A atmosfera de uma lua de Saturno pode produzir DNA
Por: Casey Kazan via NASA e csmonitor.com
Titã, uma lua de Saturno, possui muitos dos componentes para vida, mesmo sem água líquida. Mas, de acordo com um novo estudo, a névoa de hidrocarboneto alaranjada que engole a maior lua de Saturno pode estar criando moléculas que constituem o ADN (DNA), sem o auxílio da água, que é um ingrediente considerado necessário para a formação destas moléculas.
Porém, os pesquisadores alertam que, embora a atmosfera de Titã esteja criando estas moléculas, isso não significa que as moléculas estejam se combinando para formar vida. Mas esta descoberta pode instigar os astrobiólogos a considerar uma ampla gama de planetas exosolares (fora de nosso sistema solar) como potenciais anfitriões para, pelo menos, formas mais simples de vida orgânica, sugere a equipe de cientistas dos EUA e da França.
As novas descobertas também sugerem que bilhões de anos atrás a atmosfera superior da Terra (não somente a assim chamada “sopa primordial” na superfície), poderia ter sido a fonte destas moléculas pré-bióticas, aminoácidos e as bases de nucleotídeos, que perfazem o DNA.
“Realmente estamos começando a adquirir um senso sobre o tipo de química que uma atmosfera é capaz de desempenhar“, diz Sarah Hörst, uma aluna de ciência planetária da Universidade do Arizona, que liderou a pesquisa.
A sonda Cassini da NASA, foi a que detectou as grandes moléculas em altitudes de aproximadamente 960 km acima da superfície de Titã. Contudo, as moléculas ainda não foram identificadas, devido às limitações dos instrumentos da sonda. A equipe de pesquisa da Cassini replicaram a atmosfera de Titã em uma grande câmara, simulando as temperaturas presentes na atmosfera superior daquela lua. Para simular o papel da luz ultravioleta emitida pelo Sol que atinge Titã, a equipe usou energia de rádio à um nível de força comparável à lâmpadas de luz a uma modéstia intensidade. A luz UV é crítica, porque quebra as moléculas na atmosfera de Titã, tais como nitrogênio ou monóxido de carbono, deixando os átomos individuais escolherem os diferentes “parceiros” para formarem as novas moléculas.
O experimento produziu pequenas partículas de aerossol. A equipe passou as partículas por um espectrómetro de massa sensível, o qual revelou as fórmulas químicas das moléculas que constituíam o aerossol. Então, Hörst conferiu as fórmulas contra uma lista de moléculas biologicamente importantes para vida na Terra. Ela encontrou 18 delas, inclusive quatro nucleotídeos, cujas combinações formam a informação genética de um organismo, que é codificada em DNA. A presença de água para formar estas moléculas parece ser menos importante do que seria alguma forma de oxigênio na mistura dos ingredientes, ela concluiu.
Na Terra, o oxigênio que existia no início da pré-história existia na forma de dióxido e monóxido de carbono provenientes das atividades vulcânicas, bem como da água liberada pelo vulcanismo e através de impactos de meteoros e cometas. Em Titã, o oxigênio parece estar vindo de Enceladus, uma lua de Saturno coberta de gelo, proveniente dos géisers que o cospem para o espaço. Alguns pesquisadores acham que os géisers indicam que lá exista um possível oceano abaixo do gelo, e um habitat em potencial para vida.
No ano passado, pesquisadores mostraram como as moléculas de águas ejectadas dos géisers de Enceladus podem ser carregados para grandes distâncias através do sistema de Saturno, com algumas moléculas que carregam oxigênio podendo chegar até Titã.
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Fonte: dailygalaxy.com