Espaço do Leitor: A busca extraterrestre seria uma busca por nós mesmos?
Abaixo, mais um instigante texto de nosso assíduo colaborador do Espaço do Leitor, Rafael Santos Ribeiro:
Por que muitos procuram vida inteligente em outros planetas? Claro que isso seria a notícia do século, mas mesmo assim provavelmente você ainda teria que acordar cedo para trabalhar no dia seguinte e pagar aquela conta. É um fato que uma grande parte da população nem ao menos pensa ou se importa, caso exista vida inteligente além de nós no universo, mas mesmo assim uma pequena parte a procura incansavelmente ou acredita por pura lógica (uma só forma de vida inteligente em todo universo não parece correto). Agora por que essa pequena parte quer tanto encontrar algo além de nós no universo? Será que na verdade não estaremos tentando encontrar nós mesmos?
“A verdade está lá fora” é um bordão da clássica série Arquivo X e não poderia estar mais correta. Estamos procurando a verdade. A verdade do universo. A verdade da nossa existência. Queremos saber o que somos e por que somos assim. Muitos acham que ao encontrar nossos “primos” espaciais encontraremos as respostas de nossas perguntas. Queremos que seres avançadíssimos cheguem à Terra e resolvam nossos problemas. Em resumo, queremos que alguém nos guie para um futuro melhor ou que resolva nossos problemas.
Pense em um extraterrestre. Provavelmente você pensou em um pequeno humanoide de cabeça grande. Por que não pensamos imediatamente em um ser como os Xenomorph da série Aliens? Porque no segundo caso temos um monstro que não se assemelha a um humano, enquanto que no primeiro caso vemos algo que podemos nos identificar melhor (se não se parece um humano é um monstro e monstros são ruins). Pensamos que as raças extraterrestres ou são boas, ou são más. Assim como existem humanos bons e ruins porque não podemos pensar nessa divisão para outras raças? Da mesma forma que pensamos nos aliens como seres humanoides, já que assim poderíamos, em tese, entender melhor seus sentimentos e emoções e termos um contato mais “humanizado” de uma raça que não seja da Terra.
Um fato interessante é que o ser humano quer fazer parte de algo maior. Somos seres sociáveis e, em geral, não gostamos de viver em isolamento absoluto. Olhando para as estrelas queremos que haja algo olhando para nós. Todos esses anos de silêncio estão deixando muitos cientistas loucos. “Onde está todo mundo?” ou “Por que não conversam conosco?” são perguntas que vão se somando até chegarem à conclusão mais simples: Porque não tem ninguém lá fora. Se não fazemos parte de algo maior em âmbito universal deve ser porque não há mais nada no espaço. Ou pior ainda, existe algo que não nós quer que sejamos parte de seu sistema.
Não fazer parte de algo maior nos deixa desorientados. Se só existirmos nós no universo porque existimos? Para que existimos? Queremos que alguém desça e diga que fomos criados por eles e que fazemos parte de uma família com um propósito específico. Ter um objetivo como a raça humana, poderia nos unir em direção a esse objetivo. Talvez preenchessem esse vazio que sentimos dentro de nós. Ao invés de cada um procurar seu próprio caminho e sentido de existência, seria muito fácil alguém dizer “Eu te criei para isso”.
Creio que a busca por vida inteligente é, além de tudo, uma busca sobre nós mesmos. Queremos ter um propósito grandioso como raça humana no futuro (é só ver um filme de ficção científica para comprovar), mas ao mesmo tempo não tentamos mudar a nós mesmos para que esse futuro ocorra. Talvez o vazio que vemos no céu seja um reflexo de nossa alma. Um enorme e assustador vazio.
– Rafael Santos Ribeiro