Rodrigo Bravo: “A ovnilogia / ufologia especulativa morreu depois de 21 de dezembro de 2012”
CHILE: Rodrigo Bravo, um major do exército e renomado especialista do fenômeno OVNI no Chile, usa de sua franqueza com o Publimetro sobre um assunto que gera uma tremenda atenção para com o Chile. A partir de uma perspectiva crítica, Bravo procura encontrar os efeitos dos fenômenos aéreos anômalos para contribuir com a segurança aeronáutica, mais do que procurar por suas causas.
O Major Rodrigo Bravo, de 38 anos, está no serviço militar há vinte e um anos e foi o primeiro militar chileno a abordar o fenômeno dos OVNIs a partir de uma perspectiva crítica. Ele será um dos vários apresentadores no IV Encuentro Ufológico de Maipú. Numa entrevista com a Publimetro, Bravo discute a emergência de sua relação com o fenômeno dos OVNIs, sua perspectiva crítica – tendo sido taxado como cético mesmo depois de ter negado isso – , sua experiência internacional e como o assunto está atualmente sendo abordado no país.
– Rodrigo, qual foi a sua primeira ligação com o fenômeno dos OVNIs?
– No ano de 2000, enquanto eu estava treinando como piloto, me foi passada a matéria “Introdução ao Fenômeno dos OVNIs e Considerações para a Segurança Aérea”, como minha tese de graduação. Após esya investigação, eu cheguei até a CEFAA (Centro de Estudos de Fenômenos Anômalos Aéreos). Naquela época eu tive acesso a vários arquivos que pertenciam à Direção Militar. Em 30 de maio de 2002 me foi pedido para falar sobre o assunto. Uma análise histórica dos casos ocorreu junto com uma análise aeronáutica, todos eles ligados ao mundo da aviação. Então a pesquisa foi almejada ao assunto da segurança aeronáutica. A meta era a de encontrar mais sobre os efeitos , ao invés da causa destes fenômenos.
– Isto despertou interesses por outras instituições ou atividades em sua pesquisa, além dos militares?
– Deveras. Após, eu participei em vários seminários e conferências em Viña del Mar. Foi quando Leslie Kean me convidou em 2007 para falar numa conferência no National Press Club em Washington, para discutir o fenômeno dos OVNIs junto com pilotos, cientistas e militares que haviam sido diretamente conectados ao fenômeno anômalo.
– Este foi o seu primeiro evento internacional?
– Sim. Eu já tinha participado de conferências, mas sempre localmente.
– E como foi estar junto de grandes personalidades que estudam o fenômeno?
– Eu tive a sorte de conhecer pessoas com grande experiência envolvidas com o assunto, mas não de uma perspectiva ovnilógica, mas de um mundo aeronáutico e científico, e esta é uma diferença que deve ser feita abrupta.
– E qual seria esta diferença?
– A ovnilogia é uma pseudociência, um estudo informal por vários fatores, pois lhe falta uma doutrina, que são os princípios básicos que uma escola de pensamento filosófico necessita ter. Falta-lhe condições para gerar um método científico, para que nenhuma conclusão apressada seja alcançada. Quando você trabalha nestas investigações a partir de uma perspectiva aeronáutica e procurando por efeitos, é diferente, pois você está estudando um fenômeno real e específico que existe. Um que tem sido capturado por radares e vários outros meios tecnológicos, e enquanto você pode não conhecer do que se trata, você não esta procurando por sua origem, porque você não tem meios de conhecê-la de um ponto de vista fenomenológico. Então, o que você procura é um meio de agir contra seus efeitos na segurança, porque há situações documentadas nas quais as missões aeronáuticas têm sido ameaçadas pelos fenômenos anômalos.
– Então, o que acontece com o tema da ovnilogia que busca suas causas, porque este é um campo de pesquisa que várias pessoas praticam e investigam?
– A ovnilogia clássica ou normal conhecida pela maioria das pessoas, como ovnilogia especulativa, baseada na hipótese extraterrestre, que foi desenvolvida por vários ovniólogos, não é mais sustentável. Aquela ovnilogia morreu após 21 de dezembro de 2012. Já que a memória coletiva aqui é muito frágil, todo o mundo esqueceu sobre os três dias de escuridão, da Princesa Japonesa, da aparição de um planeta não existente, dos seis Irmãos Maiores do Espaço, e nada aconteceu. Assim, do que estamos falando a respeito?
-Por que você diz que isso morreu tão repentinamente?
– Porque esse tipo de ovnilogia especulativa possui cinco grande ramificações: A Paraovnilogia, que é estudo destes fenômenos por sobre um período e tempo e até suas origens; a Ovnilogia Clássica, a qual analisa fotos e vídeos; a Ovniologia Palioastronáutica, que é uma jornada para encontrar os alienígenas ancestrais, que estas pessoas começaram a falar a respeito quando ficaram sem coisas para fabricar; a Outra Ovnilogia que prepara diplomatas para encontros alienígenas, outra que foca no problema das presenças alienígenas na Terra e a desclassificação dos arquivos por autoridades, e o Contatismo, que é a ramificação mais radical, envolvendo pessoas que alegam ter sido contactadas e supostamente tiveram relacionamentos diretos com seres de outros mundos. Essa ufologia especulativa terminou em 21 de dezembro de 2012, porque não temos nenhum meio de verificar quaisquer alegações feitas por estas pessoas.
– Então, no que a ovnilogia aeronáutica acredita?
– Quando falamos de ovnilogia baseada em pensamento crítico, não significa que você não acreditamos em nada. Isto significa que você sabe que está encarando um fenômeno anômalo, cuja origem você não entende nem compreende. Todavia, ela possui certas manifestações que causam confusão nas operações aéreas e isto é o que você examina. A manifestação de um fenômeno anômalo pode ser devida aos íons, fenômenos meteorológicos, tecnologia avançada desconhecida ou em desenvolvimento; em resumo, tudo. Poderia até mesmo ser um objeto voador não identificado de origem extraterrestre. O problema é que você não tem meios de provar isto, assim, deixamos a possibilidade aberta, e ao invés de procurar pelas causas, procuramos mitigar seus efeitos.
– Então nos conte alguns dos casos do fenômeno dos OVNIs no Chile. Como você reage a eles a partir de uma perspectiva crítica, como é o caso da Ilha da Amizade (Friendship) no sul do Chile, por exemplo?
– A alegada ilha extraterrestre no sul do Chile, a qual fez contato por rádio na década de 80 com a família Ortiz, é a farsa mais interessante do ponto de vista sociológico, mas nunca houve um único extraterrestre por lá. Isto foi um experimento e deste ponto em diante uma piada acabou tomando corpo e se tornando num mito OVNI Mundial.
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Fonte: www.publimetro.cl, via inexplicata.blogspot.com.br,