Rússia acaba de construir motor para viagens a Marte
O seguinte artigo de Natalia Kovalnko, foi recém publicado no site A Voz da Rússia:
Quem será o primeiro homem em Marte? Mais de 200 mil voluntários de diferentes países expressaram o desejo de participar da colonização do Planeta Vermelho. Os iniciadores do projeto particular Mars One estão prontos para realizar uma seleção qualitativa dos candidatos e iniciar os treinos. Entretanto, ainda não existe a base técnica para a organização da colônia em Marte. Enquanto isso na Rússia começaram os testes do novo motor para voos espaciais de longa duração.
Numa empresa russa de engenhos automáticos estão sendo realizados, pela primeira vez no mundo, testes em condições industriais de um motor eletro-reativo radicalmente novo – magneto-plasma-dinâmico. O modelo desse motor já havia passado por testes em laboratório. Especialistas russos conseguiram criar uma estrutura muito simples mas eficiente – contou à Voz da Rússia o dirigente do projeto científico, vice-presidente da Academia de Engenharia Prokhorov, doutor em ciências físico-matemáticas, professor Yuri Kubarev.
“É um cilindro, em que foi colocado um carretel magnético de configuração complexa. Dentro deste cilindro encontra-se o elemento que se chama ânodo, ao qual passa a tensão positiva – da corrente permanente. Do outro lado, o cátodo ao qual passa a tensão negativa. O plasma se forma no campo magnético. Por sua estrutura o motor é muito simples, mas os processos físicos nele são muito complexos. É emitido gás da parte do cátodo que sai do lado do ânodo para o meio ambiente. E este gás é ionisado, isto é, criam-se partículas positivas e negativas, íons e elétrons. O movimento delas nesses campos é muito complexo. Sendo que se pode criar tal condição em que elas aceleram. Eis, em resumo, o motor mono escalonado.”
Em muitos países se dedicaram a semelhantes motores magneto-plasma-dinâmicos, inclusive nos EUA e Alemanha. Mas lá ainda não conseguiram dominar a torrente de plasma. Já os especialistas russos criaram tal estrutura eletromagnética, em que tensões iguais na corrente elétrica podem mudar a configuração do campo magnético e desse modo influir sobre os processos de formação e aceleramento do plasma. Uma nave cósmica, equipada com tal motor poderá acelerar e frear sem mudar o regime de trabalho do propulsor, e o jato de plasma desviado ajuda-a a manobrar no espaço.
Os primeiros lançamentos industriais mostraram resultados análogos aos de laboratório. No fundo, acaba de ser criado o motor para viagens cósmicas de longa duração. Resta experimentá-lo e selecionar os cosmonautas para um voo pilotado a Marte.
No caso do projeto particular holandês Mars One, passa-se justamente o contrário. O plano de voo já existe e há mais de 200 mil voluntários. Foi decidido até mesmo que o financiamento da onerosa operação de colonização de Marte será feito à custa da venda de transmissões televisivas da vida dos primeiros “marcianos”. Só não há recursos técnicos para a realização desta ideia – assinala o redator da revista “Novosti Kosmonavtiki” (“Notícias da Cosmonáutica”), Alexander Ilin:
“O projeto se parece muito com um show. Praticamente não se fala sobre a fundamentação técnica. O nível do projeto lembra um trabalho estudantil – um círculo escolar de cosmonáutica, em que crianças inventam como voar a Marte. O mais provável é que nos próximos 30-40 anos não haja expedição a Marte. Naturalmente que o que é proposto no projeto Mars One é muito atraente para o amplo público. Porque, nenhuma agência estatal faz semelhante proposta. É claro que todos gostariam de ver com seus próprios olhos como o homem chega a Marte – isto é interessante, é empolgante, é ótimo. Mas, o importante é entender que uma coisa é anunciar tais planos e outra é realizar uma preparação mínima. Este projeto, do ponto de vista técnico, é inviável.”
Enquanto isso foi concluída a recepção de requerimentos de participantes do projeto Mars One. Até o final deste ano, os organizadores prometem anunciar quem – de entre os 200 mil interessados em ir a Marte – foram selecionados para treinamento. Até 2015 eles formarão de seis a dez equipes de quatro pessoas cada uma. Com o tempo serão escolhidos apenas quatro voluntários, que serão os primeiros a ir a Marte. Eles já não poderão voltar para a Terra: o Mars One é uma viagem só de ida. Assim é mais barato, em todo caso por enquanto não sabem como voltar. A partida está marcada para 2025.
-Natalia Kovalenko
Fonte: A Voz da Rússia
Colaboração: Glorianv