Poderia a vida ser mais velha do que a própria Terra?
Aplicando-se uma máxima da ciência computacional para a biologia, levanta a possibilidade intrigante de que a vida tenha existido antes da criação da Terra e possa ter sido originária de fora de nosso sistema solar, dizem os cientistas.
A Lei de Moore fala sobre o aumento exponencial em complexidade dos computadores, à uma taxa de aproximadamente o dobro de transistores por circuito integrado a cada dois anos. Se você aplicar a Lei de Moore para a taxa de complexidade computacional somente dos últimos anos, e trabalhar para trás, você chegará à década de 1960, quando realmente o primeiro microchip foi inventado.
Agora, dois geneticistas aplicaram a Lei de Moore para a taxa na qual a vida na Terra cresce em complexidade – e os resultados sugerem que a vida orgânica já existia bem antes da Terra existir.
Alexei Sharvov, um cientista da equipe do Instituto Nacional de Envelhecimento, em Baltimore – EUA, e Richard Gordon, biólogo teórico do Laboratório Marinho de Espécimes do Golfo, na Flórida, utilizaram a lei de Moore, substituíram os transistores por nucleotídeos – os blocos de construção do DNA e do RNA – e os circuitos por material genético, e fizeram os cálculos matemáticos.
Os resultados sugerem que a vida apareceu por primeiro há 10 bilhões de anos, o que é muito antes da idade projetada da Terra de 4,5 bilhões de anos.
Assim, mesmo se for matematicamente possível para a vida ter sido criada antes da formação da Terra, seria isto fisicamente possível? Novamente, Sharov e Gordon dizem que sim, é possível. À medida que o nosso sistema solar estava se formando, os organismos pré existentes, similares às bactérias, ou mesmo nucleotídeos simples de uma parte mais velha da galáxia, poderiam ter alcançado a Terra, pegando carona em cometas, asteroides e outros escombros espaciais inorgânicos interestelares – um processo teórico chamado de panspermia.
Os cálculos dos cientistas não constituem prova científica de que a vida seja mais velha do que a Terra – não há forma de saber com certeza se a complexidade orgânica aumentou à uma taxa estável em qualquer ponto da história do Universo. Este é um exercício, ou teste, e não uma teoria, disse Sharov.
“Há muitos elementos teóricos sobre o nosso argumento… mas para ter uma visão mais ampla, precisamos alguns elementos hipotéticos“, disse Sharov.
A ideia de Sharov e Gordon levanta outras possibilidades intrigantes. Uma delas é a de que “a vida antes da Terra” desbanca a velha alegoria de ficção científica das espécies alienígenas avançadas cientificamente. Se a complexidade genética progride à uma taxa estável, então o desenvolvimento social e científico de qualquer outra forma de vida alienígena na galáxia Via Láctea seria aproximadamente igual ao dos humanos.
O estudo de Sharov e Gordon traça uma linha paralela teórica e prática entre a origem da vida e a relação entre a vida e o conhecimento. A evolução humana não ocorre no genoma; ela ocorre epigenéticamente, ou dentro da mente, à medida que a tecnologia, a linguagem e a memória cultural se tornam mais complexas. “A complexidade funcional dos organismos é codificada parcialmente no genoma herdável e parcialmente na mente perecível“, eles explicaram em seu trabalho.
Através da aplicação de Lei de Moore à vida (uma teoria originalmente projetada para explicar o desenvolvimento tecnológico), os genetecistas não estão simplificando a evolução; eles estão reconhecendo sua extraordinária complexidade, dizem eles.
Embora alguns possam ser céticos quanto as descobertas de Sharov e Gordon, os cientistas se sentem confiantes quanto as suas conclusões. “A contaminação com esporos bacterianos do espaço parece ser a hipótese mais plausível para explicar o aparecimento da vida na Terra,” eles argumentam em seu trabalho, o qual está publicado online no periódico Arxiv.
Sharov disse que, se ele tivesse que apostar nisso, ele diria que “é 99 por cento verdadeiro o fato de que a vida começou antes da Terra – mas deveríamos deixar 1 por cento para a chance de haver algo que não contabilizamos.”
Para um relatório completo sobre o estudo, acesse os arquivos online do site clicando aqui: Cornell University Library.
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Fonte: news.discovery.com
Colaboração: Osnir Carlos Stremel Júnior