Novas hipóteses sobre vida num satélite de Júpiter
O seguinte artigo foi publicado em 14 de junho passado no site A Voz da Rússia, em português:
A fotossíntese infravermelha pode vir a ser uma “fonte de vida”. Por exemplo, num satélite de Júpiter, o Europa. O físico cubano Rolando Cardenas, da Universidade Marta Abreu, supõe que no fundo do oceano de gelo possam existir micro-organismos vivos. Segundo sua hipótese, essas bactérias podem utilizar a luz infravermelha para alimentação.De acordo com o cientista, é injetada água quente, sob enorme pressão, no oceano que se encontra debaixo de uma espessa camada de gelo. Ali, ela arrefece num instante.
O diferença de temperaturas pode variar centenas de graus Celsius. Com isso, se forma a irradiação infravermelha.A hipótese cubana se baseia na obra do cientista canadense Thomas Beatty que, há 8 anos, descobriu bactérias terrestres capazes de viver graças à fotossíntese infravermelha.
Habitam num vulcão subaquático no litoral mexicano à profundidade 2 km onde reina a escuridão completa. A ideia avançada por Cardenas ficou do agrado da bióloga russa Elena Vorobieva, da Universidade Lomonossov.
“A hipótese formulada pelo cientista cubano se refere às origens da vida e de sistemas biológicos complexos em corpos planetários. Sabemos pouca coisa de Marte para falar de uma via específica de evolução da biosfera, se esta realmente existe. Os satélites de gelo de Júpiter são diferentes dos da Terra e de Marte“.
No processo de rotação, umas partes do satélite são atraídas a Júpiter. Segundo a versão de Rolando Cardenas, no subsolo do satélite Europa vai surgindo uma deformação que leva ao aquecimento do núcleo. É assim que se explica o surgimento de correntes quentes no fundo do oceano. O fenômeno foi comentado por Zarigto Masaraev, colaborador científico do Instituto de Microbiologia, contatado pela Voz da Rússia:
“No que respeita ao aquecimento do núcleo do Europa, acredito que seja apenas um postulado teórico. Existem diversos modelos. Todavia, é preciso ter a noção de composição química das águas oceânicas que se encontram debaixo do gelo. Há hipóteses de haver até águas salgadas a excluir a hipótese da evolução de micro-organismos“.
Apesar de otimista, a hipótese do cientista cubano não tem nada de novo. Há múltiplas hipóteses do gênero que, na sua maior parte, se alicerçam em descobertas feiras na Terra. Mas, em termos teóricos, tais processos podem ocorrer no satélite de Júpiter.
“Nos últimos anos, o ramo astrobiológico fez um grande avanço. Ao que tudo indica, a vida é capaz de ter um caráter universal e não se limita ao nosso planeta. Mas não se sabe em que forma ela existe, seria ativa ou congelada“.
Por isso, as suposições sobre a vida no Europa serão confirmadas quando as sondas espaciais fizerem testes da água gelada. Mas tal não será uma tarefa fácil, uma vez que a espessura do gelo pode constituir centenas de metros. Sondas interplanetárias atingirão o Europa na segunda metade dos anos 2020. A Rússia, possuindo uma rica experiência na projeção de módulos de pouso, poderá produzir tal dispositivo.
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Fonte: portuguese.ruvr.ru
Colaboração: Daniel Pazio