Novo estudo indica que a vida na Terra surgiu 100 milhões de anos mais cedo do que se pensava. Cientistas discordam.
A vida pode ter emergido na Terra 100 milhões de anos antes do que se pensava, sugere um estudo que irritou muitos cientistas, muitos dos quais estão argumentando que o documento da pesquisa nunca deveria ser publicado.
O estudo, que foi publicado no dia 12 de dezembro no periódico Nature, sugere que criaturas fossilizadas antigas encontradas em sedimentos do sul da Austrália, na verdade vieram da terra e não do oceano. Se as descobertas forem verídicas, os fósseis foram os primeiros a colonizar a terra e não as criaturas ancestrais das águas vivas, as quais viviam no oceano.
“Temos grandes organismos vivendo na terra, muito antes do que pensávamos“, disse o autor do estudo, Gregory Retallack, um geólogo e paleobotânico da Universidade de Oregon.
Porém, o estudo passa por intenso ceticismo por parte de muitos especialistas no campo – alguns dos quais questionaram não somente o validade científica do estudo, mas também sua aceitação em uma publicação científica de prestígio.
“Eu acho que as observações de Retallack sejam duvidosas e suas argumentações pobres. O fato disso ter sido publicado pela Nature está além da minha compreensão“, escreveu num e-mail Martin Brasier, paleobiólogo da Universidade de Oxford, que não esteve envolvido no estudo.
Os fósseis em questão foram primeiramente descobertos em 1947, em Ediacaran Hills, no sul da Austrália. As rochas avermelhadas contêm impressões de criaturas estranhas listradas chamadas de Dickinsonia, bem como outras criaturas primitivas que viveram por volta de 500 milhões de anos atrás.
Até agora, os cientistas acreditavam que as rochas foram constituídas por sedimentos oceânicos e que Dickinsonia e outras criaturas primitivas fossilizadas nas formações rochosas viviam no mar, similarmente às águas vivas, que viveram logo antes do início da explosão Cambriana, há aproximadamente 540 milhões de anos, quando a maior parte dos grupos animais repentinamente apareceram.
Porém, quando Retallack viu os fósseis pela primeira vez, ele se perguntou se eles poderiam ter sido formados na terra. Em particular, os fósseis tinham um tom avermelhado que ocorre quando o oxigênio na atmosfera reage com o ferro e cria a ferrugem – um processo que não ocorre no fundo do mar, disse ele. Ele também notou que os nódulos por toda a rocha eram muito similares às estruturas parecidas com raízes que são produzidas por criaturas como líquens ou fungos, encontrados em solo antigo.
Para averiguar se os fósseis eram criaturas da terra, ele testou a composição das rochas e descobriu que ela era característica dos primeiros estágios da formação do solo em terra firme, em cujo os nutrientes, tais como o potássio e o magnésio são esgotados. Ele diz que um processo similar não ocorre no oceano.
Mas vários cientistas estão questionando esta descoberta e perguntam porque a Nature publicou a matéria.
Eles argumentam que as rochas poderiam ter obtido sua coloração avermelhada mais recentemente, há uns 65 milhões de anos, quando elas de alguma forma se elevaram acima do nível da água. Também é argumentado que alguns dos fósseis estão orientados como se eles foram arrastados por uma corrente aquática.
As idéias de Retallack representariam uma mudança fundamental de como vemos a evolução.
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Fonte: news.discovery.com