Estaria a nossa limitada compreensão nos impedindo de reconhecer a vida extraterrestre?
A procura por vida extraterrestre está incrustada na cabeça dos humanos por décadas, mas para tal, precisamos ser capazes de reconhecê-la.
Será que existe qualquer garantia de que outras formas de vida se manifestariam num formato que conseguiríamos identificar imediatamente? Estaríamos errados em presumir que toda a vida deva ser derivada dos mesmos elementos químicos, ou requer os mesmos fatores ambientais?
Estas questões estão sendo postuladas pelos cientistas da Universidade do Colorado, após a descoberta de um misterioso florescimento de químicos nas rochas encontradas em áreas secas, tais como no deserto de Mojave, na Califórnia – EUA, e no deserto de Atacama, no Chile.
Uma mistura brilhante de manganês, arsênico e dióxido de silício ficou conhecida como “verniz do deserto”. Apesar da pesquisa intensa, não se sabe como este verniz se forma, embora a teoria mais comum sugira que ele seja produzido por uma série de reações químicas que levam milhares de anos para se desenvolver. Porém, uma cientista tem uma nova teoria radical sobre o assunto.
A Professora Carol Cleland, uma filosofa com base no centro de astrobiologia da Universidade do Colorado, acredita que o verniz do deserto seja muito significativo, pois poderia ser a chave para destravar a porta de mundos ocultos que estão além da nossa compreensão. Ela está postulando que o brilho dessas rochas poderia ser na verdade parte de um mundo biológico invisível que existe numa dimensão etérea conhecida como a ‘biosfera sombra’.
“A idéia é direta“, disse Cleland. “Na Terra, podemos estar coabitando com vidas microbianas que possuem uma bioquímica completamente diferente daquela compartilhada pela vida como atualmente conhecemos“.
O conceito, detalhado por Cleland e sua co-autora Shelley Copley, num trabalho publicado no International Journal of Astrobiology, em 2006, é intrigante e abre uma dimensão totalmente nova à forma com que abordamos a procura pela vida extraterrestre. De acordo com o trabalho, a vida alienígena pode já estar existindo em muitas formas no nosso planeta, tanto em formas que seguem padrões fisiológicos, os quais compreendemos, como em formas que não ainda reconhecemos.
As autoras do trabalho classificam os organismos desconhecidos, que presume-se habitam a ‘biosfera sombra’, de ‘vida estranha’.
“Todos os micro-organismos que temos detectado na Terra até hoje possuem uma biologia como a nossa: proteínas constituídas de no máximo 20 aminoácidos e um código genético de DNA feito somente de quatro químicos base: adenina, citosina, guanina e timina“, diz Cleland. “Todavia, há até 100 diferentes aminoácidos na natureza e pelos menos uma dúzia de bases. Estes poderiam facilmente ter combinado em partes remotas do passado para criar formas de vida com uma bioquímica muito diferente da nossa. E mais, algumas dessas formas podem ainda existir em cantos do planeta”.
Então, por que teria esta ‘vida estranha’ permanecido indetectável pela ciência até hoje? Como podemos procurar pela vida em outros planetas quando ainda temos que determinar por completo quem reside no nosso próprio?
Como o biólogo estadunidense, Craig Venter, comentou: “Estamos procurando por vida em Marte e nem mesmo sabemos o que está na Terra!”
“Bilhões de anos atrás, a vida baseada em diferentes tipos de bioquímica de carbono poderia ter surgido em vários locais da Terra“, disse Cleland. “Estas variedades teriam sido baseadas em diferentes combinações de bases e aminoácidos. Finalmente, uma – baseada em DNA e em proteínas feitas de 20 aminoácidos – formou entidades multicelulares e se tornou a dominante forma de vida na Terra. É por isso que a vida, tal qual a conhecemos, desde insetos até humanos, e de plantas até pássaros, possui DNA como seu código genético. Porém, outras formas de vida baseadas em diferentes bases e proteínas poderiam ainda ter sobrevivido – na biosfera sombra…”
…Cleland não é a única astrobióloga a ter abraçado o conceito de ‘vida estranha’, pois ideias similares têm sido propostas por Chris Mckay, do Centro de Pesquisa Ames da NASA, na Califórnia, e também por Paul Davies, que resumiu sua visão de uma zona de vida alternativa num trabalho sobre astrobiologia em 2005.
Davies, da Universidade Estadual do Arizona, comentou: “Se a vida começou mais de uma vez na Terra, poderíamos estar virtualmente certos de que o Universo está fervilhando com ela“.
Fonte: www.unknowncountry.com