Mundo semelhante à Terra pode ser o mais importante planeta já encontrado fora do Sistema Solar
O seguinte artigo foi publicado ontem (15/2) no Jornal da Ciência:
Um mundo quente e rochoso do tamanho da Terra, que pode ter a sua própria atmosfera, está na órbita de uma pequena estrela próxima.
O planeta, chamado GJ1132b, possui cerca de 1,2 vez o tamanho da Terra e parece ser predominantemente composto de rocha e ferro. É o planeta descoberto fora do nosso Sistema Solar com o tamanho mais próximo da Terra, três vezes mais perto do que os vistos anteriormente. Os astrônomos descreveram o novo mundo como “o mais importante planeta já encontrado fora do Sistema Solar”.
GJ1132b orbita sua estrela mãe, uma pequena estrela anã da classe M chamada Gliese 1132, a uma distância muito mais próxima do que a Terra está do Sol, o que significa que recebe cerca de 19 vezes o nosso nível de radiação. Como resultado, eles calculam que a superfície do planeta experimente temperaturas entre 136 °C e 306 °C. Isso significa que o planeta pode ser muito quente para a vida humana, mas os cientistas acreditam que ele ainda possa ter uma atmosfera substancial. Na verdade, eles disseram que ele talvez tenha condições parecidas com Vênus. Os especialistas dizem que o planeta pode ter um ambiente predominantemente de hélio e hidrogênio, mas se não houvesse, no passado, água na superfície do planeta, ele também poderia ter oxigênio e dióxido de carbono.
No entanto, os astrônomos alertam que é atualmente impossível tirar quaisquer conclusões definitivas sobre como é a atmosfera do planeta. Em vez disso, eles alegam que a proximidade do planeta, a cerca de 39 anos-luz da Terra, pode facilitar a observação direta pela próxima geração de telescópios espaciais.
Em artigo publicado na revista Nature, o Dr. Zachory Berta-Thompson – um astrofísico no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA – e seus colegas disseram que o Telescópio Espacial James Webb, com lançamento previsto em 2018, poderia medir a luz que vem do planeta para dar mais detalhes sobre a sua atmosfera.
“O planeta é muito mais quente do que a Terra, muito mais quente ainda do que Vênus. Esse planeta será o alvo favorito de astrônomos nos próximos anos. Com o Telescópio Espacial James Webb, será possível observar a cor do pôr do sol desse planeta, sentir o calor que emana de sua superfície e estimar a velocidade de seus ventos. É muito quente para ser habitável, e nem há água líquida na superfície. Mas é muito mais frio do que os outros planetas rochosos que conhecemos”, disse Zachory.
GJ1132b orbita sua estrela a cada 1,6 dia, causando um leve escurecimento de cerca 0,3% da luz proveniente da estrela anã M. Essa classe de estrela é proveniente da queima de hidrogênio com menos de 60% do tamanho do nosso Sol, sendo a mais comum em nossa galáxia. Os astrônomos estimam que a estrela do novo planeta tenha cerca de 21% do tamanho do nosso próprio Sol.
O planeta foi descoberto usando o telescópio MEarth-South, que monitora milhares de estrelas anãs vermelhas localizadas no alcance de até 100 anos-luz da Terra. No artigo publicado na revista Nature, Drake Deming, astrônomo da Universidade de Maryland, nos EUA, que não esteve envolvido no estudo, disse: “A descoberta de GJ 1132b, sem dúvida, representa o planeta mais importante já encontrado fora do Sistema Solar. A importância desse novo mundo deriva de vários fatores. Ela tem um raio apenas 16% maior do que a Terra e uma densidade correspondente de 6 gramas por centímetro cúbico. Além disso, Gliese 1132, a estrela anã vermelha que o planeta orbita, encontra-se a apenas 12 parsecs do Sol, uma distância que permitirá que astrônomos estudem o planeta com uma fidelidade inédita
Fonte: jornalciencia.com