ensina vencedores e perdedores, mas não a igualdade.  Receosos das intenções dos alienígenas, e incapazes de fazer qualquer coisa mas somente jogar o jogo e manter o placar, a China 0 junto com a Rússia, Sudão e outros – se preparam para tomar uma ação militar. Enquanto isso, até mesmo as forças armadas dos EUA, influenciadas pelos estudiosos conservadores, procuram violentamente sabotar o trabalho de Louise e Ian.  Todavia, Louise acaba sendo a única pessoa na Terra que consegue compreender as repercussões da mensagem que os heptapodes estão tentando nos passar.

A Chegada não é o tipo de ficção científica que entrega finais de semana de cair o queixo. Provavelmente não vai faturar mais do que o Doutor Estranho. Mas é tão comovente quando cerebral, contemplando a natureza do tempo tão habilmente quanto considera o abismo que separa muitos de nós. Em seu centro está uma mulher talentosa e de sucesso, cujo trabalho incansável não é recompensado – e nesses tempos, não há talvez um cenário mais antiutópico do que esse.

Por K.M. MCFARLAND

(Fonte)



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