Esqueça Marte! Por que não colonizar Vênus?
Elon Musk anunciou planos para colonizar Marte no futuro próximo e a NASA está planejando missões tripuladas ao planeta vermelho até 2030, mas por alguma razão ninguém está falando sobre Vênus.
O segundo planeta no nosso sistema solar, Vênus, é muito mais próximo do que Marte, possui a mesma gravidade que a Terra, e a atmosfera mais espessa poderia oferecer melhores condições para assentadores interplanetários do que o planeta vermelho.
Ele é tão similar ao nosso planeta que foi apelidado de “gêmeo vizinho da Terra”, assim por que ninguém está falando em colonizar Vênus, algumas vezes também chamado de Estrela da Manhã? Perez-Giz e a equipe da série SpaceTime da PVS dizem que isto tem algo a ver com o que eles chamam de ‘Superficieismo‘.
“Desde os dias da exploração marítima temos tido uma obsessão com pousar nas superfícies das coisas. Se você não plantar uma bandeira em algo é quase como se chegando lá não contasse.”
Vênus está a 14 milhões de quilômetros mais próximo da Terra do que Marte, o que significa que um voo espacial do nosso planeta seria de 30 a 50 por cento mais curto, e é por isto que enviamos sondas para Vênus muito antes de enviarmos para Marte.
Isto também significa que uma missão tripulada para o segundo planeta do sistema solar requereria muito menos combustível, alimentos e suprimentos para os astronautas e assentadores em potencial, o que traduziria em uma viagem mais barata. Isto tem um significado real se a humanidade tiver a intenção de estabelecer colônias fora do nosso planeta e se tornar uma espécie de dois planetas.
A espessa atmosfera de Vênus protegeria os astronautas de forma muito melhor do que a fina camada de proteção oferecida pelo planeta vermelho, e a presença de dióxido de carbono significa que os colonizadores poderiam potencialmente produzir seu próprio oxigênio.
A gravidade mais pesada daquele planeta, muito parecida com a da Terra do que a de Marte, poderia ser mais fácil de ser encarada pelos exploradores espaciais e iria prevenir a perda óssea presente em astronautas que despendem muito tempo no espaço.
A energia também seria uma questão, já que Vênus é muito mais próximo do Sol do que Marte, e painéis solares produziriam muito mais energia do que no planeta vermelho.
Por que não Vênus?
A cultura popular está encantada com a ideia de colonizar Marte; o planeta vermelho tem inspirado livros e filmes, os quais tem incentivado as nações do mundo que viajam ao espaço a almejarem aquele planeta ao invés de Vênus.
Embora Vênus tenha uma superfície sólida como a da Terra, os humanos não podem pousar lá pois as temperaturas são por volta de 450ºC. A superfície também está sob intensa pressão; qualquer espaçonave que lá pousasse seria esmagada como um ovo.
Porém, a uns 48 km acima da superfície, a temperatura e a pressão se torna muito mais parecida com a da Terra do que qualquer outro planeta no sistema solar, assim os colonos poderiam viver em cidades nas nuvens, como a de Lando Carlrissian em Guerra nas Estrelas.
Na verdade a NASA já projetou tal ambiente, essencialmente uma cidade feita de balões e apelidada de High Altitude Venus Operational Concept (HAVOC), disse à CNN o engenheiro aeroespacial da NASA, Christopher A. Jones.
“Um dos conceitos é um veículo mais leve do que o ar que poderia carregar vários instrumentos e sondas, ou um habitat e veículo para uma tripulação de dois astronauta, a fim de explorarem Vênus por até um mês.”
A ideia, até agora somente um conceito, é que astronautas poderiam viver numa cidade balão a 48 km acima da superfície de Vênus, por até 30 dias, que finalmente poderia evoluir em um assentamento humano permanente.
Uma missão tripulada até Vênus poderia ser completada em menos tempo do que demoraria para enviar astronautas até Marte, e ela serviria como um degrau para o planeta vermelho, disse Jones à CNN.
“Eventualmente, uma missão humana de curta duração nos permitiria ganhar experiência em ter humanos vivendo em outro mundo, com a esperança de que seria possível um dia viver na atmosfera permanentemente.”
O principal problema com o conceito é o de espaçonaves até Vênus que não são projetadas para pousar na superfície do planeta.
Qualquer espaçonave enviada ao planeta precisaria reduzir a velocidade em tempo para o balão se posicionar e ser inflado, para que assim a nave aérea pudesse flutuar acima do solo, ao invés de cair até a superfície e ser esmagada como um ovo, disse Jones à CNN.
“Com os avanços da tecnologia e o maior refinamento do conceito, as missões até a atmosfera venusiana podem expandir o futuro da humanidade no espaço.”
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